O Rio Grande do Sul é um dos estados mais
inovadores do país, com um histórico de investimentos consistente nesta
estratégia ao longo dos anos, principalmente, devido à conscientização sobre os
benefícios da inovação para o ecossistema empresarial. Este ambiente, contudo,
pode sofrer sérios prejuízos com os desastres causados pelas chuvas intensas na
região, o que acende um alerta sobre a necessidade de mecanismos que auxiliem
os empreendimentos locais a minimizarem seus impactos no curto e longo prazo no
que tange ao tema.
O Índice FIEC de Inovação dos Estados de 2023
revelou o vasto potencial inovador do Sul, posicionando-o como a segunda região
mais inovadora do Brasil. Dentro deste panorama, o Rio Grande do Sul destaca-se
significativamente, contribuindo com 44% das candidaturas submetidas na Lei do
Bem da região Sul, um dos principais instrumentos de estímulo à inovação
nacional. Embora muitas ainda não recorram a este benefício, vale destacar que,
entre 2014 e 2022, houve um crescimento de 138% no número de candidaturas das
empresas do estado, segundo dados do FI Group, uma das maiores referências
globais em inovação. É esperado que, no futuro próximo, haja um incremento
significativo nestes números, evidenciando o interesse crescente das empresas
em captar recursos e aproveitar incentivos para revitalizar suas operações.
No ecossistema de inovação, todas as estratégias de
estímulo são essenciais. Nesse cenário, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) tem se destacado, consistentemente, como uma
alternativa vantajosa. De acordo com os dados do FI Group, as operações de
crédito voltadas para a inovação junto à instituição tiveram um impressionante
crescimento de 300% no período de 2002 a 2024, refletindo sua crescente
importância no cenário econômico.
No contexto atual, após a tragédia climática que
afetou o estado, o BNDES implementou medidas de auxílio – incluindo a suspensão
temporária de pagamentos e a extensão do prazo de amortização dos empréstimos
por até 12 meses, com pedidos solicitados até 31 de outubro de 2024. Será
disponibilizado, ainda, o FGI PEAC Crédito Solidário RS, um fundo específico
para a região com mais R$ 500 milhões em garantia para novos financiamentos.
Se juntando à causa, a FINEP, agência pública de
financiamento à inovação, também terá condições especiais de renegociação, com
destaque para a suspensão temporária de dívidas de pagamento de juros
remuneratórios e dos empréstimos contratados na modalidade direta. O prazo de
envio dos pedidos será até as 18 horas do dia 12 de agosto, e valerá por um
período de até 12 meses.
Neste momento de reconstrução do estado, as medidas
implementadas são vitais para assegurar que as empresas afetadas pelas chuvas
não sofram prejuízos adicionais enquanto buscam retomar suas atividades
operacionais e inovativas. Afinal, em um cenário desafiador como este, é
imprescindível a liberação e disponibilidade de recursos e ferramentas
adequadas para superar adversidades, demandando um conjunto de intervenções
governamentais focadas em apoiar essa recuperação.
Torna-se fundamental uma maior agilidade e
assertividade na disponibilização de crédito, através de uma análise mais
profunda que compreenda e leve em consideração a viabilidade, impacto social e
econômico que cada empresa representa não só para a comunidade local, mas
também em nível nacional e até internacional. Esta velocidade de análise e
liberação dos recursos serão primordiais para a redução de danos à economia
regional que já se encontra bastante afetada.
Uma alternativa viável no atual contexto é
disponibilizar linhas de crédito com juros reduzidos, facilitando a reposição
dos estoques, seja compondo as garantias para os bancos, atenuando riscos para
as instituições, ou subsidiando juros. Tal medida se faz necessária pois, apesar
da oferta de financiamentos, muitas empresas endividadas correm o risco de
insolvência ao não terem capacidade para suportar novos endividamentos –
situação que pode também obstruir o acesso aos benefícios da Lei do Bem e
outros programas de incentivo.
Enfrentamos um cenário sensível quanto à
continuidade do fluxo de inovação das empresas do Rio Grande do Sul. Diante de
uma realidade tão preocupante, os mecanismos de apoio para as empresas gaúchas
serão fundamentais para que elas não apenas retomem as atividades, mas
continuem inovando de forma contínua. Com o Brasil posicionado no 49º lugar
entre 132 países no Índice Global de Inovação da OMPI, a situação requer
atenção. Neste contexto a sinergia é essencial: o Brasil depende da
contribuição do Rio Grande do Sul e, em um momento tão decisivo, o Rio Grande
do Sul necessita, mais do que nunca, do apoio do país.
Andressa Melo - gerente de inovação do FI Group, consultoria especializada na gestão de incentivos fiscais e financeiros destinados à PD&I.
Rafael Costa - diretor do FI Group Brasil, consultoria especializada na gestão de incentivos fiscais e financeiros destinados à PD&I.
FI Group
https://br.fi-group.com/
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