Logo que chegou ao Japão, em 1991, para iniciar os treinamentos dos times de futebol japoneses, o professor de educação física e técnico, Arthur Antunes Coimbra, percebeu que seu desafio não estava apenas na tática e técnica dentro das quatro linhas do campo. Mais conhecido quando jogava pelo Flamengo e seleção brasileira, como Zico, ele foi obrigado a fazer uma mudança radical na alimentação dos jogadores japoneses.
Sabia que o cidadão nipônico comum tem uma
alimentação trivial saudável, mas mesmo não sendo um nutricionista esportivo,
tinha ciência que era preciso mudar o hábito alimentar da equipe para alcançar
melhores resultados e desempenho. Saiu então do cardápio o peixe cru e o arroz,
a base da dieta alimentar de então, substituídos pela massa e principalmente o
‘craque’ feijão que iria melhorar a ‘base energética’ dos atletas.
O treinador era fã do feijão, porque continha
nutrientes essenciais como carboidratos, fibras, proteínas, ferro, cálcio, e
diversas vitaminas (principalmente do complexo B). Mais um golaço do Zico!!!
Mas quando começou sua carreira no Brasil, por sinal, o ‘Galinho de Quintino’
era um atleta franzino e por isso também teve que fazer uma dieta especial para
ajudar a ganhar musculatura, além de tomar suplementos vitamínicos.
Hoje em dia a nutrição esportiva é um fator crucial
para o êxito no futebol. A alimentação adequada fornece energia para os
treinos, auxilia na recuperação muscular e otimiza o desempenho em campo. Com o
investimento num nutricionista especializado, os clubes podem reunir as
condições ideais que seus jogadores necessitam para alcançar seus objetivos
esportivos. Alguém já disse que a nutrição esportiva no futebol brasileiro se
tornou o “combustível para a vitória”.
Ficou claro atualmente, que só uma dieta
equilibrada fornece proteínas, gorduras e carboidratos necessários para gerar
energia tanto para treinos como para jogos. E não se trata apenas de alimentos
a fim de alcançar bons resultados. A reposição de água é indispensável para se
evitar a
desidratação, que pode prejudicar o desempenho e aumentar
o risco de lesões.
Uma alimentação balanceada também fortalece o
sistema imunológico do jogador. A dieta correta previne doenças e permite que
se treine com mais frequência e maior intensidade. Outra contribuição da
nutrição esportiva é que auxilia a manter o peso ideal dos atletas, o que é
muito importante para o desempenho, especialmente em certas posições em campo,
que exigem atletas com arranque e velocidade, como é o caso dos atacantes,
laterais e meias de ligação.
No futebol brasileiro a tendência é que a nutrição
esportiva tenha cada vez mais relevância e reconhecimento entre dirigentes,
treinadores e jogadores. E com a chegada de mais novidades científicas e
tecnológicas, entrarão em campo novos conhecimentos e planejamentos alimentares
que vão melhorar mais ainda o desempenho dos jogadores.
Hoje a alimentação é mais bem entendida no âmbito
esportivo, mas foi preciso muito trabalho e estudos para ela se fortalecer. O
médico cirurgião belga, velejador olímpico e ex-presidente do Comitê Olímpico
Internacional, Jacques Rogge, havia escrito no Handbook of Sports Medicine and
Science Sports Nutrition, em 2002, ou seja, 22 anos atrás, que a área
científica da nutrição esportiva havia experimentado uma expansão fenomenal de
conhecimento durante os 30 anos anteriores à publicação daquele manual de
medicina esportiva e nutrição em ciência do esporte.
De acordo com Rogge, antes os treinadores e os
profissionais de saúde que trabalhavam com os atletas não tinham informações
básicas sobre as possíveis relações entre ingestão de alimentos, estado
nutricional, programas de condicionamento e desempenho competitivo.
Segundo o dirigente esportivo, na fase de pesquisa
de laboratório e de campo (entre 1972 e 2002), uma ampla base científica foi
produzida na literatura científica e uma nova área da ciência chamada ‘nutrição
esportiva’ foi solidamente estabelecida. Ela serviu como base para o
planejamento cuidadoso dos padrões alimentares e ingestão de alimentos para
atletas durante períodos de treinamento e diretamente relacionados à
competição.
Hoje a nutrição esportiva é um universo complexo e
as necessidades individuais podem variar muito. Ela atua basicamente em áreas
como, por exemplo, planejamento alimentar, educação nutricional, hidratação e
suplementação (que pode ser utilizada para complementar a dieta). Em virtude da
combinação dessa multiplicidade de conhecimentos científicos dos alimentos e do
corpo humano, é fundamental para os atletas de alto rendimento o apoio de um
nutricionista esportivo.
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