Tamanho pequeno, impacto gigante. Essa
frase descreve bem o cigarro, que apesar do tamanho reduzido, tem o potencial
de provocar diversos problemas de saúde.
Segundo dados do Hospital do Coração
(HCor), o tabaco está associado a 30% das mortes por câncer no país, sendo mais
de 90% no pulmão. De acordo com os dados da Vigitel do Ministério de Saúde, o
percentual de fumantes com 18 anos ou mais no Brasil é de 9,1%.
Além do número de fumantes no país, a
quantidade de cigarros consumidos por dia também chama a atenção. O
levantamento revelou que 39% dos fumantes brasileiros consomem 11 ou mais
cigarros por dia, sendo que 17% fumam todos os dias.
Além de câncer, o tabagismo pode
provocar infarto, derrame e está até mesmo relacionado com doenças vasculares.
O cirurgião vascular e angiologista
Fábio Rocha explica sobre os efeitos do cigarro no nosso corpo e o porquê de
abandonar o hábito de fumar é tão importante para a saúde.
Substâncias do cigarro
O hábito de fumar é reconhecido como
uma doença epidêmica que provoca dependência química e psicológica, semelhante
ao uso de outras drogas, como: álcool, cocaína e heroína.
“A dependência obriga os fumantes a
inalarem mais de 4.750 substâncias tóxicas. Entre elas estão monóxido de
carbono, amônia, cetonas, além de 43 substâncias cancerígenas (arsênio, níquel,
chumbo e composições radioativas) e a nicotina, que provoca a dependência”,
explica Fábio Rocha.
Com o tempo, o acúmulo desses produtos
causa sérios danos aos mais diferentes órgãos. Ao contrário do que muitos
pensam, apenas diminuir a quantidade de cigarros não funciona.
“A substância benzeno, por exemplo, é
abundante no cigarro e provoca câncer. Ela leva mais de 32 horas para sair
completamente do corpo humano, ou seja, se você fuma um cigarro por dia, esse
veneno ficará de forma constante no seu organismo”, orienta o cirurgião
vascular.
O que o cigarro faz nas artérias?
O médico explica que a nicotina, além
de deixar o cigarro viciante, tem efeitos poderosos nas artérias do corpo. Por
ser estimulante, ela aumenta a aceleração do coração em cerca de 20 batidas por
minuto.
“Ela provoca o aumento da pressão
arterial e é um vasoconstritor. Isso significa que também torna as artérias do
corpo menores, fazendo com que a circulação do sangue fique comprometida”, diz
Fábio Rocha.
O cirurgião vascular ressalta ainda que
fumar também acelera o processo de aterosclerose, provocando o endurecimento e
estreitamento das artérias. “O processo de formação de coágulos sanguíneos
começa de forma prematura, trazendo riscos para a saúde.”
Outro impacto de fumar é o aumento dos
níveis de colesterol “ruim”, acumulando nas artérias. Isso provoca o aumento do
risco de infarto, derrame e amputação de membros.
Tanto a placa de gordura quanto os
coágulos podem bloquear o suprimento de sangue para diversas regiões do corpo,
levando à morte de células e tecidos.
Doença Arterial Periférica (DAP)
A Doença Arterial Periférica (DAP) tem
como principal característica o entupimento das artérias que levam o sangue
para todos os membros, tanto os inferiores quanto os superiores.
“A nicotina presente no cigarro pode
provocar essa condição. Neste caso, o paciente passa a ter dor nas pernas ao
caminhar, além de não ter sucesso no tratamento se o hábito de fumar não for
interrompido”, conta o médico.
Efeitos no cérebro
O cigarro aumenta o risco de AVC
(Acidente Vascular Cerebral) por estreitar as próprias artérias do cérebro.
Além disso, o cérebro pode ficar sem sangue por uma obstrução causada por uma
placa de gordura ou um coágulo, causando a morte de neurônios.
“Caso esse tipo de situação ocorra, o
paciente pode perder a capacidade de falar, andar e até se movimentar
normalmente”, completa Fábio Rocha.
Estudos mostram que o cigarro aumenta a
possibilidade de aneurisma em fumantes. Quando os vasos dilatados se rompem
pode ocorrer hemorragia interna que pode ser fatal para o paciente.
Benefícios de parar de fumar
O médico revela que largar o vício do
cigarro pode ser uma tarefa difícil no início, mas pode trazer diversos
benefícios para a saúde ao longo dos anos. “Nas três primeiras semanas sem
fumar nenhum tipo de cigarro há uma grande melhora na circulação sanguínea,
nível de oxigenação e estabilização de pulsação”.
Já depois de 12 meses, o paciente melhora
em outros sintomas, como: tosse seca, congestão nasal, falta de ar e rouquidão
causados pelo cigarro. A função pulmonar também apresenta recuperação.
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