“O tempo voa!”… Quem nunca ouviu ou disse essa profunda e
inevitável verdade? É perceptível como o tempo registra os acontecimentos desde
a fascinante concepção humana até sua finitude. Independente do passado ou do
futuro, se é que este existe, o tempo está presente, e o sentimos de forma
pessoal e no “viver a vida”.
Para alguns, o tempo é uma dádiva que a vida oferece, assim como
tantas outras que estão ao dispor da humanidade. Já para outros, é desafio,
pois em meio ao ritmo frenético da vida contemporânea, enveredada por tantas
obrigações e pressões internas e externas, como ser protagonista do próprio
tempo, quando estão à mercê de produzir e dar resultados cada vez mais
elevados? Seja na área profissional ou pessoal, “naturalmente” veem o tempo
voar e sentem-se invadidos pelo sentimento de culpa e frustração por não haver
desfrutado daquele momento como desejavam.
Este sentimento pode ocorrer até mesmo no tempo de lazer que
deveria ser direcionado a proporcionar bem-estar e recompor a energia por meio
da diversão, do entretenimento, da interação social, do autocuidado. Ainda que
o lazer vise gerar bem-estar, não é incomum observar que após um fim de semana,
feriado prolongado ou férias, há pessoas que demonstram arrastar uma exaustão
inexplicável.
Fica a reflexão: estamos utilizando o tempo de lazer para
revigorar a alma, aguçar a esperança, renovar o olhar e estar entre pessoas que
acalentam o coração? Se isto não está acontecendo é importante parar e avaliar
qual a origem do mau-humor, do cansaço ou do estresse, uma vez que tais
momentos deveriam trazer leveza, descanso e vigor. O que está consumindo a sua
energia? Se há ou não uma resposta, a dica é olhar para dentro de si e analisar
se é o momento de ajustar a rota.
Ainda que permaneça vivendo numa sociedade emaranhada no prazer
imediato, no consumo impulsivo e por sobrecarga de informações, talvez seja
hora de reconsiderar as pequenas e simples experiências com momentos
agradáveis consigo mesmo e com outras pessoas.
Desafie-se a descobrir
quais atividades de lazer prazerosas que se ajustam à sua realidade econômica e
à sua rotina. Priorize a qualidade do que se faz em detrimento da quantidade e
intensidade. Mesmo que o tempo de lazer seja breve, pois repentinamente a
segunda-feira chega ou as férias acabam, e o que importa é descansar e se
sentir realizado e satisfeito com o seu tempo de lazer.
Após redefinir a rota, exercite a gratidão pelo único momento que
existe, e que pode viver integralmente, e escolha ser e estar presente, porque
o ontem passou e o amanhã não se sabe se chegará. Lide da melhor maneira
possível com o prazer de viver o aqui e agora! O tempo de lazer é o único tempo
que você pode dizer que é plenamente seu, portanto, não “terceirize” e maneje-o
com equilíbrio, para que ele seja um aliado em sua saúde mental, física e
espiritual.
Kelli Aparecida da Silva Pontes - psicóloga e pós-graduada em
saúde mental. Atua como psicóloga clínica e organizacional na Fundação João
Paulo II.
Nenhum comentário:
Postar um comentário