A demora no diagnóstico pode expor os pacientes a enfermidades cardiovasculares graves; a doença é confirmada por meio de exames de sangue simples
O Dia
Nacional do Diabetes Mellitus é celebrado em 26 de junho, uma data criada pelo
Ministério da Saúde em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS) para
conscientizar a população sobre os fatores de risco, diagnóstico e prevenção da
doença. Cerca de 13 milhões de pessoas vivem com a condição no país, segundo
estimativa da Sociedade Brasileira de Diabetes, e este número pode ser ainda
maior, tendo em vista que muitos pacientes não percebem os sinais. Com isso, o
Brasil ocupa a quinta posição no ranking mundial de pessoas com diabetes, atrás
apenas da China, Índia, Estados Unidos e Paquistão, segundo o Atlas do Diabetes
da Federação Internacional de Diabetes.
O médico cardiologista Fernando Augusto Alves
da Costa, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, um dos principais
hubs de saúde de excelência do país, relata que quando a pessoa chega ao médico
desconfiando da existência da doença, é muito provável que ela já esteja em
andamento, expondo-se a riscos e enfermidades cardiovasculares. “Os sintomas
clínicos mais comuns são aumento da vontade de urinar e de beber água,
infecções urinárias repetidas, aumento do apetite, irritabilidade, dificuldade
de concentração, cansaço e sonolência após refeições”, cita.
Além desses fenômenos, o especialista da BP
menciona as acantose nigricans, manchas escuras, com textura grossa e
aveludada, que geralmente aparecem no pescoço, nas axilas e mãos. O
surgimento dessas marcas leva o paciente a procurar um dermatologista, que
precisará investigar possíveis condições diabéticas.
O diabetes é uma síndrome metabólica
resultante da falta ou atividade inadequada da insulina produzida pelo
pâncreas, caracterizando alta concentração de açúcar no sangue. A doença é
classificada em diferentes tipos, dependendo do que provoca esse aumento. Com
base nos níveis de glicose, é possível definir a prioridade do atendimento,
considerando a taxa de até 99 mg/dL como um resultado normal.
Um segundo teste, mais preciso e definitivo
para confirmar o diagnóstico, é o de hemoglobina glicada, que fornece
informações sobre os níveis de açúcar no sangue referentes aos últimos
três ou quatro meses. O exame também permite avaliar condições pré-diabéticas
em pacientes com resistência insulínica, que podem eventualmente desenvolver
diabetes. Um nível glicêmico de 5,7% no sangue está dentro da média normal, mas
valores acima disso demandam orientação profissional.
Tanto a prevenção quanto o tratamento
rigoroso com acompanhamento médico periódico são fundamentais, ressalta
Fernando. “Quem tem diabetes nunca deverá esquecer que possui essa condição. É
preciso usar os medicamentos corretamente e rever hábitos de cotidianos,
procurando manter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas
regularmente”, afirma. Ele aponta a obesidade e o aumento da circunferência
abdominal como fatores críticos, já que ambos são responsáveis pela redução da
secreção do hormônio adiponectina, e a diminuição dessa substância está
comprovadamente relacionada ao aumento do risco de desenvolvimento do diabetes.
A recomendação do cardiologista é
incluir a investigação do diabetes na lista principal dos exames de
check-up anual, especialmente para quem possui histórico familiar
da doença, em razão da influência significativa da hereditariedade.
Principais
tipos de diabetes:
• Diabetes
tipo 1: ocorre quando o pâncreas produz pouca ou nenhuma
insulina, que é o hormônio responsável por colocar a glicose dentro das células
para que seja transformada em energia, que dá vigor aos músculos. Cérebro,
coração, rins e fígado não precisam do receptor da insulina para absorver a
glicose, mas os músculos sim. Essa condição cria um paradoxo: quando a
glicose está elevada no diabetes, os músculos que precisam do receptor ficam
com falta da glicose, enquanto os órgãos citados estão com excesso e acabam se
intoxicando. Isso causa a chamada glicotoxicidade, que pode levar a sintomas
como sonolência, mal-estar e irritabilidade. O diabetes tipo 1 geralmente se
desenvolve na infância ou adolescência, tornando o indivíduo
dependente de aplicações diárias de insulina sintética ao longo da
vida. É mais comum entre pessoas brancas e em famílias com histórico da doença,
comumente associado a defeitos genéticos.
• Diabetes tipo 2: nesse caso, o
organismo vai se tornando resistente à insulina devido a falhas nos
receptores das células que fazem esse hormônio funcionar. Ou seja, mesmo que o
pâncreas seja capaz de produzir insulina, ela fica acumulada e em desuso no
organismo. À medida que a doença progride, pode levar o pâncreas à falência,
tornando o paciente insulinodependente.
• Diabetes gestacional: acontece
durante a gravidez, muitas vezes devido ao aumento de peso da gestante. É
reversível quando bem tratado.
BP – A Beneficência Portuguesa de São
Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário