Médico endocrinologista pediátrico e
membro da ABRASSO, Dr. Guido de Paula Colares Neto comenta sobre os
principais sinais que podem levar ao diagnostico
Durante a faixa
pediátrica nós ganhamos uma média de 60% a 80% da nossa massa óssea. Por isso é
importante identificar os elementos que estão associados a formação de massa
óssea durante a infância. Nesse sentido, o médico declara que a osteoporose é
uma doença da criança que muitas vezes pode se manifestar durante a infância e
na vida adulta.
Segundo Dr. Guido
de Paula Colares Neto, endocrinologista da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo
(ABRASSO), as causas da osteoporose podem ser divididas em dois grupos:
primárias e secundárias. As causas primárias incluem a osteogênese imperfeita,
uma doença genética que resulta em fragilidade óssea devido a mutações nos
genes do colágeno tipo 1, que compõe a matriz óssea. Isso leva a uma estrutura
óssea semelhante a uma parede construída sem cimento, tornando-a facilmente
quebrável. Outra causa primária é a osteoporose idiopática juvenil, que também
está relacionada a fatores genéticos. Nesse caso, a criança tende a ter
fraturas antes da puberdade, mas o quadro melhora quando a puberdade se inicia.
No entanto, podem ocorrer deformidades decorrentes das fraturas anteriores,
resultando em déficits motores.
“A osteogenesis
imperfecta pode se manifestar de várias formas durante a infância, desde
fraturas múltiplas até formas mais leves na adolescência ou mais tarde. Além
das fraturas, a criança pode apresentar características como esclera azulada,
dentes acinzentados, deformidades ósseas e hipermobilidade articular’, pontua o
Dr. Guido de Paula Colares Neto.
Já as causas
secundárias estão relacionadas principalmente ao uso de medicamentos, como
glicocorticoides, em crianças. O uso prolongado e em doses elevadas desses
medicamentos pode levar a uma maior reabsorção óssea e, consequentemente,
aumentar o risco de osteoporose.
O endocrinologista
pediátrico salienta que quando falamos de osteoporose infantil, o diagnóstico é
baseado em fraturas, que são graves e desproporcionais ao mecanismo de trauma.
Por exemplo, uma criança pode fraturar o fêmur ao se virar para falar com os
pais ou quebrar a tíbia e a fíbula ao cair da própria altura. Fraturas
vertebrais também são um sinal a ser observado, geralmente acompanhadas de dor
nas costas e limitação de atividades, resultando em déficits motores
posteriores.
“O diagnóstico de osteoporose
na infância é feito quando há uma fratura vertebral, ou duas fraturas em ossos
longos, como úmero, rádio, fêmur, tíbia e fíbula, antes dos 10 anos ou três
fraturas em ossos longos antes dos 19 anos”, menciona o especialista.
Além disso, existem
fatores de risco que aumentam a probabilidade de osteoporose em crianças. Isso
inclui baixa ingestão de cálcio ou vitamina D, desnutrição, uso de
anticonvulsivantes que afetam o metabolismo da vitamina D, uso de
glicocorticoide que prejudica a absorção intestinal de cálcio, presença de
doenças crônicas que afetam a absorção de cálcio e fósforo, e limitação de
locomoção, como em casos de doenças neurológicas que resultam em baixa
atividade física.
“A densitometria é
um exame importante para avaliar a massa óssea na infância, podendo ser
realizado desde lactantes até a adolescência. Priorizamos a coluna lombar e o
corpo inteiro da criança, excluindo a cabeça,para evitar influência da
mineralização craniana. A densitometria é um exame de baixa radiação, rápido e
fornece informações precisas sobre a quantidade de massa óssea. Não usamos o
termo "osteopenia" na infância, preferindo descrever como baixa
densidade mineral óssea para a idade e o sexo. A densitometria tem limitações,
como influência da altura da criança e presença de artefatos. O raio-x de
coluna toracolombar em perfil é útil para avaliar fraturas vertebrais e
monitorar a osteoporose infantil. A densitometria é uma ferramenta importante
na avaliação do metabolismo ósseo”, explica o médico da ABRASSO.
De acordo com o
endocrinologista, o tratamento da osteoporose na infância e adolescência
envolve uma equipe multidisciplinar de especialistas, como endocrinologistas,
reumatologistas, ortopedistas, nefrologistas, fisioterapeutas, nutricionistas,
assistentes sociais e educadores físicos.
“Pontos
importantes do tratamento incluem ajustes nos medicamentos que podem afetar a
saúde óssea, como glicocorticoides e anticonvulsivantes, em conjunto com os
médicos responsáveis. Garantir uma ingestão adequada de cálcio e vitamina D é
essencial, especialmente durante os primeiros anos de vida, a adolescência e o
estirão puberal. Estimular uma dieta rica nesses nutrientes e utilizar
suplementos, se necessário, ajuda a atender às necessidades específicas de cada
faixa etária’’, ressalta o médico.
Em relação a
atividade física, ela é altamente recomendada para crianças, pois estimula a
remodelação óssea. Ela testa e fortalece os ossos ao longo do tempo, ajudando a
evitar fragilidades. O mínimo recomendado é de 150 minutos por semana. Para
crianças com fragilidade óssea, devem ser evitados esportes de contato e pode
ser indicado atividades aquáticas, como hidroterapia ou fisioterapia, para
estimular a formação óssea e promover a saúde óssea no futuro.
Quando
acrescentamos fármacos ao tratamento da osteoporose infantil, são utilizados
bisfosfonatos para reduzir a reabsorção óssea e promover o ganho de massa óssea
ao longo do tempo. Esses medicamentos são prescritos pelo médico, levando em
consideração a condição da criança, a doença de base e o número de fraturas.
“Os
bisfosfonatos podem ser administrados oralmente ou por via intravenosa, e
existem diferentes tipos com diferentes potências. É importante ressaltar que
essas medicações devem ser indicadas pelo médico. Embora existam outras classes
de medicamentos, os bisfosfonatos são os principais utilizados no tratamento da
osteoporose infantil”, destaca o médico.
O especialista
conclui salientando que não devemos subestimar o diagnóstico de osteoporose em
crianças e lembrar que elas podem apresentar fatores de risco. Se houver algum
sinal de alerta, como doenças de base ou fraturas com mecanismo incomum, é
importante investigar. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado reduzem as
futuras comorbidades e melhoram a qualidade de vida da criança.
“A densitometria e o raio-x de coluna são exames de imagem que
podem auxiliar no diagnóstico, e os exames laboratoriais, como cálcio, fósforo,
fosfatase alcalina, PTH, vitamina D, calciúria e creatinúria em amostra
isolada, fornecem informações sobre o estado ósseo. É fundamental conscientizar
que a osteoporose também pode afetar crianças e que o diagnóstico precoce é
essencial”, pontua o endocrinologista pediatra.
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