Pesquisa revela
que a tendência genética ao comportamento sedentário pode elevar em até 20% o
risco de doenças cardiovasculares, destacando a importância de intervenções
voltadas à promoção da atividade física
À medida que se aproxima o Dia Nacional de
Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, em 26 de abril, um novo estudo da
Universidade de Jyväskylä, na Finlândia, chama a atenção para um fator pouco
discutido: a predisposição genética ao sedentarismo.
A pesquisa revela que essa tendência hereditária
pode aumentar em até 20% o risco do desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, incluindo a própria hipertensão arterial — uma das maiores
causas de morte evitável no mundo1.
Publicado no British Journal of Sports Medicine, o
estudo utilizou dados genômicos de cerca de 330 mil finlandeses do projeto
FinnGen. Liderados pela pós-doutora Laura Joensuu, os pesquisadores analisaram
a relação entre fatores hereditários relacionados ao sedentarismo e a
incidência de diversas doenças cardiovasculares, como hipertensão e infarto.
“O risco genético pode, muitas vezes, ser ainda
mais relevante do que os fatores ambientais, como hábitos e alimentação. Mas é
fundamental que as pessoas entendam que no geral: genética não é sentença. Ter
uma predisposição não significa que o desfecho é inevitável. O acompanhamento
com profissionais de saúde e a adoção de hábitos saudáveis podem modificar esse
cenário e superar a influência genética”, enfatiza Ricardo Di Lazzaro, médico e
doutor em genética pela USP, cofundador de Genera e responsável pela vertical
de genômica pessoal de Dasa Genômica.
Indivíduos com maior propensão genética ao
sedentarismo acumulam, em média, 30 minutos a mais de inatividade física por
dia, aponta a pesquisa. Raffael Fraga, cardiologista e coordenador do check-up
esportivo do Alta Diagnósticos alerta: “É essencial que as pessoas busquem se
manter ativas, mesmo que sintam falta de energia.”
Tecnologia a favor do
diagnóstico e da prevenção
Enquanto os estudos genéticos identificam riscos
potenciais, a tecnologia médica avança para oferecer soluções mais precisas e
acessíveis. Desde algoritmos de inteligência artificial capazes de detectar
automaticamente doenças cardíacas em tomografias de tórax, até exames genéticos
que identificam predisposição ao risco de desenvolvimento de problemas coronários.
“A utilização da inteligência artificial no exame score de cálcio traz um
avanço significativo na cardiologia preventiva. A capacidade de identificar
automaticamente o acúmulo de cálcio nas artérias coronárias e na valva aórtica
permite um diagnóstico precoce e mais preciso de doenças cardíacas, pois
detecta sinais de alerta em pacientes que realizam tomografias por outros
motivos, contribuindo para melhores desfechos clínicos e qualidade de vida dos
pacientes", afirma Dra. Fernanda Erthal, cardiologista da CDPI.
O Superintendente Médico de Inovação, Pesquisa e
Educação da Dasa, Victor Gadelha, explica que as tomografias comuns para medir
o score de cálcio requerem uma sincronização do aparelho com os batimentos
cardíacos para gerar as imagens com nitidez. “Esse procedimento pode ser
demorado e precisa de uma preparação do paciente para diminuir a frequência
cardíaca. O laudo também costuma ser mais complexo. Já no exame com IA, essa
identificação é feita automaticamente. A ferramenta permite identificar
condições graves, como a estenose aórtica, com maior agilidade — um fator
essencial para o tratamento precoce.”
Além das inovações em exames de imagem, os testes
genéticos têm ganhado espaço como aliados na prevenção. Eles ajudam a mapear
tendências genéticas para o sedentarismo, hipertensão e outras doenças
cardiovasculares, permitindo que cada indivíduo tome decisões mais informadas
sobre seus hábitos de saúde.
Um desafio global
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca
de 17,9 milhões de pessoas morrem todos os anos por doenças cardiovasculares.
No Brasil, essas condições lideram o ranking de mortalidade: entre janeiro e
setembro de 2024, foram registradas 237.213 mortes2.
As pesquisas da Universidade de Jyväskylä, somadas
aos avanços tecnológicos promovidos por instituições como a Dasa, reforçam a
importância de entender a interação entre genética, comportamento e saúde do
coração. A integração entre ciência, tecnologia e mudança de estilo de vida é
mais do que necessária. Manter-se ativo e informado pode ser umas das chaves
para uma vida mais longa e saudável.
- BRITISH
JOURNAL OF SPORTS MEDICINE. Disponível em: https://bjsm.bmj.com/content/early/2025/03/26/bjsports-2024-109491.
Acesso em: 22 abr. 2025.
- ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE. Doenças cardiovasculares (DCVs). Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/cardiovascular-diseases-(cvds).
Acesso em: 22 abr. 2025.
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