(Reflexão sobre o Tao Te Ching)
Essa frase já me irritou muito.
Porque ela parece dizer o oposto do que
me ensinaram a vida inteira: que é preciso fazer, correr, resolver, controlar.
Que se você não estiver puxando as rédeas, tudo desmorona.
E então vem esse Tao milenar, com seu
ar enigmático, e solta essa: o sábio nada faz, e ainda assim tudo é feito.
Como assim?
Faz nada?
E os boletão pra pagar?
E os filhos, os projetos, a bagunça da vida?
Mas aí, num dia qualquer, depois de
bater a cabeça mais uma vez na parede do controle, essa frase começa a fazer
sentido.
E não como alívio — mas como desmonte.
Porque você percebe que fazer tudo
não é o mesmo que realizar.
E que a ação que mais pesa nem sempre é a que mais transforma.
O sábio não é inerte.
Ele só não interfere no fluxo daquilo que já está em movimento natural.
Ele observa.
Sente.
Age quando é hora.
Mas, acima de tudo, não atrapalha.
Não empurra rio.
Não força flor a abrir antes da hora.
Não tenta transformar cada pequeno desconforto em tarefa, projeto, plano de
ação.
Ele não faz... no sentido de fabricar
o inevitável.
E ainda assim... tudo acontece.
O que o Tao chama de “não fazer” não é
passividade.
É confiança.
Confiança de que há uma inteligência
maior do que o seu esforço.
Confiança de que o mundo não depende da sua hiperatividade para continuar girando.
Confiança de que algumas coisas se resolvem melhor quando você sai da frente.
É um fazer que não vem do medo.
É um fazer sem tensão.
Sem prova.
Sem luta contra o que é.
E isso é o mais difícil de aprender.
Porque a gente cresceu acreditando que descansar
é fracassar.
Que se você não estiver se esforçando até quase quebrar, então não está fazendo
o suficiente.
E, por dentro, uma voz sussurra:
se eu parar, tudo desmorona.
Mas o sábio... para.
E observa.
E espera.
E age apenas no exato momento em que o mundo pede sua ação — nem antes, nem
depois.
Essa é a diferença.
Enquanto o tolo age por desespero, o
sábio age por alinhamento.
Enquanto o mundo grita “faça mais!”, ele pergunta: isso precisa mesmo ser
feito agora? Por mim? Desse jeito?
E muitas vezes, a resposta é não.
E ele deixa passar.
E o mundo, veja só...
continua se fazendo.
Talvez essa frase do Tao não seja um
mandamento, mas um lembrete.
De que a vida tem um ritmo que não
depende da nossa pressa.
De que nem tudo precisa de controle.
E de que o nosso valor não está na quantidade de coisas que fazemos — mas na
qualidade da presença que colocamos em cada coisa.
O sábio não se ausenta do mundo.
Ele só não briga com ele.
E nesse “não fazer”, há uma ação mais
profunda acontecendo:
a de deixar a vida fazer o que ela sabe fazer —
sem a nossa interferência neurótica, sem a nossa ansiedade de provar algo, sem
o nosso medo de não ser suficiente.
Talvez o “nada fazer” seja, no fim,
o ato mais difícil e mais revolucionário de todos.
Porque ele exige fé.
E presença.
E coragem de confiar que a vida se move — mesmo quando você não empurra.
Agora me diz, com sinceridade:
o que você tem feito que, na verdade, só está atrapalhando?
Eita.
Com amor,
Paula
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