O ator Stenio Garcia e as cantoras Madonna e Preta Gil têm algo em comum: passaram por episódios recentes de sepse, levantando mais uma vez a questão da importância de conhecer os sinais e sintomas dessa condição que, embora seja considerada prioridade de saúde mundial, é desconhecida por mais de 80% dos brasileiros, segundo pesquisa Datafolha realizada em 2017, a pedido do ILAS (Instituto Latino-americano de Sepse).
A incidência
no Brasil é alta, segundo dados compilados pelo ILAS. Em 2017, foram
registrados 430 mil casos em UTIs, com uma letalidade de 55%, ou seja, 230 mil
mortes. Não à toa, a sepse é hoje uma prioridade mundial de saúde, pois são
registrados entre 47 milhões e 50 milhões de casos todos os anos, com uma
letalidade elevada: 11 milhões de mortos, ou uma morte a cada 2,8 segundos.
Conhecida
antigamente como infecção generalizada ou ainda como septicemia, a sepse é uma
resposta inadequada do próprio organismo contra uma infecção que pode estar
localizada em qualquer órgão. Essa resposta inadequada pode levar ao mau
funcionamento de um ou mais órgãos, com risco de morte quando não descoberta e
tratada rapidamente. A infecção pode ser bacteriana, fúngica, viral,
parasitária ou por protozoários.
“Mudar esse
quadro depende de aumentar a percepção de leigos, profissionais de saúde,
políticos e formadores de opinião sobre o que é, como identificar e tratar a
doença”, afirma a Dra. Flavia Machado, do ILAS. Também são prioridades do ILAS,
instituição sem fins lucrativos, fundada em 2005, aprofundar e difundir os
conhecimentos sobre sepse e infecções graves, coordenar estudos clínicos e
epidemiológicos e apoiar instituições de saúde a melhorar a qualidade
assistencial dos pacientes com sepse e sobreviventes.
“Ao longo
dos últimos 18 anos, o ILAS treinou mais de 500 instituições brasileiras. Se o
público em geral souber um pouco mais sobre os sintomas, e os profissionais
sobre os protocolos, que ajudam a diagnosticar rápido a sepse e tomar a melhor
decisão clínica, conseguiremos ao menos mudar o desfecho dos casos cujas mortes
seriam evitáveis”, afirma a especialista.
O
diagnóstico da sepse é feito com base na identificação do foco infeccioso e na
presença de sinais de mau funcionamento de órgãos. Não há exames específicos,
mas sim aqueles voltados para a identificação da presença de infecção, como um
hemograma, e para a identificação do foco, como radiografia de tórax, e exames
de urina.
É também
importante a identificação do agente infeccioso, com coleta de culturas de
todos os sítios sob suspeita de infecção, mas principalmente do sangue. Outros
exames ajudam a identificar a presença de mau funcionamento dos órgãos,
principalmente o chamado lactato, que mostra se a oferta de oxigênio aos
tecidos está adequada.
“Qualquer
tipo de infecção, leve ou grave, pode evoluir para sepse. As mais comuns são a
pneumonia, infecções na barriga e infecções urinárias. Por isso, quanto menor o
tempo com infecção, menor a chance de surgimento da sepse. Para tal, o
reconhecimento precoce, o tratamento e adequado rápido da infecção são
estratégias que devem ser adotadas”, diz a médica.
O risco de
sepse pode ser diminuído, principalmente em crianças, respeitando-se o
calendário de vacinação. Uma higiene adequada das mãos e cuidados com os
equipamentos médicos podem ajudar a prevenir infecções hospitalares que levam à
sepse. A especialista esclarece ainda que a sepse não acontece só por causa de
infecções hospitalares. “Bons hábitos de saúde podem ajudar, além de se evitar
a automedicação e o uso desnecessário de antibióticos”, conclui.
Nos sites do
ILAS é possível encontrar informações, materiais e orientações para as
instituições de saúde utilizarem no processo de implementação do protocolo
gerenciado de sepse (www.ilas.org.br;
www.diamundialdasepse.com.br;
e Youtube)
e também para o público em geral conhecer mais sobre a doença e os sintomas
e a reabilitação pós-sepse (https://reabilitasepse.com.br/
e Youtube).
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