Imagine você acordar em um belo dia e, ao olhar para o espelho, deparar-se com o rosto paralisado ou mesmo disforme? Uma situação terrível, sem dúvida – que até parece cena de filme, novela. Mas não está restrita apenas à ficção, infelizmente. A cada ano, estima-se que cerca de 80 mil brasileiros vivam esse drama, na vida real.
A paralisia facial idiopática, também chamada de paralisia de Bell, é uma
emergência médica e deve fazer o paciente procurar um pronto-socorro para o
primeiro atendimento o quanto antes. A precocidade do diagnóstico e tratamento
é fator crucial no resultado de melhora ou cura.
Esse tipo de alteração está diretamente associado à
inflamação ou inchaço do nervo facial. Quando afetado por alguma razão,
esse nervo provoca sintomas como boca torta, dificuldade para movimentar o
rosto e/ou falta de expressão em uma parte da face, o que também pode alterar
de forma marcante a comunicação e a autoestima das pessoas.
As causas, entretanto, podem ter diferentes naturezas: estresse, baixa
imunidade, mudança repentina de temperatura, doenças neoplásicas ou até mesmo
idiopáticas – ou seja, sem causas definidas.
Tipos
Há dois tipos principais de paralisias da face: as centrais - ou seja, do
sistema nervoso central, que são decorrentes de AVC (acidente vascular cerebral),
doenças degenerativas ou tumores; e as paralisias faciais periféricas, que
podem ser traumáticas, infecciosas, congênitas, tumorais, metabólicas e
idiopáticas - conforme já destacado anteriormente.
Cada uma tem um tipo específico de tratamento que deve ser orientado pelo
médico. Alguns pacientes necessitam de exames auxiliares, como as audiometrias
e impedanciometrias, exames de imagem (tomografia computadorizada e ressonância
magnética) e eletrofisiológicos, além de exames laboratoriais, até chegar ao
diagnóstico exato.
Na maioria das vezes, contudo, o diagnóstico da paralisia facial é feito por
meio da observação médica. O sintoma que mais chama a atenção é a perda súbita,
parcial ou total dos movimentos de um lado da face, mal que pode agravar-se
durante alguns dias seguidos.
Sinais como boca torta, que fica mais evidente quando se tenta sorrir;
incapacidade de fechar completamente um dos olhos, de levantar uma das
sobrancelhas ou de franzir a testa; dor ou formigamento na cabeça ou na
mandíbula; e aumento da sensibilidade do som em um dos ouvidos, além alterações
do paladar, também são comuns e devem ser observados.
Tratamentos
A maioria dos casos de paralisia facial é transitória, com vários tratamentos
possíveis, a depender das causas. No caso da paralisia facial periférica, o
tratamento é sintomático e inclui o uso de medicamentos, fisioterapia e
fonoaudiologia. Não existe uma conduta terapêutica padrão à doença. Depende de
cada caso.
A melhora, por sua vez, pode depender do tipo e da extensão do dano sofrido
pelo nervo facial, das condições clínicas e da idade do paciente. Em grande
parte dos casos, a paralisia facial costuma regredir à medida que o inchaço do
nervo diminui espontaneamente.
Nesse contexto, a fisioterapia e fonoterapia são importantes aliadas para
estimular a musculatura da mímica facial e da fala, bem como evitar contraturas
e atrofia das fibras musculares.
Dr. José Ricardo Gurgel Testa - médico do Hospital
Paulista, formado pela Escola Paulista de Medicina, com mestrado e doutorado em
Otorrinolaringologia/Cirurgia de Cabeça e Pescoço pela Unifesp e livre docência
em Otorrinolaringologia pela Unifesp.
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