Com sintomas comuns como dores nos ossos e cansaço, diagnóstico tardio reflete desconhecimento de pacientes e de profissionais da saúde;
Março, mês de conscientização sobre o
mieloma múltiplo, concentra iniciativas para informar a população
Segundo tipo de câncer sanguíneo mais frequente no mundo, o
mieloma múltiplo ainda é uma doença bastante desconhecida da maioria das
pessoas. Para ajudar a mudar esse cenário, a Fundação Internacional do Mieloma
(IMF) estabeleceu, desde 2009, março como o mês de ação do mieloma múltiplo. “É
um marco importante e uma oportunidade para disseminar informações relevantes e
educativas com o objetivo de chamar a atenção para a doença e alertar sobre os
sintomas e a importância do diagnóstico precoce”, explica Dr. Angelo Maiolino,
Professor de Hematologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O mieloma múltiplo é um tipo de câncer no sangue ainda incurável
e que afeta alguns glóbulos brancos, os plasmócitos, células encontradas na
medula óssea[1]. Quando danificadas, essas células plasmáticas se espalham
rapidamente e substituem as células normais da medula óssea por células
tumorais. Considerada uma doença do idoso, uma vez que mais de 90% dos casos
ocorrem após os 50 anos, a idade média do diagnóstico no Brasil é de 63 anos[2].
Embora alguns pacientes com mieloma múltiplo não apresentem
sintomas iniciais, mesmo após o diagnóstico, a maioria das pessoas acometidas
detecta a doença devido a manifestações como fratura nos ossos, baixa contagem
de glóbulos vermelhos, cansaço, altos níveis de cálcio, problemas renais ou
infecções.[3] Mas, além dos sintomas, existem outras informações
importantes a respeito do mieloma múltiplo que devem ser do conhecimento de
todos, de profissionais de saúde a público leigo. Confira abaixo os cinco
principais fatos sobre a doença que você deve saber:
- Sintomas semelhantes aos de
outras doenças atrasam o diagnóstico
Uma das principais características do mieloma múltiplo é que as
células cancerosas vão se se fixando nos ossos, o que causa dores e fraturas
ósseas espontâneas, ou seja, sem um trauma físico que as justifique, o que leva
muitos pacientes a se consultarem com outros especialistas, que tratam o
sintoma isoladamente, retardando a detecção da doença.1 “Existem várias
histórias de pessoas que são diagnosticadas com osteoporose, por exemplo, e
ficam meses e meses fazendo um tratamento inadequado ou insuficiente, que não atua
na causa do problema”, explica Angelo Maiolino. Por isso é muito importante que
o médico de outra especialidade investigue mais profundamente o que
pode ter levado esse paciente a apresentar tal quadro e, a partir dos
resultados de exames mais específicos, encaminhe-o ao hematologista (que é o
especialista para doenças do sangue) o mais breve possível. Além das dores
ósseas, os pacientes podem apresentar cansaço extremo, fraqueza, palidez, perda
de peso, mau funcionamento dos rins, inchaço nas pernas, sede exagerada, perda
de apetite e infecções constantes.3
- Exames de sangue simples podem
ajudar no diagnóstico
Segundo pesquisadores, o Brasil pode registrar aproximadamente
7.600 novos casos de mieloma múltiplo por ano.[4] No entanto, a doença é desconhecida mesmo entre os
profissionais de saúde. Mas há exames simples, de rotina, minimamente invasivos
que podem revelar os indícios da doença. “Baixa contagem de glóbulos vermelhos
(anemia), ou ainda o nível elevado de creatinina no sangue, por exemplo, são
sinais de algumas doenças, entre elas o mieloma múltiplo, que são facilmente
identificados por meio de um exame de sangue”, ressalta o médico. A
eletroforese de proteínas séricas, por exemplo, é um exame de baixo custo que
mede a quantidade total de imunoglobulinas no sangue e consegue diagnosticar
qualquer imunoglobulina anormal, podendo ser o primeiro passo para identificar
a doença.[5] “Por isso é importante que o paciente mantenha uma
rotina de exames e o médico esteja atento às alterações, para agilizar o
encaminhamento ao médico especializado, facilitando o diagnóstico”, completa
Maiolino.
- Acesso ao tratamento apresenta
diferenças importantes entre os pacientes do SUS e do mercado privado
Um estudo recente[6] apontou que os pacientes brasileiros com câncer
atendidos pelo SUS apresentaram, em alguns casos, duas vezes mais propensão de
morrer em decorrência da doença do que os pacientes atendidos no sistema
privado. Entre os tipos de câncer avaliados, a maior discrepância de
expectativa de vida foi observada justamente entre os pacientes de mieloma
múltiplo. “Em 2022 a DDT (Diretriz Diagnóstica de Tratamento) da doença foi
atualizada após sete anos. Apesar de significar um passo importante no
protocolo que direciona o cuidado com o mieloma múltiplo no Brasil, ainda há
uma diferença gritante entre as terapias disponíveis nos mercados público e
particular”, afirma Christel Arce, diretora de acesso da Janssen Brasil.
