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sexta-feira, 7 de julho de 2023

Dia do Oncologista Clínico: evolução a caminho da cura definitiva do câncer

Os 45 anos de experiência de Fernando Medina o fazem acreditar em grandes transformações nos próximos dez anos

 

 Nove de julho, Dia do Oncologista Clínico, celebra a especialidade da medicina criada para tratar uma doença cuja história remonta séculos. O médico Hipócrates, por volta do ano de 400 a.C., viu semelhanças entre tumores alimentados por vasos sanguíneos salientes e o caranguejo. Foi então que teria surgido o termo “câncer”, segundo Siddhartha Mukherjee, autor de “O Imperador de Todos os Males: Uma Biografia do Câncer”. O livro relata os esforços contínuos atrás de tratamentos na expectativa da cura definitiva da doença, possibilidade próxima, acredita Fernando Medina, oncologista clínico do Centro de Oncologia Campinas.

Complexa, a oncologia clínica é conduzida pelas especificidades de uma neoplasia que desafia a saúde física e envolve aspectos psicológicos, como sentimentos ligados à finitude. Se dedica ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pacientes com câncer, ou seja, é parceira de caminhada. No Brasil, a história da especialidade remonta ao início do século 20 e retrata avanços significativos ao longo das décadas.

“A oncologia clínica no Brasil continua a evoluir. Os profissionais da área buscam constantemente atualizações e novas abordagens terapêuticas. Há um enfoque crescente na medicina de precisão, que utiliza informações genômicas e moleculares para direcionar o tratamento do câncer de forma mais personalizada”, cita.

O especialista do COC dedicou os últimos 45 anos à oncologia clínica. Fundou a disciplina, a residência e a pós-graduação em oncologia clínica na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia e da Sociedade Paulista, professor universitário e liderou pesquisas na área.

“Eu particularmente sou um fanático pela especialidade. Meu prazer não é exclusivamente atender um paciente com câncer. É também toda a parte de ensino e pesquisa. Me sinto bem em desenvolver esse tripé de assistência, ensino e pesquisa”, descreve Fernando Medina, também presidente do Centro de Estudos e Pesquisa de Campinas (Cepoc).

Fernando Medina acompanhou a transformação da oncologia clínica no Brasil e, com propriedade, atesta os avanços. “Quando comecei, havia poucas opções de quimioterápicos em uso, a parte de educação comunitária praticamente não existia. Naquela época, o câncer era uma doença que praticamente significava o diagnóstico de morte”, recorda.

Defensor e ator da evolução do tratamento oncológico, hoje vivencia a possibilidade de aplicar a seus pacientes a medicina personalizada, que consiste no uso de biomarcadores capazes de detectar traços genéticos e guiar as formas de abordagem, ou mesmo a imunoterapia, que leva o próprio sistema imunológico a criar meios de identificar e combater as células cancerígenas.

Diante de tudo que presenciou e empreendeu, Medina compartilha da visão positiva que norteia todos os esforços desprendidos pelos oncologistas nas últimas décadas. “Tenho certeza absoluta que nos próximos dez anos vamos conseguir a cura definitiva dessa doença, em razão da evolução que estamos tendo nos últimos anos”, acredita.


 Evolução

Fernando Medina descreve que, no início do século 20, o câncer era tratado principalmente pela cirurgia, com poucas opções terapêuticas disponíveis. “A radioterapia começou a ser utilizada na década de 1920, mas ainda de forma limitada. A quimioterapia, por sua vez, surgiu na década de 1940, com o uso do gás mostarda para tratar o câncer de linfoma”, detalha.

Nos anos 1950 e 1960, houve um crescimento no interesse pela oncologia clínica no Brasil. “O Instituto Nacional do Câncer (INCA), fundado em 1940, desempenhou um papel fundamental nessa época. Em 1953, o INCA estabeleceu a primeira clínica de oncologia no país, proporcionando atendimento especializado a pacientes com câncer”, informa.

Durante as décadas de 1970 e 1980, a oncologia clínica começou a se desenvolver de forma mais ampla. Novas técnicas de diagnóstico, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, foram introduzidas e ajudaram a aprimorar o diagnóstico e o estadiamento do câncer. Além disso, agentes quimioterápicos foram desenvolvidos, aumentando as opções de tratamento disponíveis.

“A partir dos anos 1990, houve uma expansão significativa da oncologia clínica no Brasil. O acesso a tratamentos mais avançados, como terapia-alvo e imunoterapia, se tornou mais amplo. Centros de excelência em oncologia foram estabelecidos em várias regiões do país, oferecendo tratamento multidisciplinar e integrado a pacientes com câncer”, recorda Medina.

O progresso na oncologia clínica brasileira continuou no século XXI. Houve avanços na compreensão dos mecanismos moleculares do câncer, o que levou ao desenvolvimento de tratamentos personalizados e direcionados. Além disso, o aumento do investimento em pesquisa clínica e a participação em estudos internacionais contribuíram para a introdução de novas terapias e protocolos de tratamento no país.


 Desafios

Apesar dos avanços indicados pelo oncologista clínico e da expectativa de cura, existem desafios a serem enfrentados na atualidade, como a desigualdade no acesso aos serviços de oncologia e a necessidade de aprimorar a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer. “A história da oncologia clínica no Brasil é marcada por progressos significativos, que refletem o empenho dos profissionais da área. Porém, é preciso que todos possam usufruir do que foi conquistado”, assegura.

 

COC - Centro de Oncologia Campinas


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