Especialista destaca como a identificação rápida
dos sintomas e a intervenção adequada podem salvar vidas e minimizar
complicações
O
Dia Mundial da Sepse, lembrado em 13 de setembro, visa sensibilizar a
população, profissionais de saúde e autoridades sobre a urgente necessidade de
conscientização, diagnóstico precoce e tratamento eficaz dessa condição, que
permanece como uma das principais causas de mortalidade global. A sepse,
frequentemente chamada de infecção generalizada, é uma resposta inflamatória
inadequada do organismo a uma infecção, que pode levar à mau funcionamento dos
órgãos e à morte, caso não seja tratada prontamente[i].
Anualmente,
a sepse afeta cerca de 40 milhões de pessoas em todo o mundo, resultando em 11
milhões de mortes — uma a cada 2,8 segundos.[ii] No Brasil,
a taxa de mortalidade entre pacientes diagnosticados é de aproximadamente 40%,
mas esse número pode chegar a 65% em casos mais graves.ii Segundo a
Dra. Flavia Ribeiro Machado, coordenadora-geral do Instituto Latino-Americano
de Sepse e professora na Escola Paulista de Medicina, a sepse pode atingir
qualquer órgão, tornando seus sintomas variados e difíceis de identificar.
"Além dos sintomas comuns de infecção, como dor ao urinar e tosse com
febre, os sinais de sepse incluem confusão mental, sonolência, agitação,
tontura, fraqueza extrema, falta de ar e redução na quantidade de urina,"
explica a médica. Esses sinais indicam que a infecção está afetando o
funcionamento dos órgãos, exigindo atenção médica imediata.
O
diagnóstico precoce da sepse é essencial para aumentar as chances de
sobrevivência, sendo essencialmente clínico e dependente da habilidade dos
profissionais de saúde em reconhecer as disfunções orgânicas. "O
diagnóstico é confirmado através de exames complementares, como análises de
sangue e culturas microbiológicas, que ajudam a identificar o agente infeccioso
responsável pelo mau funcionamento dos órgãos", explica a Dra. Flavia. A
eficácia do tratamento está diretamente relacionada a esse reconhecimento
precoce. "O tratamento deve ser iniciado imediatamente após o diagnóstico
e inclui a coleta de exames para avaliar a circulação sanguínea e a oferta de
oxigênio aos tecidos, além da administração rápida de antibióticos, que são o
pilar do tratamento", reforça a médica. Medidas adicionais, como reposição
de soro e medicamentos para manter a pressão arterial, bem como suporte
ventilatório para pacientes com falência pulmonar, podem ser necessárias.
Embora
qualquer pessoa possa desenvolver sepse, certos grupos são mais vulneráveis,
incluindo neonatos, crianças pequenas, idosos, imunossuprimidos, pacientes com
câncer, transplantados e pessoas com obesidade. A prevenção é possível tanto na
comunidade quanto em ambientes hospitalares. "Vacinação, cuidados de
higiene e saneamento básico são essenciais para prevenir sepse na comunidade,
enquanto em hospitais, a prevenção deve focar em evitar infecções associadas à
internação, lembrando que a infecção hospitalar pode resultar tanto da
fragilidade dos pacientes quanto da falta de cuidados adequados", destaca.
Engana-se
quem pensa que a sepse termina quando o paciente deixa a UTI. A reabilitação
precoce e o cuidado contínuo após a alta hospitalar são essenciais para
minimizar sequelas físicas, cognitivas e psicológicas. "O processo de
reabilitação deve iniciar ainda na UTI, com fisioterapia e cuidados da equipe
multiprofissional, e continuar após a alta, com acompanhamento para ajuste de
medicamentos crônicos e vigilância contra novos eventos sépticos",
ressalta a Dra. Flavia Ribeiro Machado.
A
conscientização sobre a sepse, desde a prevenção até o tratamento e a
reabilitação, é crucial para reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de
vida dos sobreviventes. Com o conhecimento e a abordagem correta, é possível
salvar vidas e minimizar complicações desta grave condição de saúde.
[i] Instituto Latino-Americano de Sepse (ILAS) Sepse um problema e saúde pública [online] Disponível em: livro-sepse-um-problema-de-saude-publica-cfm-ilas.pdf [Acesso em: 29 de agosto de 2024].
[ii]Rudd, K.E., Johnson, S.C., Agesa, K.M., et al. (2022) 'The Global Burden of Sepsis: A Review of Epidemiology, Outcomes, and Management', The Lancet, 399(10322), pp. 229-241. doi: 10.1016/S0140-6736(21)02785-4.
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