Médicos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz afirmam que
a sexualidade não se encerra com o envelhecimento e que informações sobre a
saúde são o melhor remédio para o bem-estar proporcionado pelo sexo
O Dia dos Namorados se aproxima, a data, comemorada no Brasil na próxima quarta-feira, 12 de junho, pode ser um bom momento para refletir sobre a intimidade em todas as fases, inclusive na terceira idade. Para quebrar tabus sobre o sexo para quem tem mais de 60 anos, nada melhor que ter conhecimento sobre a saúde sexual, já que a sexualidade não se encerra com o envelhecimento.
“O sexo na terceira idade não deve ser visto como um desvio ou desequilíbrio. As pessoas buscam qualidade de vida. Desta forma, a saúde sexual também passou a ser vista com o maior enfoque dentro deste aspecto. Mesmo com algumas dificuldades devido às alterações nas funções fisiológicas, sexo na maturidade é possível e traz inúmeros benefícios, tanto para a saúde física e emocional”, explica a ginecologista Dra. Anne Pereira, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que afirma também que a atividade sexual significa bem-estar.
Mulheres e homens enfrentam desafios específicos em relação à sexualidade enquanto envelhecem. Para as mulheres, a menopausa traz consigo alterações hormonais que podem afetar a libido, a lubrificação vaginal e a elasticidade dos tecidos genitais. Mas, o acompanhamento médico adequado, aliado a cuidados, essas questões podem ser abordadas e tratadas, permitindo uma vida sexual saudável e prazerosa.
As alterações hormonais e na libido nas mulheres fazem com que estímulos que antes despertavam desejo sexual não surtam efeito e o interesse pelo sexo muda, segundo a ginecologista.
“Existem duas alterações sexuais no organismo da mulher na menopausa: a redução na produção e volume da lubrificação vaginal e a perda da elasticidade. É importante que os profissionais de saúde esclareçam alguns mitos que permeiam a prática sexual e a menopausa. É imprescindível que se fale também sobre autoestima”, disse a especialista, que ainda ressalta que médicos devem ter preparo para saber identificar disfunções sexuais femininas.
“Quando não diagnosticadas essas disfunções podem se tornar crônicas e se agravar, comprometendo a saúde e a atividade da mulher”, lembra Dra. Anne.
A ginecologista explica que é importante que as mulheres sejam conscientes das mudanças após a menopausa para saberem lidar com essa nova realidade e lembrarem que existem tratamentos médicos.
“Apesar
das alterações hormonais e da perda da libido, a capacidade da mulher sentir
prazer ainda existe, só precisa de um empurrãozinho. As mulheres têm a
capacidade de ter orgasmo por toda a sua vida. Hoje em dia, há inúmeras formas
de recuperar o desejo sexual. Procurar ajuda de um profissional é o primeiro
passo para identificar fatores e soluções para o problema”, afirma a ginecologista.
Produtos podem ajudar
Com a diminuição do hormônio estrogênio, a lubrificação da vagina fica prejudicada, o que pode gerar desconforto na hora do sexo. Com a mucosa enfraquecida, a pele fica muito fina e o ato sexual pode ser dolorido, desestimulando a mulher a praticar sexo.
Para essa disfunção, há lubrificantes que podem ajudar a mulher a manter a vida sexual ativa.
“Temos lubrificantes vaginais à base de água, encontrados em qualquer farmácia, que são hipoalergênicos. Eles são incolores, não sujam a calcinha e podem ser usados de forma regular. Eles melhoram a lubrificação da vagina e essa hidratação vai fortalecer a mucosa vaginal. Após avaliação ginecológica o médico o poderá prescrever o melhor lubrificante para a paciente”, explicou a especialista.
Pacientes que têm ginecologista ou que fazem consultas regulares podem também fazer terapia hormonal local.
“Terapia
hormonal local deve ser prescrita apenas pelos ginecologistas. São cremes
vaginais à base de hormônio, que só devem ser prescritos após uma avaliação
ginecológica. Nas pacientes que não podem usar, dispomos de tratamentos com
lasers”, finaliza a ginecologista.
Saúde masculina
Nos homens as dificuldades também podem aparecer com o aproximar dos 60 anos – ou mesmo antes – como explica o Dr. Carlos Batagello, urologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“Os homens podem enfrentar a disfunção erétil, que afeta significativamente a qualidade de vida e a autoestima. Mas, é importante entender que essa não é uma condição inevitável da idade avançada. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível superar esse desafio e desfrutar de uma vida sexual plena”, explica o urologista.
Dr. Batagello explica que a disfunção erétil acomete cerca de metade dos homens acima de 40 anos. Mas, além dela, o que pode ocorrer com os homens com o envelhecimento é a chamada Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), que afeta uma parcela significativa dos homens após os 40 anos, com uma incidência ainda maior após os 60 anos.
“Os sintomas principais incluem prejuízo na parte sexual, como baixa da libido e dificuldade de ereção. Alterações no humor, no sono e perda da energia para realizar atividades cotidianas são sintomas muito frequentes. Alguns recebem diagnóstico de depressão de forma equivocada, outros são atribuídos como consequência do avançar da idade”, diz Dr. Batagello, que ressalta que o envelhecimento é apenas um aspecto cronológico. “Envelhecer não significa adoecer”, lembra o especialista.
Uma avaliação cuidadosa é fundamental para identificar a DAEM e iniciar tratamento específico para normalizar os níveis de testosterona. De acordo com o urologista, o tratamento pode variar desde a administração de testosterona, como também estimular a produção da testosterona do próprio paciente.
“Cada caso tem sua particularidade para o tratamento. Além da intervenção urológica, a psicoterapia ou terapia sexual desempenha um papel crucial no processo, auxiliando os homens a recuperarem a confiança em seu desempenho sexual”, afirmou Dr. Batagello.
O estilo de vida do homem na terceira idade é determinante para uma vida sexual sadia, segundo o especialista.
“Alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos, sono de qualidade e o gerenciamento do estresse são fundamentais. A qualidade do sono é muito importante, quem dorme mal não descansa, apresenta problemas ao longo do dia, dificuldades na memória, entre outros incômodos", afirma Dr. Batagello.
O urologista enfatiza que uma vida sexual satisfatória vai além da penetração e que a expressão da sexualidade pode se manter ativa até o fim da vida, independentemente das adaptações que o envelhecimento possa trazer. O diálogo aberto, a informação e o cuidado adequado são essenciais para garantir o bem-estar sexual nessa fase da vida.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Link
Nenhum comentário:
Postar um comentário