Tocofobia é o medo
intenso de engravidar ou do parto. Saiba o que é, quais os sintomas e como
buscar ajuda
Para algumas mulheres, o simples pensamento em uma gravidez
pode desencadear crises de ansiedade, pânico ou até paralisar decisões
importantes da vida. O nome disso é tocofobia: o medo intenso e persistente de
engravidar ou de passar por um parto. A condição é reconhecida como um
transtorno mental, mas ainda é pouco falada — e menos ainda diagnosticada.
Segundo a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo,
fundadora do Instituto MaterOnline, a tocofobia vai muito além do medo comum. “A
tocofobia é um medo tão intenso que muitas mulheres nem conseguem cogitar uma gravidez,
justamente porque sabem que isso implicaria passar por um parto”,
explica.
Quando o medo paralisa a vida
Mulheres com tocofobia costumam evitar relações
sexuais, desconfiar de métodos contraceptivos, tomar pílula do dia seguinte de
forma recorrente ou até sofrer crises ao menor sinal de atraso menstrual. “A
ansiedade pode ser tão alta que a mulher entra em sofrimento real. E isso afeta
não só a gravidez, mas a vida como um todo”, afirma Rafaela.
Ela destaca que, em casos mais graves, o parto
normal pode se tornar um gatilho psicológico tão forte que há indicação médica
para cesárea. “Se o obstetra insistir no parto normal, isso pode trazer complicações
psicológicas para ela, inclusive no pós-parto. O psicólogo perinatal consegue
discutir com esse profissional e indicar uma cesárea, quando necessário”.
O que causa a tocofobia?
A origem do transtorno pode estar ligada a traumas
anteriores, experiências negativas com partos, relatos familiares ou
simplesmente ao medo da dor e das mudanças físicas e emocionais provocadas pela
gestação. Para Rafaela, o problema muitas vezes é silencioso, pois muitas
mulheres têm vergonha de assumir que não querem engravidar.
“Existe uma cobrança social.
As pessoas acreditam que toda mulher vai se realizar sendo mãe. Então quem tem
esse medo se sente errada ou em dívida com a sociedade”, explica.
É possível tratar?
Sim — e o primeiro passo é reconhecer que o medo
existe e não é frescura. “O problema não está na ansiedade leve ou
moderada, mas na alta ansiedade. E isso precisa de intervenção especializada”,
diz Rafaela.
O tratamento mais indicado é o acompanhamento com
um psicólogo perinatal, profissional capacitado para lidar com transtornos
emocionais relacionados à gestação, parto e pós-parto. “Psicólogos
em geral nem sempre conhecem as particularidades desse período. Por isso, é
importante procurar quem tem formação específica, para evitar que o quadro se
agrave ou seja tratado de forma inadequada”.
A especialista também recomenda técnicas de
respiração e relaxamento, práticas de autocuidado, alimentação equilibrada e
redes de apoio seguras.
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