Advogado
especializado explica os maiores desafios do tema no Brasil e como evitá-los
A sucessão patrimonial é uma estratégia fundamental
para organizar a divisão de bens e direitos entre herdeiros ou outras pessoas,
visando evitar disputas judiciais e conflitos familiares. Casos recentes, como
os do apresentador Gugu Liberato e do ex-treinador de futebol Zagallo, ganharam
destaque na mídia, mostrando as complicações que podem surgir. No Brasil, o
tema ainda é um tabu, levando muitos a evitarem o planejamento, causando
consequências emocionais e patrimoniais desastrosas para os herdeiros.
De acordo com
Paulo Akiyama, advogado especializado em direito de família, o custo para a
família vai além da depreciação do patrimônio, impactando os laços afetivos e
causando desgaste emocional durante longos processos judiciais, como
inventários ou anulação de testamentos. “Planejar a sucessão em vida permite
uma divisão mais justa e harmoniosa, além de uma redução relevante nos custos
de sucessão. É uma maneira eficaz de evitar longos e custosos processos de inventário”,
explica.
Além disso, a falta de planejamento sucessório pode
engessar a administração do patrimônio familiar, tendo em vista que a venda de
imóveis ou o levantamento de valores aplicados dependerá de autorização
judicial. Isso resulta na deterioração dos bens e na impossibilidade de os
herdeiros usufruírem do legado construído pelo sucedido.
Atualmente, segundo o Conselho Nacional de Justiça,
o tempo médio de tramitação de inventários é de um ano e nove meses, mas pode
se estender por muitos anos, prejudicando especialmente as empresas familiares,
que representam mais de 90% das pessoas jurídicas no Brasil e 65% do PIB
nacional. De acordo ainda com a consultoria PwC, 64% das empresas familiares no
país fecham após a sucessão, devido à falta de planejamento adequado para
substituir o fundador e harmonizar as expectativas dos herdeiros. Este mesmo
raciocínio aplica-se às famílias não empresárias que possuem patrimônio a ser
partilhado.
Para o especialista, o planejamento patrimonial e
sucessório é essencial para evitar conflitos familiares, reduzir a carga
tributária e proteger o patrimônio. “A análise da dinâmica familiar, das uniões
afetivas, regimes matrimoniais, relações estabelecidas entre os membros e
características individuais é fundamental para adequar os desejos e
possibilidades às recomendações legais, garantindo uma sucessão livre de
crises. A consultoria adequada facilita o diálogo familiar sobre o tema
sensível, explicando os aspectos legais e apresentando soluções baseadas no
direito brasileiro”, diz.
A discussão sobre a reforma tributária no país, que
afeta o Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), torna o
planejamento sucessório ainda mais relevante. A alíquota do ITCMD é estadual,
com um teto de 8% definido pelo Senado, mas pode variar conforme o volume
patrimonial e o estado.
Akiyama aponta que a falta de cultura de planejamento sucessório no Brasil está mudando, impulsionada por casos de sucessão desastrosa de figuras públicas e pela perspectiva de aumento na carga tributária. “A adoção de um planejamento sucessório cresce entre todas as classes sociais, demonstrando sua importância para a proteção patrimonial e a harmonia familiar”, conclui.
Paulo Akiyama - formado em economia e em direito desde 1984. É palestrante, autor de artigos, sócio do escritório Akiyama Advogados Associados e atua com ênfase no direito empresarial e direito de família.
Akiyama Advogados
Para mais informações acesse o site
Nenhum comentário:
Postar um comentário