Entre o total de brasileiros com mais de 2
anos, ao menos 4,1% é formado por crianças de 2 a 9 anos que possuem alguma
deficiência física ou intelectual. No caso dos problemas de caráter cognitivo,
médica afirma que qualquer déficit no desenvolvimento esperado da criança deve
ser avaliado
De
acordo com Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua,
realizada em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
a população com deficiência no Brasil é estimada em 18,6 milhões de pessoas de
2 anos ou mais, o que corresponde a 8,9% da população dessa faixa etária. Entre
o total de brasileiros com mais de 2 anos, ao menos 4,1% é formado por crianças
de 2 a 9 anos que possuem alguma deficiência física ou intelectual. No contexto
do Dia da Pessoa com Deficiência Intelectual, celebrado na próxima
quinta-feira, 22 de agosto, é importante destacar que, ao contrário das
deficiências físicas, que geralmente podem ser facilmente detectadas
visualmente, a percepção e o diagnóstico das deficiências intelectuais dependem
da observação de atrasos ou não no desenvolvimento cognitivo das crianças,
especialmente durante os primeiros anos de vida.
De
acordo com a médica pediatra Ana Márcia Guimarães, especialista no
desenvolvimento e comportamento que atende no Órion Complex, em Goiânia,
qualquer atraso no desenvolvimento da criança, em relação a seus pares da mesma
idade, deve ser investigado com seriedade. Segundo ela, detectar precocemente
sinais de deficiência intelectual em crianças é essencial para garantir que
elas recebam o suporte necessário para um desenvolvimento adequado. “A
intervenção rápida pode fazer toda a diferença na qualidade de vida e no futuro
dessas crianças”, explica.
Conforme
a especialista, os sinais mais comuns de que pode haver alguma deficiência
intelectual são atrasos motores, atraso no desenvolvimento da fala, grande
dificuldade de socialização e, principalmente, dificuldades na aprendizagem e
no desempenho escolar. “Essas situações podem ser os primeiros indícios de que
algo está fora do esperado, e a detecção precoce é fundamental para um melhor
prognóstico”, argumenta a pediatra.
A
médica lembra que a observação dos marcos de desenvolvimento infantil é
crucial. “Os pais devem estar atentos a cinco pilares: desenvolvimento motor
(andar, caminhar, correr), linguagem (fala), evolução socioemocional,
intelectual e a capacidade de adaptação e resolução de problemas”, descreve a
especialista. Cada um desses aspectos deve seguir uma progressão esperada
conforme a idade da criança, e qualquer desvio pode ser um sinal de alerta.
Avaliações e tratamento
Embora
os pais desempenhem um papel fundamental na identificação inicial dos sinais, o
diagnóstico preciso depende de uma avaliação especializada. “O neuropsicólogo é
o profissional responsável por aplicar a bateria de testes que mede o QI e as
capacidades adaptativas da criança. Após essa avaliação neuropsicológica, cabe
ao pediatra interpretar os resultados e correlacioná-los com os sintomas
apresentados pela criança”, explica Ana Márcia.
A
especialista também esclarece que diferenciar uma deficiência intelectual de
outros problemas de desenvolvimento, como o autismo ou transtornos de
aprendizado, requer uma avaliação clínica criteriosa. “No caso do Transtorno do
Desenvolvimento Intelectual (TDI), os critérios incluem três pontos principais:
déficits na psicometria (QI abaixo de 70), déficits nas capacidades adaptativas
e o início das limitações antes dos 18 anos de vida”, esclarece a pediatra.
As
causas da deficiência intelectual podem ser variadas. “A principal causa é
genética, como na síndrome do X frágil e na síndrome de Down. No entanto,
fatores ambientais também desempenham um papel significativo, como a
prematuridade e complicações durante a gravidez ou o nascimento”, diz Ana
Márcia.
Uma
vez diagnosticada a deficiência intelectual, é fundamental iniciar o tratamento
o mais cedo possível. “A estimulação precoce, realizada por uma equipe
interdisciplinar que pode incluir psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta,
psicopedagogo, entre outros, é a base do tratamento. Cada profissional
desempenha um papel importante na promoção do desenvolvimento global da criança”,
destaca a especialista.
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