Toda contratação, seja ela nova ou uma reposição, parte de uma premissa muito importante: os entregáveis esperados do futuro profissional. Porém, em recrutamentos para posições não óbvias, ou seja, não tão usuais do mercado, há um desafio maior em identificar o talento ideal para ocupar essa cadeira – cuja solução estará associada não apenas a um mapeamento e reflexão sobre o momento atual da empresa, como também uma lente muito mais aprofundada sobre como ela se vê no futuro, para que consigam identificar quem estará mais alinhado para construir essa trajetória junto.
O cenário enfrentado pelos profissionais do ramo
está, de fato, complexo. Segundo uma pesquisa do LinkedIn, 72% dos RHs afirmam
que contratar colaboradores ficou mais desafiador no último ano, tendo
dificuldades em encontrar a qualidade adequada dentre um alto volume de
candidaturas. Apesar de toda empresa lidar com dores parecidas e cíclicas, quando
analisamos o recrutamento de posições não óbvias, é preciso sair ainda mais da
caixa para obter a máxima assertividade nesta contratação.
O ponto de partida para qualquer recrutamento é
entender o momento atual da empresa e onde ela deseja chegar. Que tipos de
problema está enfrentando hoje? Quais habilidades (técnicas e comportamentais)
o futuro profissional precisa ter para preencher essas lacunas? Quais desafios
poderão ser encontrados e como pretendem superá-los? As respostas desses
questionamentos fornecerão uma leitura muito mais aprofundada sobre a realidade
e expectativas do negócio, materializando esses aspectos na posição não óbvia.
Quais responsabilidades essa cadeira deverá
assumir? Que tipo de mecanismos este profissional precisará construir para
atingir as expectativas corporativas? Tenha clareza do que espera com essa
contratação sob todas as perspectivas profissionais, buscando esse talento em
ambientes que já demandaram – ou estão, atualmente, demandando – essas mesmas
habilidades e comportamentos.
Pense, por exemplo, em empresas que tenham a
transformação digital como algo latente em sua cultura. Quais negócios já
priorizaram esse investimento há alguns anos? Quais, hoje, realizam essas
transformações mais profundas, com uma melhor gestão de recursos? Quem assumiu
a frente dessa tarefa e como comandaram tudo isso? Muito provavelmente, os
responsáveis por essas estratégias também podem trazer resultados
significativos para a sua empresa.
Normalmente, esses processos seletivos não óbvios
são cocriados entre a empresa e o profissional. Afinal, não é algo que já se
tenha uma ampla experiência e conhecimento, e as partes deverão aprender juntas
quais passos dar para que compreendam como prosseguir para conquistar os
objetivos esperados. Um projeto que brilhará os olhos deste talento para que
aceite a oportunidade e se empenhe a desbravar esses caminhos.
Recrutar para uma posição não óbvia não precisa ser
uma dor de cabeça, uma vez que, com um bom planejamento, pode elevar as chances
de contratação de um profissional excepcional que se engaje neste propósito.
Porém, de nada adiantará construir este processo se os responsáveis por essa
seleção não tiverem uma lente muito bem ajustada neste mesmo propósito.
Você, gestor ou líder, reflita: qual a sua visão sobre este tema? Está de acordo e compreende a importância deste olhar abrangente para um recrutamento assertivo? Avalie quão calibrada está sua lente para o futuro, se não, dificilmente este processo terá êxito para alavancar a empresa a um patamar diferenciado frente a seus concorrentes.
Thiago Xavier - headhunter e sócio da Wide Executive Search, boutique de recrutamento de executivos.
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