Produtos
que contêm enzima lactase permitem consumo de derivados do leite para pessoas que convivem com algum grau de intolerância Crédito: Envato |
Pesquisa indica que 80% dos negros e 100% dos descendentes de japoneses convivem com o problema; desafio é oferecer alternativas que garantam qualidade de vida a essas pessoas
Embora o leite seja o segundo alimento mais
consumido no planeta, ficando atrás apenas do milho, a maior parte da população
apresenta algum grau de intolerância ao açúcar do leite. No Brasil, 51% da
população tem tendência a desenvolver intolerância à lactose, segundo estudo
realizado pelo laboratório de genética Genera. Além disso, uma pesquisa
conduzida pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) sugere
que a raça e a cor influenciam na digestão da lactose: 57% dos brancos e
pardos, 80% dos negros e 100% dos descendentes de japoneses no Brasil
apresentam algum grau de intolerância.
Esse cenário desafiador acelerou, nos últimos anos,
as pesquisas para o desenvolvimento de produtos contendo a enzima lactase, o
que permite que essas pessoas consumam produtos com leite sem reações adversas.
Atualmente, é possível encontrar no mercado versões mastigáveis, odispersíveis
e para serem ingeridas com água. Chegar a esses resultados demanda anos de
pesquisas e o envolvimento de centenas de profissionais para testar
formulações, explorar novos formatos e até aprimorar os sabores.
Investimento em pesquisa
A indústria farmacêutica Prati-Donaduzzi investe 5%
do faturamento líquido em pesquisa, inovação e desenvolvimento de novos
produtos, um valor que deve ultrapassar os R$ 80 milhões em 2023. Atualmente,
188 estão em fase de desenvolvimento em diversas áreas e devem ser lançados no
mercado nos próximos 10 anos. O Sensilatte, uma das opções da
farmacêutica com a enzima lactase, começou a ser desenvolvido em 2017. O
objetivo inicial era criar um produto orodispersível, ou seja, de dissolução
rápida em contato com a boca e a saliva. Hoje, ele é o único produto no mercado
brasileiro com essa característica.
“Tínhamos a demanda de produzir algo mais prático,
que pudesse ser levado na bolsa e, quando uma pessoa estivesse em uma pizzaria,
bastasse colocar o comprimido na boca. Em questão de segundos, ele se
desintegraria, permitindo que a pessoa comesse a pizza sem nenhum problema”,
conta o supervisor de novos produtos da Prati-Donaduzzi, Vanderson Galan.
“Realizamos estudos prévios, testamos vários excipientes até chegarmos a um modelo
que consideramos ideal. A partir daí, iniciamos a produção em lotes-pilotos
para testar o processo”, complementa Galan.
Todo o processo, desde a concepção até chegar ao
formato final, que possui um formato abaulado no meio para que o
comprimido se dissolva integralmente, demorou cerca de dois anos e envolveu
mais de 100 profissionais. Em 2019, o produto foi lançado no mercado em versões
baunilha e natural, e agora novos sabores estão sendo desenvolvidos para
exportação.
Atualização constante
A supervisora de produtos nutracêuticos, Larissa
Tescaro de Paulo, explica que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) revisa constantemente suas normas, o que leva à atualização contínua
dos produtos já disponíveis. “Estamos sempre estudando o produto para cumprir
todos os requisitos, conforme novas normas vão sendo atualizadas. Isso dá mais
segurança para quem usa e faz com que a indústria invista cada vez mais em
inovação”, afirma Larissa.
Prati-Donaduzzi,
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