Atualmente o país conta com 14 medicamentos aprovados pela ANVISA para tratar
os diferentes perfis de pacientes e fases do Mieloma Múltiplo. Na rede de saúde
pública, apenas 5 opções estão disponíveis, sendo 3 delas regimes amplos de
quimioterapia. Já os usuários de planos de saúde têm acesso a outras 5 opções
de tratamentos, incluindo as tecnologias mais modernas aprovadas nos últimos
cinco anos, como anticorpos monoclonais, inibidores de proteassoma e agentes
imunomoduladores de última geração, que comprovadamente proporcionam avanços
significativos em tempo e qualidade de vida
- Medicina de precisão e novas
tecnologias
“Embora ainda não exista cura para o mieloma múltiplo, nos
últimos anos muitos estudos resultaram em tecnologias avançadas, cujas terapias
apresentam alto potencial de controlar a doença e aumentar a sobrevida dos
pacientes, mesmo aqueles em linhas tardias de tratamento, com qualidade. Nesse
sentido, a medicina de precisão desponta como uma visão de vanguarda para
tratar esses pacientes, a medida em que, por meio de uma investigação genética
profunda das malignidades, consegue proporcionar o direcionamento terapêutico
mais assertivo para as características específicas da doença em cada perfil de
paciente”, explica o Dr. Angelo Maiolino. Um avanço importante nesse campo são
os anticorpos biespecíficos, que, como o próprio nome sugere, são capazes de se
conectar simultaneamente a dois alvos celulares diferentes[7]. Dessa forma, reconhecem as células tumorais e exercem o
papel de uma ponte entre elas e as células de defesa do organismo, fazendo com
que essas últimas atuem para atacar as que estão acometidas por malignidade.
Além disso, eles podem agir bloqueando a ligação com receptores, evitando o
crescimento e a progressão tumoral.[8] “Por terem a capacidade de se ligar a dois alvos diferentes
em células distintas, os anticorpos biespecíficos abrem uma nova gama de
possibilidades nos tratamentos oncológicos, inclusive no caso dos cânceres
hematológicos, como o mieloma múltiplo”, afirma o especialista.
- Combinação de drogas com mecanismos de ação distintos
aumenta as chances de sucesso do tratamento
Como é comum em outros tipos de câncer, a combinação de terapias diversas é essencial no tratamento da doença. Atualmente, a terapia tripla com junção dos Imunomodulares (IMIDs), Inibidores de Proteassoma (IPs) e Anticorpos Monoconais Anti-CD38 (MoAbs) -- --representa o esquema mais moderno e eficaz para tratar o mieloma[9]. “Estudos demonstram que a terapia tripla favorece fortemente melhores taxas de resposta e sobrevida versus os regimes duplos nos pacientes recidivados/refratários. Por isso, essas três classes são fundamentais para o tratamento da doença recém diagnosticada e/ou para pacientes recidivados/refratários”, esclarece Maiolino, ressaltando que os principais protocolos internacionais recomendam como regimes preferenciais essas combinações baseadas em três classes terapêuticas distintas.[10]
Para o médico, estudos e pesquisas estão em constante evolução na
busca pelas melhores soluções para tratar todas as doenças, sobretudo as mais
graves, como o mieloma múltiplo, mas é importante que o paciente seja
diagnosticado cedo, para receber os tratamentos adequados desde o início, o que
aumenta as chances de sucesso. “Vale a pena se informar e entender sobre a
doença, para detectá-la logo, pois, como vimos, atualmente há um leque de
opções terapêuticas avançadas que podem controlar o mieloma múltiplo, mantendo
ou até devolvendo a qualidade de vida do paciente”, conclui.
Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda.
Janssen
Carreiras J&J Brasil
LinkedIn.
[1] Rajkumar SV. Multiple myeloma:2020 update on diagnosis, risk-stratification and management. Am J Hematol. 2020 ; 95(5):548-5672020 ; 95(5):548-567. NCBI
[2]Brasil, Observatório de Oncologia. Disponível em: Link Acesso em fevereiro/2023
[3] Chim CS, et al. Management of relapsed and refractory multiple myeloma: novel agents, antibodies, immunotherapies and beyond . Leukemia .2018 ; 32 (2) : 252-262.
[4][ENTREVISTA] Presidente da ABRALE discute cenário do Mieloma Múltiplo no Brasil. Oncoguia. 15. 09. 2015. Disponível em Link
[5]INSTITUTO ONCOGUIA. Disponível em Link). Acesso fevereiro/2023
[6]ASCO, American Society Clinical of Oncology. Overall cancer survival inequalities in the state of São Paulo: A comparison between public and private systems. Disponível em: Link. Acesso Fevereiro/2023.
[7]Medical Life Scienses -- NEWS. Disponível em: LinkAcesso em Fevereiro/2023
[8]Dana-Farber Cancer Institute. Disponível em: LinkAcesso em Fevereiro/2023
[9] Costa LJ, Hungria V, Mohty M, Mateos M-V. How I treat triple-class refractory multiple myeloma. Br J Haematol. 2022 ;198 :244 -- 256 . doi :10 .1111 / bjh .18185
[10]Dimopoulos, M.A., et al. Multiple myeloma: EHA-ESMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Annals of Oncology, VOLUME 32, ISSUE 3, P309-322, MARCH 01, 2021 doi. org / 10.10 16 / j . annonc . 2020 . 11 . 0 14
Nenhum comentário:
Postar um comentário