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O Brasil é modelo de sucesso de treinamento e
preparação de cirurgiões de mama em técnicas oncoplásticas. É o que revela um
estudo realizado entre os mastologistas afiliados da Sociedade Brasileira de
Mastologia (SBM) e publicado recentemente na Annals of Surgical Oncology (ASO).
“Metade dos mastologistas brasileiros realiza cirurgia oncoplástica”, afirma o coordenador
da pesquisa, o mastologista Francisco Pimentel, presidente da Comissão de
Título de Especialista em Mastologia da SBM. “Este é um dado muito importante,
pois acredito que não haja um nível de domínio tão alto em outros lugares do
mundo”, completa.
O artigo “National survey on attitudes of brazilian breast
surgeons regarding oncoplastic surgery: Success of a training model”,
publicado pela ASO, revista científica oficial da Sociedade Americana de
Cirúrgica Oncológica e da Sociedade Americana de Cirurgiões de Mama, traz um
levantamento realizado entre julho e dezembro de 2023, envolvendo 1.759 membros
da Sociedade Brasileira de Mastologia.
“Enviamos a todos os membros da SBM um questionário
e, do total de 1.759 associados, 1.059 responderam que realizaram cirurgias
oncoplásticas”, destaca Pimentel. Antes do levantamento publicado na revista
norte-americana, diz o mastologista, não se sabia quantos cirurgiões de mama se
especializaram também em técnicas oncoplásticas no País. “Isso nos levou à conclusão
de que 50%, ou seja, metade dos especialistas, une a cirurgia oncológica à
reconstrução da mama, seja ela total ou parcial.”
Definida como uma cirurgia reparadora que pode ser
indicada após uma cirurgia oncológica da mama, a oncoplastia, ou cirurgia oncoplástica,
inclui técnicas de reparação mamária, parcial ou total, associadas ao
tratamento oncológico para reconstruir ou reparar mamas operadas devido ao
câncer.
Estudos feitos em vários países avaliaram o
interesse e o uso da oncoplastia. Em estudo também publicado previamente na Annals of
Surgical Oncology, a Sociedade Americana de Cirurgiões de Mama
constatou que apenas 10% de seus membros realizam mamoplastia redutora ou
simetrização contralateral. Levantamento canadense revelou resultados
semelhantes. Na Turquia, onde a taxa de procedimentos oncoplásticos é baixa,
mais de 50% dos entrevistados avaliaram que o procedimento deveria ser feito
pelo cirurgião da mama.
O perfil revelado no estudo coordenado pelo
mastologista da SBM indica que a cirurgia oncoplástica é realizada no Brasil,
predominantemente, por médicos jovens, com menos de 40 anos de idade, com
título de especialista em doenças da mama, formação primária em cirurgia geral
e, secundariamente, em cirurgia da mama, além de ter um maior volume cirúrgico,
mais de 100 cirurgias ao ano, constata o levantamento.
O estudo, segundo Francisco Pimentel, destaca uma
mudança importante nas atitudes dos cirurgiões mamários brasileiros. Dos
entrevistados que realizaram cirurgia oncoplástica, a grande maioria relatou
utilizar técnicas como mamoplastia terapêutica (96,4%) e reconstrução com
implantes ou expansores de tecido (93,6%).
Os principais modelos de treinamento utilizados
pelos respondentes da pesquisa da SBM foram cursos práticos (36,5%), fellowships
(21,4%) e programas de residência médica (32,9%).
A cirurgia oncoplástica foi proposta pela primeira
vez na década de 1990. Historicamente, a reconstrução mamária era realizada por
cirurgiões plásticos. “No passado, o mastologista fazia a cirurgia de retirada
do tumor (cirurgia oncológica) e o cirurgião plástico, a cirurgia da
reparação”, diz Pimentel.
Desde 2008, no entanto, a SBM compreendeu a
necessidade dos mastologistas e das pacientes, e implementou diversas
iniciativas para treinar seus cirurgiões, tanto os mais experientes quanto os
mais jovens. “A SBM estimulou cursos hands on, coadministrando formações
como por exemplo em Goiânia (GO), Jaú (SP) e Salvador (BA). Desde então, muitos
cirurgiões vêm sendo preparados para realizar os procedimentos oncoplásticos.
Durante e após o curso, os alunos fazem cirurgias em suas cidades e hospitais
de origem e isso tem um impacto social muito grande porque amplia o acesso à
reconstrução mamária em locais onde não há equipes multidisciplinares
treinadas”, enfatiza o mastologista.
Para Francisco Pimentel, é fundamental manter o
estímulo educacional e aprimorar essas ações no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Com isso, poderemos aumentar a taxa de cirurgias conservadoras e reconstruções
imediatas, melhorando os resultados estéticos e sendo um indicador de qualidade
para os serviços de oncologia”, conclui o especialista da SBM.

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