A busca por um futuro sustentável impulsiona governos e empresas ao redor do mundo a adotarem estratégias de Net Zero, conceito que prevê zerar, na prática, as emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEE). Para isso, é preciso reduzir drasticamente as emissões e investir em ações para remover carbono da atmosfera, seja por métodos naturais, como reflorestamento, ou tecnológicos, como captura e armazenamento de carbono.
O objetivo é evitar que o planeta aqueça mais do que 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, limite estabelecido pelo Acordo de Paris para minimizar os impactos das mudanças climáticas. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ultrapassar essa marca pode intensificar eventos climáticos extremos, como ondas de calor, enchentes e secas severas.
No entanto, apesar do crescimento das iniciativas em torno do Net
Zero, ainda há muitos desafios pela frente. Um estudo recente da PwC revela que
apenas 25% das empresas brasileiras estabeleceram metas concretas para zerar
emissões, índice ainda modesto, mas superior à média global de 19%. No setor de
energia e utilidades públicas, o percentual sobe para 34%, indicando maior
conscientização nesse segmento.
Outro levantamento, realizado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a consultoria Oliver Wyman, aponta que o Brasil precisará investir cerca de R$ 1 trilhão até 2030 para concretizar a transição rumo a uma economia de baixo carbono. Este montante deve contemplar investimentos em infraestrutura sustentável, fontes renováveis de energia e tecnologias avançadas para captura e armazenamento de carbono.
Para Fernando Beltrame, CEO da Eccaplan e especialista reconhecido em Net Zero e mercado de crédito de carbono, com ampla experiência em sustentabilidade e economia verde, a jornada rumo ao Net Zero exige um esforço conjunto e coordenado entre empresas, governos e sociedade civil. "O Net Zero não é apenas sobre compensar emissões adquirindo créditos de carbono, mas principalmente sobre reduzir ao máximo a pegada de carbono das organizações. Isso passa por melhorias na eficiência energética, mudanças profundas na matriz energética e processos produtivos mais sustentáveis e inovadores", explica o especialista.
O mercado de crédito de carbono é uma das ferramentas estratégicas que empresas têm utilizado para alcançar metas de neutralidade. Com a recente aprovação da Lei nº 15.042/2024, sancionada em 12 de dezembro de 2024, o Brasil criou oficialmente o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). A regulamentação do mercado nacional de carbono, prevista na nova legislação, busca garantir mais transparência, credibilidade e eficiência ao setor.
Beltrame ressalta ainda que o uso dos créditos precisa ser criterioso e responsável. "Os créditos de carbono são fundamentais, porém jamais devem servir como justificativa para que empresas mantenham práticas poluentes. É essencial demonstrar um esforço real e mensurável na redução das emissões antes de recorrer à compensação", enfatiza.
Com investimentos robustos e uma regulamentação clara, o Brasil tem potencial para se destacar internacionalmente na transição para uma economia sustentável e de baixo carbono. Contudo, Fernando Beltrame alerta que o tempo disponível é curto, exigindo ações mais ambiciosas e imediatas para que a meta de atingir o Net Zero até 2050 seja cumprida.
Eccaplan Consultoria em Sustentabilidade
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