Crédito: Envato |
Desde o início do século, a expectativa de vida em todo o mundo vem aumentando. No Brasil, de acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021, a expectativa de vida média no país era de 77 anos, enquanto em 2020 era de 76,8 anos. Em um intervalo de 10 anos, a expectativa de vida no Brasil teve um aumento de quase 3 anos, considerando que em 2011, esse número estava em 74,08 anos.
Nesse contexto, os avanços tecnológicos têm
desempenhado um papel fundamental na redefinição da velhice, prolongando a
qualidade de vida dos idosos e impactando diretamente as dinâmicas sociais da
terceira idade. Entretanto, para o antropólogo e professor do mestrado
e doutorado em Gestão Ambiental da Universidade Positivo (UP), Mario Sergio
Michaliszyn, envelhecer no Brasil continua sendo um desafio, pois a sociedade
brasileira não está preparada para enfrentar o envelhecimento da população.
"O país carece de políticas públicas eficazes que atendam
significativamente as demandas dos idosos, e, além disso, a sociedade como um
todo age de forma preconceituosa e discriminatória em relação a qualquer tipo
de diferença, e o envelhecer não foge a essa regra", relata o antropólogo.
No âmbito da saúde, a tecnologia trouxe inúmeros
benefícios aos idosos, melhorando a vitalidade e promovendo a independência
dessa população, aponta a doutora em Ciências da Saúde e professora do curso
de Medicina da UP, Mariane Rigo Laverdi. "Além de equipamentos como
aparelhos auditivos e dispositivos de mobilidade, que ajudam a prevenir
acidentes, a tecnologia aprimorou questões como o monitoramento remoto, a
telemedicina e aparelhos de ginástica adaptados para os mais idosos, auxiliando
na promoção e manutenção da saúde e bem estar", destaca. Em contrapartida,
Mario acredita que, no Brasil, as pessoas são consideradas idosas desde muito
cedo, com apenas 60 anos de idade. E, mesmo ainda tendo saúde e disposição para
manter-se ativos, são facilmente descartados em vários setores da sociedade,
que negligencia a importância das experiências e vivências dos mais velhos. “O
escritor Ivan Illich fazia uma correlação entre a capacidade produtiva,
econômica e o envelhecimento, no qual os idosos são vistos como improdutivos,
e, por conta disso, lidam com a negação do mercado e das políticas públicas”,
analisa.
A doutora ainda ressalta que esse aumento da
expectativa de vida, aliado à queda nas taxas de natalidade, têm contribuído
para o envelhecimento da população e que isso traz desafios em diversas áreas
da sociedade, com impactos no mercado de trabalho, na previdência social e na
necessidade de distribuição de recursos, especialmente na área da saúde.
"É preciso distribuir esses recursos de forma justa, considerando a
demanda e a capacidade financeira dos sistemas de saúde, até porque a
necessidade de leitos hospitalares e profissionais especializados é maior para
os idosos", detalha a médica, salientando que, ao mesmo tempo, esses
desafios trazem oportunidades de negócio, abrindo espaço para empresas que
desenvolvem produtos e serviços para a população mais velha.
O envelhecimento populacional é uma realidade, e a
expectativa é que a população continue a viver cada vez por mais tempo. Por
isso, Michaliszyn defende que é fundamental que a sociedade se prepare para
esse fenômeno, aprendendo a reconhecer o valor do idoso e suas contribuições ao
longo da vida. Isso inclui revisar políticas públicas relacionadas às condições
de vida da população, como segurança, educação, trabalho e previdência, e
reconhecer que todos têm um papel importante, desde o nascimento até o último
dia de vida. "Tudo isso implica em revisar nossos padrões culturais sobre
o envelhecimento e enfrentar o etarismo, que, infelizmente, está cada vez mais
presente na população", alerta o antropólogo.
A médica destaca que, para alcançar a "melhor
idade" nas melhores condições possíveis, é necessário um planejamento com
foco nos cuidados com a mente e o corpo. "Esses cuidados são essenciais
para que o indivíduo possa combinar longevidade com qualidade de vida, já que,
com o avanço da idade, é normal perder massa muscular, flexibilidade e ter
queda na função dos órgãos, além do declínio das funções cognitivas",
enfatiza Mariane. Ela reforça a importância de bons hábitos alimentares e
atividades físicas para alcançar o objetivo de envelhecer de forma saudável.
Universidade Positivo
Nenhum comentário:
Postar um comentário