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terça-feira, 7 de março de 2023

Estilo de vida e questões de gênero colocam mulheres em risco para doenças do coração

Cardiologistas brasileiras alertam para a necessidade de campanhas de prevenção cardiovascular e esforços consistentes para alcançar a meta de redução de 30% da taxa de mortalidade por doenças do coração até 2030;

Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que as doenças cardiovasculares são as principais causas de óbitos entre mulheres no Brasil, superando até o câncer de mama: 67 mulheres a cada 100 mil habitantes morrem devido à doença arterial coronariana (entupimento de artérias por gordura ou cálcio), que é fator de risco para o infarto, e 57 a cada 100 mil vão a óbito por conta do acidente vascular cerebral (AVC);


Na avaliação por faixa etária, as doenças do coração ocupam a primeira posição de causas de morte entre mulheres com mais de 45 anos. Entre a faixa etária dos 35 aos 44, o câncer de mama é a principal causa dos óbitos;


A prevalência de doenças do coração aumenta após a menopausa, o que agrava as perspectivas em futuro próximo pelo envelhecimento e adoecimento da população feminina no Brasil, no entanto, na última década, um número crescente de mulheres jovens está morrendo do coração por conta dos efeitos do estresse e da ansiedade.


Nas mulheres, os fatores de risco tradicionais para doenças do coração mais impactantes são: diabetes, hipertensão, colesterol alto, tabagismo, obesidade e sedentarismo;

Fatores de risco específicos do sexo feminino potencializam o risco de doença cardiovascular, como síndrome dos ovários policísticos, uso de contraceptivo hormonal, doença hipertensiva da gravidez, eventos adversos da gravidez, terapia hormonal da menopausa, riscos agregados às doenças inflamatórias e autoimunes (artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico) e distúrbios depressivos.


O controle das doenças cardiovasculares também passa por questões psicossociais. Uma pesquisa online sobre burnout profissional medido com o Maslach Burnout Inventory General Survey mostrou a associação da alta exaustão emocional com a hipertensão arterial e outras doenças crônicas.


Mulheres são mais expostas ao estresse e adversidades psicossociais do que os homens por estarem mais inseridas no mercado de trabalho e sobrecarregadas com a atividade laboral dupla.


As recomendações para diminuição dos fatores de risco a doenças do coração passam necessariamente por mudanças positivas em hábitos de vida, acompanhamento médico regular e exames cardiológicos em dia, especialmente a partir da menopausa.

 

 

Dra. Walkiria Ávila - cardiologista, coordenadora do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Cardiopatia e Gravidez e Aconselhamento Reprodutivo do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP).



Referências:

https://www.who.int/data/gho/data/themes/mortality-and-global-health-estimates/ghe-leading-causes-of-death
https://abccardiol.org/wp-content/uploads/articles_xml/0066-782X-abc-119-05-0815/0066-782X-abc-119-05-0815.pdf


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