Após erro no protocolo de transplantes, seis
pacientes contraíram HIV. Dra. Patrícia Almeida, hepatologista do Hospital
Israelita Albert Einstein, esclarece que o sistema de transplantes no Brasil é
seguro, com triagens rigorosas para evitar a transmissão de doenças, e explica
como o manejo desses casos deve ser feito.
Na última semana, foi noticiado que seis pacientes contraíram HIV após um erro
no protocolo de segurança de órgãos para transplante. Esse incidente grave
reacendeu discussões sobre a segurança nos processos de triagem e transporte de
órgãos, além de gerar dúvidas entre a população sobre a segurança do protocolo
e como minimizar os riscos de infecção.
No Brasil, pessoas que vivem com HIV não podem ser doadoras de órgãos, exceto em casos especiais onde o receptor também seja HIV positivo. Uma medida de proteção para garantir a segurança dos receptores. A triagem pré-transplante é composta por exames obrigatórios para doenças transmissíveis, como HIV, hepatites B e C, sífilis e outras infecções, e casos como este indicam falhas pontuais que devem ser investigadas para prevenir ocorrências futuras.
Dra. Patricia Almeida, hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein explica que "O diagnóstico de HIV em um paciente transplantado exige uma abordagem imediata e multidisciplinar. A triagem pré-transplante inclui exames para doenças transmissíveis, e qualquer falha nesse processo pode ter consequências sérias. É fundamental que todos os protocolos de segurança sejam seguidos de forma criteriosa, mas devemos lembrar que o sistema brasileiro de transplantes tem altos índices de segurança e eficiência."
A especialista também explica que o manejo do paciente transplantado com HIV
envolve cuidados precisos para controlar a infecção e preservar o funcionamento
do órgão transplantado. "O controle do HIV em pacientes transplantados
requer uma coordenação entre infectologistas, imunologistas e a equipe
responsável pelo transplante para garantir a saúde do paciente e o sucesso do
transplante," conclui.
Esclarecimentos Importantes:
Como é feita a triagem de órgãos?
A
triagem envolve testes rigorosos, incluindo exames sorológicos e moleculares,
como o PCR, para identificar vírus como HIV, hepatite B e C, entre outros. Essa
triagem visa proteger tanto o receptor quanto o doador, garantindo a
compatibilidade e a viabilidade do transplante.
O que fazer após um diagnóstico de HIV em um paciente transplantado?
O
tratamento antirretroviral (TARV) deve ser iniciado ou ajustado imediatamente,
levando em consideração a interação dos medicamentos com os imunossupressores
usados para prevenir a rejeição do órgão. A equipe multidisciplinar deve
monitorar a função do órgão transplantado e o status imunológico do paciente.
Quais são as medidas preventivas contra infecções oportunistas?
Pacientes transplantados e com HIV são mais suscetíveis a infecções oportunistas, como Pneumocystis jirovecii e citomegalovírus (CMV). Profilaxias são frequentemente recomendadas para evitar complicações adicionais.
Dra. Patricia Almeida ressalta que, apesar do incidente, é importante não
desmotivar a doação de órgãos, uma prática que salva milhares de vidas
anualmente no Brasil. "É fundamental que continuemos incentivando a doação
e aprimorando os protocolos para garantir segurança máxima aos
receptores," conclui a médica.
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