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sábado, 10 de maio de 2025

"O sábio nada faz, e ainda assim tudo é feito"


(Reflexão sobre o Tao Te Ching)

   

Essa frase já me irritou muito.

Porque ela parece dizer o oposto do que me ensinaram a vida inteira: que é preciso fazer, correr, resolver, controlar. Que se você não estiver puxando as rédeas, tudo desmorona.

E então vem esse Tao milenar, com seu ar enigmático, e solta essa: o sábio nada faz, e ainda assim tudo é feito.

Como assim?
Faz nada?
E os boletão pra pagar?
E os filhos, os projetos, a bagunça da vida?

Mas aí, num dia qualquer, depois de bater a cabeça mais uma vez na parede do controle, essa frase começa a fazer sentido.
E não como alívio — mas como desmonte.

Porque você percebe que fazer tudo não é o mesmo que realizar.
E que a ação que mais pesa nem sempre é a que mais transforma.

O sábio não é inerte.
Ele só não interfere no fluxo daquilo que já está em movimento natural.

Ele observa.
Sente.
Age quando é hora.
Mas, acima de tudo, não atrapalha.

Não empurra rio.
Não força flor a abrir antes da hora.
Não tenta transformar cada pequeno desconforto em tarefa, projeto, plano de ação.

Ele não faz... no sentido de fabricar o inevitável.

E ainda assim... tudo acontece.

O que o Tao chama de “não fazer” não é passividade.
É confiança.

Confiança de que há uma inteligência maior do que o seu esforço.
Confiança de que o mundo não depende da sua hiperatividade para continuar girando.
Confiança de que algumas coisas se resolvem melhor quando você sai da frente.

É um fazer que não vem do medo.
É um fazer sem tensão.
Sem prova.
Sem luta contra o que é.

E isso é o mais difícil de aprender.

Porque a gente cresceu acreditando que descansar é fracassar.
Que se você não estiver se esforçando até quase quebrar, então não está fazendo o suficiente.
E, por dentro, uma voz sussurra:
se eu parar, tudo desmorona.

Mas o sábio... para.
E observa.
E espera.
E age apenas no exato momento em que o mundo pede sua ação — nem antes, nem depois.

Essa é a diferença.

Enquanto o tolo age por desespero, o sábio age por alinhamento.
Enquanto o mundo grita “faça mais!”, ele pergunta: isso precisa mesmo ser feito agora? Por mim? Desse jeito?

E muitas vezes, a resposta é não.
E ele deixa passar.

E o mundo, veja só...
continua se fazendo.

Talvez essa frase do Tao não seja um mandamento, mas um lembrete.

De que a vida tem um ritmo que não depende da nossa pressa.
De que nem tudo precisa de controle.
E de que o nosso valor não está na quantidade de coisas que fazemos — mas na qualidade da presença que colocamos em cada coisa.

O sábio não se ausenta do mundo.
Ele só não briga com ele.

E nesse “não fazer”, há uma ação mais profunda acontecendo:
a de deixar a vida fazer o que ela sabe fazer —
sem a nossa interferência neurótica, sem a nossa ansiedade de provar algo, sem o nosso medo de não ser suficiente.

Talvez o “nada fazer” seja, no fim,
o ato mais difícil e mais revolucionário de todos.

Porque ele exige fé.
E presença.
E coragem de confiar que a vida se move — mesmo quando você não empurra.

Agora me diz, com sinceridade:
o que você tem feito que, na verdade, só está atrapalhando?

Eita.

 

 

Com amor,
Paula 
 

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