Assistente social do CEJAM explica os efeitos
negativos que essas violências podem gerar nas crianças Créditos: Envato
O
Dia Mundial das Crianças Vítimas de Agressão, celebrado em 04 de junho, serve
como um lembrete doloroso de que a violência contra crianças ainda é uma realidade
persistente e triste em todo o mundo.
Segundo
o 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mais de 102 mil crianças e
adolescentes foram vítimas de algum tipo de violência no Brasil em 2022.
Contudo, acredita-se que esse número possa ser ainda maior.
Já
em 2023, houve um aumento expressivo nas denúncias de violência contra crianças
e adolescentes registradas pelo Disque 100 do Ministério dos Direitos Humanos e
Cidadania. Comparado a 2022, o aumento foi mais que o dobro, totalizando mais
de 228 mil registros em todo o país.
Especificamente
na hora de educá-las, a violência física, psicológica e verbal pode ser
reproduzida por pais ou cuidadores. No entanto, é importante ressaltar que
essas formas de violência podem causar danos emocionais duradouros,
prejudicando o desenvolvimento saudável. Isso porque crianças que são vítimas
de violência podem enfrentar sérios problemas emocionais, comportamentais e
cognitivos.
“A
violência contra crianças e adolescentes, mesmo que disfarçada de disciplina,
como uma palmada, pode causar sérias consequências psicológicas. Entre elas
estão o estresse, que prejudica o aprendizado e a memória e aumenta o risco de
doenças crônicas, além de mudanças de comportamento”, afirma Ieda Maria
Gonzaga, assistente social da UBS Jardim Coimbra, gerenciada
pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr.
João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São
Paulo.
De
acordo com a profissional, crianças que sofrem violências podem se tornar
agressivas e enfrentar ansiedade, baixa autoestima, sentimentos de medo,
insegurança, culpa, distúrbios do sono e problemas de adaptação escolar. A
punição corporal também torna a criança ou o adolescente mais suscetível à
rebeldia, vingança, bullying e à prática de delitos.
Do
mesmo modo, gritar não é uma solução eficaz. À primeira vista, falar dessa
forma com uma criança pode gerar algum resultado, mas os impactos futuros são
bem maiores, podendo comprometer sua capacidade de socialização e,
consequentemente, o desenvolvimento de relacionamentos positivos durante a
vida.
“O
aspecto mais importante de educar uma criança sem recorrer à violência é
fomentar sua autoestima e confiança. Menos gritos se traduzem em maior
segurança emocional. A educação sem violência verbal favorece o desenvolvimento
de habilidades emocionais, empatia, comunicação e cooperação”, explica a
assistente social.
Sim, é possível educar sem violência
Conforme
Ieda Maria, para educar crianças sem recorrer à violência, algumas estratégias
podem ser adotadas. "É importante incentivar a comunicação baseada no
diálogo e trabalhar a ideia de causa e efeito, explicando as consequências dos
comportamentos inadequados. Independentemente da idade da criança ou do cenário
em que se encontra, é crucial considerar que o sentimento que gerou o mau
comportamento deve ser respeitado, investigado e discutido com ela",
enfatiza.
A
especialista destaca que a empatia para entender a motivação da criança ao ter
determinado comportamento faz toda a diferença. "Brigas, castigos ou até
palmadas podem cessar o comportamento momentâneo, mas não resolvem o problema a
longo prazo. Buscar entender é muito mais assertivo", alerta.
Para
promover um ambiente doméstico não violento, é essencial que os pais sejam bons
exemplos. Isso inclui elogiar seus filhos, focar em aspectos positivos,
escutá-los genuinamente, cumprir promessas, manter o bom humor, entre outras
ações.
"Uma
outra estratégia eficaz é fazer uma pausa junto com a criança, sempre que
possível. Nesses momentos, os pais devem trazer o filho para perto, em vez de
provocar afastamento. Também é interessante dar uma segunda chance à criança,
permitindo que ela tente novamente resolver o problema ou mudar seu
comportamento”, reforça.
Além disso, resolver os problemas em conjunto pode ser benéfico para a educação da criança. Esses momentos proporcionam a ela a chance de expressar suas preocupações sobre o problema em questão e de escutar e considerar soluções sugeridas por outros envolvidos.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
Nenhum comentário:
Postar um comentário