O uso de esteroides anabolizantes, associado à prática de treinos intensos, tem se tornado uma tendência preocupante entre homens em busca de um “corpo ideal”. No entanto, essa combinação pode trazer consequências graves para a saúde do coração, com impactos que vão desde arritmias até insuficiência cardíaca e morte súbita, é o que explica o Dr. Ricardo Ferreira, especialista em Estimulação Cardíaca Artificial e Arritmia Clínica e Invasiva.
“O uso de anabolizantes tem uma relação direta com
o aumento de condições como hipertensão, arritmias e insuficiência cardíaca.
Essas substâncias podem agravar condições prévias ou até mesmo antecipar
problemas cardíacos em pacientes jovens, principalmente homens. Além disso,
cargas excessivas de treinamento, sem preparo muscular e metabólico adequados,
podem causar alterações cardiológicas como hipertrofia do coração, restringindo
o fluxo de sangue e levando à insuficiência cardíaca irreversível com o tempo”,
explica Dr. Ricardo Ferreira.
De acordo com a Federação Mundial de Cardiologia, o
uso dessas substâncias aumenta significativamente o risco de hipertensão
arterial, de alterações no ritmo cardíaco e crescimento anormal do músculo
cardíaco (hipertrofia ventricular). Essas condições sobrecarregam o coração,
reduzindo sua eficiência no bombeamento de sangue. Estudos recentes constataram
que usuários de anabolizantes têm até 40% mais probabilidade de desenvolver
doenças cardíacas em comparação a não usuários.
Já um relatório da American Heart Association (AHA)
destaca que os anabolizantes alteram a estrutura do coração, provocando o
espessamento das paredes ventriculares e diminuindo a flexibilidade do órgão.
Esse efeito pode levar à redução da fração de ejeção — indicador crítico da
capacidade cardíaca — e ao aumento do risco de insuficiência cardíaca, mesmo
após a interrupção do uso dessas substâncias.
Além disso, os efeitos cardiovasculares não são
isolados. Um estudo publicado no periódico Circulation demonstrou que o uso
prolongado de anabolizantes está associado ao endurecimento das artérias e à
formação precoce de placas de colesterol, aumentando a propensão a infartos em
homens jovens, muitas vezes antes dos 40 anos. A pesquisa apontou também que
muitos desses usuários desconhecem os riscos e não realizam exames regulares
para monitorar a saúde cardíaca.
Outro fator alarmante é a combinação dos
anabolizantes com treinos extremos, que elevam a frequência cardíaca e a
pressão arterial a níveis perigosos. A ausência de períodos adequados de
recuperação e o esforço excessivo podem desencadear eventos agudos, como parada
cardíaca durante o exercício. Um artigo do British Journal of Sports Medicine
alertou que essa rotina pode agravar ainda mais os danos provocados pelos
esteroides, colocando o sistema cardiovascular em constante estado de estresse.
A busca por resultados rápidos é um dos principais
riscos para a saúde, alerta o cardiologista Dr. Ricardo Ferreira. “Construir um
corpo musculoso exige tempo e cuidado. É indispensável realizar check-ups
cardiológicos regulares e avaliações periódicas para identificar alterações
precoces e intervir antes que se transformem em problemas graves”. Ele também
reforça a importância de abordagens mais seguras e integradas: “Trabalhar com
uma equipe multidisciplinar, composta por educadores físicos, nutricionistas e
cardiologistas, garante resultados mais eficazes e, acima de tudo, seguros. Não
adianta alcançar uma aparência impressionante se isso comprometer a saúde
interna do organismo”.
Para o Dr. Ricardo Ferreira, a solução passa por
conscientizar a população masculina sobre os perigos dessas práticas. Campanhas
de saúde pública devem abordar os riscos dos anabolizantes, mas também a
importância de treinos supervisionados por profissionais qualificados. A
criação de políticas que restrinjam o acesso a essas substâncias também é
considerada essencial.
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