Apesar da alta incidência, existe pouca informação
para o tratamento do pós-AVC. A espasticidade é uma das sequelas deixadas pelo
derrame que precisa de atenção. Caso contrário, pode levar a incapacidade3.
Outubro
é um mês marcado pelo Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (29/10), “AVC”,
ou, ainda, derrame – como é popularmente conhecido –, que acontece quando o
fluxo sanguíneo, responsável pela irrigação cerebral, é interrompido pela
ruptura ou oclusão de uma artéria, ocasionando uma paralisia no local em que a
circulação foi interrompida. Atualmente, o AVC é a principal causa de morte4
no Brasil, contudo, mesmo com elevada incidência, ainda há pouca informação
disponível sobre o “pós”, ou seja, o que deve ser feito depois que o paciente
recebe alta do episódio. Dentre as sequelas, a espasticidade é uma delas,
atingindo cerca de 40%5 dos pacientes e que quanto antes for diagnosticada
e tratada, melhor o prognóstico do paciente.
Dados
mostram que pelo menos 70%6,7 das pessoas que sofrem um AVC não
recebem tratamento pós-AVC adequado: “Além de falar sobre conscientização do
derrame, também é importante falar sobre o que acontece depois dele e como
podemos reduzir o seu impacto. A falta de tratamento das sequelas é a principal
causa de incapacidade nesses pacientes e o principal objetivo deve ser evitar o
agravamento dessas lesões”, comenta a Dra. Linamara Battistella, médica
fisiatra, professora de medicina da Universidade de São Paulo (USP) e
idealizadora da Rede Lucy Montoro.
De
maneira geral, existem dois tipos de AVC8, o hemorrágico e o
isquêmico, mas em ambos os casos o paciente pode ser atingido por sequelas. “Um
paciente que sofre um derrame precisa ser visto como uma questão para a
sociedade, porque ele vai precisar de apoio da família, de amigos, de
cuidadores e de vizinhos. Qualquer grau de incapacidade que essa pessoa venha a
passar acaba por impactar toda essa rede, já que a percepção de vida passa a
ficar limitada também”, adiciona a médica. A espasticidade é um exemplo disso,
porque uma vez que não seja diagnosticada e tratada adequadamente, de forma
contínua, pode levar ao encurtamento permanente do músculo3, dentre
outros sintomas, além de gerar incapacidade3.
A
espasticidade é caracterizada pela desordem do controle sensório-motora,
resultante de uma lesão no neurônio motor superior, e apresenta-se com ativação
involuntária dos músculos de forma intermitente ou sustentada9.
Dados mostram que, após o episódio de AVC, em até três meses o paciente pode
começar a apresentar esses sintomas10,11,12. “O paciente que teve um
AVC precisa ser amparado por uma equipe multidisciplinar que irá orientar sobre
sinais e sintomas. A espasticidade, por exemplo, só é diagnosticada por
neurologistas e fisiatras e o tratamento envolve uma equipe de múltiplas
especialidades, com fisioterapeutas, ortopedistas, enfermeiros, terapeutas
ocupacionais, dentre outros. A funcionalidade do paciente deve ser sempre a
meta da equipe que está ao redor dele3,13”, relata.
Dentre
as possibilidades de tratamento, o paciente pode contar com medicamentos orais
e injetáveis3,13. Estudos5 indicam que a toxina
botulínica A pode ser eficaz em mais da metade dos pacientes
com espasticidade pós-AVC, tanto nos membros superiores, quanto inferiores após
uma única primeira injeção. “Hoje as possibilidades de tratamento são inúmeras
e afetam de maneira significativa e positiva a vida do paciente, desde os que
tiveram episódios de derrame mais recente, até aqueles que são os mais
crônicos, ou seja, que já tiveram o AVC há um período de tempo mais longo”,
comenta a Dra. Linamara. “O tratamento é fundamental para a prevenção da
incapacidade, melhora da funcionalidade e para a adaptação para uma vida sempre
bem relacionada com o mundo exterior”, completa a especialista.
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Referências
1. Link Acessado em Outubro de 23.
2. Hammis J et al 2021 Neurologia| Neuro chirurgia Polska Vol 55 Acessado em Outubro de 23.
3. Link Acessado em Outubro de 23.
4.Link Acessado em Outubro de 23.
5. TOXINS - The Efectiveness of Botulinum Toxin Type A(BoNT-A) Treatment in Brazilian Patients withChronic Post-Stroke Spasticity: Results from the Observational, Multicenter, Prospective BCause Study, Publicado em dezembro de 2020.
6. Link Acessado em Outubro de 23.
7. Hammis J et al 2021 Neurologia| Neuro chirurgia Polska Vol 55
8. Link Acessado em Outubro de 23.
9. Pandyas AD, et al. Disabil Rehabil. 2005; 27 (12):26.
10. Wissel et al.,2015
11. Doussoulin et al.,2020
12. Zeng et al.,2021
13. Nair, K,P,S and Mrsden, J The management of spasticity in adults. BMJ 2014;349:g4737
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