O dia 28 de maio carrega o
peso de uma realidade ainda crítica no Brasil: a mortalidade materna. Embora o
país tenha reduzindo de 120 para cerca de 55 mortes a cada 100 mil nascidos
vivos entre os anos 1990 e 2022, de acordo com a médica Larissa Volpini, membro
da diretoria da SOGIMIG (Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas
Gerais), cerca de 90% das mortes maternas são evitáveis. Os dados mostram o
quanto é preciso avançar, principalmente nas regiões com maior vulnerabilidade
social e menor acesso à saúde de qualidade.
Entre os principais motivos
que ainda levam mulheres à morte durante a gestação, parto ou pós-parto estão
as síndromes hipertensivas e as hemorragias, principalmente a hemorragia
pós-parto. “Essas duas causas se revezam no topo do ranking há anos. E o mais
preocupante é que ambas são tratáveis quando há diagnóstico precoce, equipe
capacitada e estrutura adequada”. Larissa ainda destaca três aspectos que
poderiam evitar essas mortes:
·
Atraso em buscar ajuda: muitas
vezes, a paciente ou o profissional da atenção primária não reconhece sinais de
alerta, o que adia a busca por atendimento.
·
Atraso em chegar ao serviço de saúde: problemas
geográficos, falta de transporte e estrutura dificultam o acesso físico à
assistência.
·
Atraso no atendimento adequado: mesmo ao
chegar a uma unidade de saúde, a mulher pode não receber o cuidado necessário
por falhas na capacitação da equipe ou pela ausência de recursos adequados.
Para enfrentar esse cenário,
Larissa defende ações em diferentes frentes: “É essencial investir na
capacitação das equipes, melhorar a comunicação entre os diferentes níveis de
atenção à saúde, garantir estrutura hospitalar adequada e fortalecer políticas
públicas que ampliem o acesso ao pré-natal de qualidade”.
Caminhos para o futuro
Recentemente, o Ministério da
Saúde lançou a Rede Alyne, uma estratégia nacional voltada à redução da
mortalidade materna, inspirada no caso de Alyne, uma jovem que faleceu no Rio
de Janeiro por falhas evitáveis no atendimento. A rede tem como objetivo
principal diminuir as desigualdades e garantir uma assistência mais segura,
integral e oportuna às mulheres.
“Cada morte precisa ser analisada com seriedade. É a partir dessa compreensão que podemos mudar realidades”, reforça Larissa.
Sogimig - Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais

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