Há muito tempo o País espera por uma reforma
tributária, mas com o texto proposto, o setor de Saúde e Segurança no Trabalho
será fortemente impactado
Parece
que depois de muitos anos a reforma tributária finalmente deu a largada do que
parece ser seu momento mais decisivo: a formatação de uma proposta final e de
consenso para ser votada ainda esse ano.
Contudo,
o que se pôde perceber é que haverá um forte impacto no setor de prestação de
serviços, onde se enquadram as empresas de saúde e segurança no trabalho.
Em
linhas gerais, as PECs 45 e a 110 sugerem a substituição de cinco impostos –
IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS – por uma alíquota única que vem sendo chamada de
Imposto sobre Bens e Serviço (IBS), além de um Imposto Seletivo (IS) para
desestimular segmentos nocivos à saúde, como bebidas alcóolicas e cigarro. É
uma reforma tributária sobre consumo, pois as outras esferas tributárias –
propriedade, renda e folha de pagamento – ficaram para um segundo momento.
O
objetivo é estabelecer uma alíquota única, que ninguém sabe ao certo qual será.
Do ponto de vista setorial, pode ficar abaixo ou acima do que um determinado
segmento recolhe atualmente. Por mais que haja uma transição prevista e que a
simplificação tributária traga mais eficiência – e menos custos – na aferição
dos impostos, a preocupação geral, inclusive do setor de saúde e segurança no
trabalho, reside na possibilidade de aumento de impostos.
Empresas de SST estão preocupadas
O
conceito da alíquota única está baseado nos moldes do imposto sobre valor
agregado (IVA) e considera acúmulo de crédito de impostos pagos ao longo de uma
cadeia. O problema é que o setor de serviço, onde está a maior parte das
empresas de SST, tem boa parte de seus custos alocados na mão-de-obra – que não
será discutida nessa fase da reforma – e não conseguiria acumular crédito para
neutralizar a alíquota única.
Para
Ricardo Pacheco, presidente da ABRESST (Associação Brasileira de Empresas de
Saúde e Segurança no Trabalho) e da Oncare Saúde, as empresas especializadas
têm razão para estarem preocupadas. “Suponha que uma empresa pague ISS na base
de 3%, 4%, no máximo 5% e há a possibilidade de uma alíquota uniforme de 25%.
Como ela vai aproveitar crédito se não compra insumo e tem só mão-de-obra? Tem
uma certa racionalidade, mas é preciso lembrar que hoje, esses 4%, 5% são
cumulativos, ele é incorporado no preço do serviço quando vende para outra
empresa, que por sua vez, não aproveita esse crédito, então isso é despesa”.
O
presidente da entidade defende um tratamento diferenciado para o setor.
“Esperamos que o setor de SST tenha um tratamento diferente na reforma, assim
como está sendo proposto para a saúde. Em boa parte dos países da OCDE que
adotaram um sistema de alíquota única, essa diferenciação existe. Mesmo nos
discursos dos representantes de governo envolvidos com a reforma isso já está
no radar. Mas como isso será de fato feito ainda não se sabe também. Defendemos
a redução na base de cálculo ou uma alíquota menor para as empresas de SST”.
As
empresas de SST têm um papel fundamental para o País
As
empresas de Saúde e Segurança no Trabalho desempenham um papel fundamental no
Brasil para garantir a proteção e bem-estar dos trabalhadores em seus ambientes
de trabalho.
“Essa
importância se baseia em vários fatores que contribuem para a melhoria das
condições de trabalho e a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais”, reafirma
Ricardo Pacheco
O
médico e presidente da ABRESST elenca algumas razões que fazem com que essas
empresas sejam essenciais para o País:
·
Prevenção
de acidentes: As empresas de SST trabalham para identificar riscos e
implementar medidas preventivas para evitar acidentes no ambiente de trabalho.
Isso reduz também o número de lesões, garantindo um ambiente mais seguro para
os trabalhadores.
·
Redução
de doenças ocupacionais: Essas empresas também ajudam a identificar fatores que
podem levar ao desenvolvimento de doenças ocupacionais, como problemas
respiratórios, lesões musculares, estresse e doenças mentais. Ao adotar medidas
preventivas, é possível reduzir a incidência dessas doenças e melhorar a
qualidade de vida dos trabalhadores.
·
Cumprimento
da legislação: O Brasil possui uma legislação trabalhista e de segurança muito
abrangente e rigorosa. As empresas de SST auxiliam as organizações a cumprirem
as normas e regulamentações, evitando multas e sanções legais, além de proteger
a reputação das empresas.
·
Aumento
da produtividade: Trabalhadores saudáveis e seguros tendem a ser mais
produtivos. Ao investir em saúde e segurança no trabalho, as empresas podem
reduzir o absenteísmo e a rotatividade de funcionários, melhorando a eficiência
e a produtividade geral do negócio.
·
Responsabilidade
social e imagem da empresa: Empresas que priorizam a saúde e a segurança de
seus funcionários demonstram um alto grau de responsabilidade social. Essa
atitude pode melhorar a imagem da empresa perante os clientes, investidores e a
sociedade em geral, tornando-se um diferencial competitivo positivo.
·
Impacto
econômico: Acidentes de trabalho e doenças ocupacionais têm um impacto
significativo na economia, gerando custos com licenças médicas, indenizações,
processos judiciais e outros. Ao investir em prevenção, as empresas contribuem
para a redução desses custos e para a sustentabilidade do sistema de saúde do
País.
“As
empresas de Saúde e Segurança no Trabalho desempenham um papel vital para
proteger a força de trabalho do Brasil, promovendo um ambiente laboral mais
seguro e saudável, reduzindo custos e aumentando a produtividade. Além disso,
contribuem para o desenvolvimento econômico sustentável e para uma sociedade
mais justa e responsável. Por isso merecem um olhar especial em qualquer que
seja o projeto de reforma tributária”, completa Ricardo Pacheco, presidente da
ABRESST.
ABRESST
- Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho
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