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segunda-feira, 26 de maio de 2025

No Dia Mundial Sem Tabaco, especialista alerta para a epidemia silenciosa dos vapes entre jovens

Entre 2018 e 2023, o Brasil registrou um aumento de 600% no número de fumantes de cigarros eletrônicos, conhecidos como vapes, de acordo com dados do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica). No Dia Mundial Sem Tabaco (31 de maio), a pneumologista do Hospital Sírio-Libanês, Elnara Negri, destaca que o uso desses dispositivos entre adolescentes está se tornando uma epidemia silenciosa.

“Estamos diante de uma geração que está sendo fisgada precocemente pela nicotina, muitas vezes sem perceber o risco”, alerta a médica. Disfarçados em sabores adocicados e design colorido, os vapes contêm substâncias altamente viciantes e tóxicas, como metais pesados e compostos químicos que podem causar danos pulmonares e cerebrais permanentes. De acordo com a médica, o sal de nicotina presente nesses dispositivos tem absorção até dez vezes mais rápida que a nicotina comum, o que acelera o vício.

Apesar da proibição vigente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), como os cigarros eletrônicos, o consumo desses produtos segue em crescimento. De acordo com Guilherme Harada, médico oncologista do Hospital Sírio-Libanês, a regulamentação já existe no Brasil por meio da proibição, mas ela precisa ser acompanhada de ações efetivas de fiscalização, especialmente nos pontos de venda físicos e online. “A ausência de controle sobre o comércio ilegal desses dispositivos favorece o acesso por adolescentes e jovens, o que representa um grave retrocesso nas políticas de controle do tabagismo”, diz Harada.

O especialista também alerta para os riscos muitas vezes subestimados pelos usuários: “Há uma falsa percepção de que os vapes são inofensivos ou menos prejudiciais que o cigarro tradicional, o que não é verdade. Estamos lidando com dispositivos altamente viciantes e prejudiciais à saúde.”

Enquanto países como Austrália, Alemanha e França já adotaram medidas rigorosas para restringir ou regulamentar o uso de cigarros eletrônicos, o Brasil enfrenta o desafio de implementar mecanismos de fiscalização que garantam o cumprimento da proibição vigente. “O Dia Mundial Sem Tabaco precisa ser um marco de conscientização não só sobre os malefícios do cigarro, mas sobre a necessidade urgente de proteger nossos jovens dessa nova armadilha da indústria do tabaco”, conclui Elnara.


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