O atual cenário exigente do mercado de trabalho
requer profissionais com um grande repertório de habilidades. Os sistemas que
avaliam o desempenho das pessoas procuram habilidades além-técnicas,
competências plurais que agregam valor à corporação. O novo tempo não é
favorável para quem apresenta capacidade operacional limitada a uma função. É
necessária uma capacidade superior de solucionar problemas e se adaptar a novas
situações, com uso da inteligência humana em três níveis: técnico, emocional e
espiritual.
O conceito de Liderança Disposicional é o que
melhor se adapta a essas exigências: não é uma questão de cargo ou posição
hierárquica, mas de disposição para gerenciar o próprio desempenho. O líder
disposicional se desafia para encontrar respostas para os problemas seus e dos
que lhe cercam, oferecendo soluções inteligentes e adaptáveis, que favoreçam o
crescimento coletivo.
Os três níveis de inteligência, quando conjugados,
geram excelência. O problema é que muitos desconhecem as faculdades de cada uma
destas inteligências, principalmente as que se referem à inteligência espiritual.
A inteligência técnica é a que mede o desempenho das pessoas quando desafiadas
a lidar com coisas ou com situações que exigem habilidades laborosas. A
inteligência emocional, difundida por Daniel Goleman, representou uma revolução
importante nos processos avaliativos, ao verificar o quanto uma pessoa consegue
lidar com conflitos, relacionamentos, comportamento, atitudes etc. Já a
inteligência espiritual, defendida por Danah Zohar, tornou-se uma necessidade
premente dos dias atuais.
A inteligência espiritual foi pouco difundida por
conta dos preconceitos religiosos e a confusão que as pessoas fizeram do termo.
Mas espiritualidade não é religiosidade. Algumas organizações passaram a
contratar profissionais para atuar internamente, desenvolvendo valores e
princípios alinhados à cultura organizacional, pois reconheceram que a
produtividade aumenta seguramente quando o profissional tem ciência do
propósito institucional, compreende o sentido do que está fazendo e sabe que
está contribuindo com algo maior. No Brasil, por exemplo, algumas organizações
começaram a contratar Gerentes de Felicidade para atuarem internamente,
desenvolvendo técnicas e usando metodologias que promovem a conjugação das
inteligências, inclusive a espiritual.
Os colaboradores que atuam com as inteligências
conjugadas nunca se limitam a ser meros operadores. Eles são proativos,
atenciosos, confiáveis, persistentes, comprometidos, felizes, inspiradores e
engajados. Lidam bem com pressão e são resilientes. Acima de tudo, são
criativos e capazes de oferecer sugestões excelentes para o bem de todos.
Alcançar essa maturidade não é uma questão de
talento, mas sim, de esforço. Primeiro, a pessoa precisa gerenciar seu
conhecimento. O que ela sabe pode ser aperfeiçoado, mas isso depende do quanto
está disposta a buscar informações e transformá-las em atitudes.
Além do conhecimento, dois outros elementos são
necessários para a conjugação das inteligências: o entendimento e a sabedoria.
Entendimento é a capacidade de julgar as consequências dos atos, de tal modo que
o profissional passa a avaliar com mais responsabilidade suas ações, não
corrompe os processos, é diligente e comprometido com o compliance da
organização. Sabedoria é o elemento que imprime a espiritualidade. Neste
sentido, o profissional está mais preocupado com o propósito, com a
sustentabilidade, com o senso de integralidade e com os impactos sociais.
Os tempos desafiadores – o presente e o futuro –
precisam de pessoas completas, integrais, que interpretam os desafios diante de
si e se antecipam para os possíveis problemas que poderão emergir. Esta
qualificação tem que ser conduzida pela própria pessoa e não por sistemas
externos. A tecnologia, o acesso à informação e o conhecimento estão
disponíveis; todos podem melhorar seu desempenho, desde que sejam
disposicionais e enérgicas.
Aécio Ribeiro Filho - especialista em liderança, professor, mentor de líderes e autor do livro “Liderança Disposicional”
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