Consulta periódica durante a gestação
permite identificar complicações precocemente, promover hábitos saudáveis e
preparar a gestante para um parto mais tranquilo
Segundo o Ministério da Saúde, as gestantes devem realizar pelo
menos seis consultas de pré-natal, seguindo as diretrizes da própria pasta e da
Organização Mundial da Saúde (OMS). Cada uma dessas consultas é fundamental
para monitorar o crescimento e bem-estar do bebê, avaliar fatores de risco,
detectar precocemente complicações, promover hábitos saudáveis, realizar exames
de rotina e cuidar da saúde física e emocional da gestante.
Entre
os principais exames realizados durante o pré-natal, estão a ultrassonografia
obstétrica, feita geralmente entre a 11ª e 13ª semanas para estimar a idade
gestacional e detectar anomalias iniciais, e entre a 20ª e 24ª semanas para
avaliação do desenvolvimento fetal, posição, volume de líquido amniótico e
placenta. Já a ecocardiografia fetal, realizada por volta da 28ª semana,
possibilita o diagnóstico intrauterino de malformações cardíacas e avaliação
cardíaca fetal.
Nos exames laboratoriais, destacam-se o hemograma completo (para
detectar anemia), testes treponêmicos para sífilis, sorologia para HIV,
hepatites B e C, toxoplasmose e rubéola, além do teste de glicemia de jejum ou
tolerância à glicose. São avaliados ainda o grupo sanguíneo, fator Rh e
anticorpos anti-Rh, entre outros.
“A OMS recomenda que mulheres com
sífilis realizem o tratamento durante a gestação. Isso permite reduzir a
transmissão para o bebê em até 98%. Já o uso de terapia
antirretroviral durante a gestação, para pacientes vivendo com HIV, pode diminuir a transmissão do HIV em até 99%”, ressalta a ginecologista-obstetra Camilla
Salmeron da unidade AME Mulher - Leonor Mendes de Barros, gerenciado pelo CEJAM
em parceria com a Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo.
Durante a gestação, os imunizantes exercem um papel crucial na
proteção contra doenças graves que podem afetar tanto a gestante quanto o
recém-nascido, como é o caso das vacinas dTpa (difteria, tétano e coqueluche) e
contra a influenza “A dTpa deve ser administrada entre a 20ª e a 32ª semana
de gestação para estimular a imunidade passiva ao bebê. A vacina contra a gripe
reduz o risco de complicações respiratórias, hospitalizações e óbitos maternos
e neonatais”, diz a médica.
O pré-natal contribui para o diagnóstico precoce de complicações
como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia, por meio do acompanhamento da
pressão arterial, exames clínicos e laboratoriais permitindo intervenções que
evitam partos prematuros, descolamento de placenta, insuficiência renal e
outras complicações graves com danos potenciais ao binômio.
Salmeron faz um alerta importante sobre sinais e sintomas que
devem ser informados ao obstetra, “Sinais de urgência como sangramento
vaginal, dor de cabeça intensa, visão turva, inchaço, dor abdominal forte, febre,
perda de líquido amniótico ou diminuição dos movimentos do bebê devem ser
comunicados imediatamente ao profissional de saúde.”
O cuidado com a
saúde emocional da gestante é parte importante do pré-natal. Avaliações
clínicas e instrumentos de triagem ajudam a identificar sintomas de depressão e
ansiedade. O que garante encaminhamentos adequados e suporte emocional durante
a gestação e o puerpério, visando reduzir riscos de transtornos emocionais e promovendo
o equilíbrio psicológico.
O apoio familiar é essencial para um resultado positivo durante
esse período, “A presença e o incentivo da família ajudam a gestante a
manter as consultas, seguir as orientações médicas e adotar hábitos saudáveis.
Isso fortalece o suporte emocional, o vínculo afetivo e o enfrentamento de
possíveis dificuldades. A participação ativa do parceiro(a) e da rede de apoio
cria um ambiente mais acolhedor, seguro e favorável ao desenvolvimento da
gestação”, destaca Camilla.
A médica explica que durante as consultas, a
gestante recebe orientações fundamentadas em evidências científicas, de acordo
com as recomendações da OMS e do Ministério da Saúde. Entre elas, destaca-se a
prática de atividades físicas moderadas, como caminhadas e alongamentos, por
pelo menos 150 minutos semanais (medida que ajuda a reduzir o risco de
complicações no parto e melhora o bem-estar psicológico). Também é reforçado a
importância do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida,
que pode reduzir em até 20% a mortalidade infantil, contribuindo para o
desenvolvimento neurológico e imunológico do bebê. A gestante ainda é orientada
sobre técnicas que facilitam a amamentação e o planejamento do parto,
considerando a evolução da gravidez e as condições de saúde do bebê.
De acordo com o Ministério da Saúde, um planejamento adequado do
parto pode reduzir em até 20% as complicações maternas e neonatais. Além disso,
contribui para respeitar a vontade da gestante sempre que possível, garantindo um
ambiente seguro e preparado para o nascimento.
Alinhado a essa diretriz, o Centro de Estudos e Pesquisas “Dr.
João Amorim” (CEJAM) possui a iniciativa Maternidade Segura Humanizada, um
conjunto de práticas que fortalecem o vínculo entre mãe e bebê, promovendo um
ambiente acolhedor e seguro. Essa abordagem está presente em 14 maternidades
com atuação da organização.
Os resultados da Maternidade Segura Humanizada são expressivos.
Somente em 2024, foram realizados mais de 38 mil partos, com uma taxa média de
94% de aleitamento materno na primeira hora de vida, um importante indicador de
qualidade no cuidado neonatal.
“Programas que promovem a humanização do atendimento, como o
acolhimento e o acompanhamento multiprofissional, são fundamentais para reduzir
desigualdades no acesso à saúde e melhorar os desfechos materno-infantis. As
diretrizes do SUS reforçam esse compromisso ao garantir um pré-natal universal,
equitativo e de qualidade,” afirma a médica do CEJAM.
Consulte as unidades que contam com a iniciativa Maternidade
Segura Humanizada no site.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
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