A insegurança e o medo de não se destacar leva muitos a dizerem que possuem determinadas qualificações, sendo que na realidade não tem
Mentira em entrevista de
emprego e em perfis profissionais de redes sociais de networking é mais comum
do que se imagina. As inverdades mais conhecidas são: dizer que o inglês é
intermediário, sendo que não fala ou não escreve o idioma de fato; inventar um
motivo falso para demissão do emprego anterior; ou informar, que domina
programas como o Excel ou determinadas funções de informática, quando na
verdade não domina. Outros, vão mais a fundo ao mentir, e chegam a dizer que
possuem formação universitária e até usam o logo da instituição educacional no
perfil online, mas não fizeram ou não terminaram a faculdade.
E o pior, é que a mentira
pode alcançar extremos como recentemente a imprensa noticiou sobre um homem,
que se passou por médico em uma importante instituição de saúde e na realidade
ele era apenas um socorrista. Depois de algumas investigações, foram
descobertas inúmeras outras mentiras envolvendo a mesma pessoa.
Esse caso mostra o extremo,
de como a falsidade ideológica, pode levar uma pessoa a situações absurdas. Não
é exatamente o que quero abordar neste artigo, mas é uma boa maneira de
demonstrar o quanto a mentira é danosa, pode começar em pequenas atitudes
cotidianas e virar uma mitomania, ou seja, uma patologia associada a
transtornos e perturbações psicológicas, que necessitam de um tratamento médico
especifico.
Currículo ‘fake’
Normalmente as pessoas gastam
mais tempo mentindo do que relatando as suas reais capacidades profissionais.
Na hora de redigir o currículo, elas se esquecem das coisas que realmente são
relevantes — como, qual é o seu objetivo profissional, suas reais
certificações, formações e registros profissionais anteriores —, focando na
lista daquilo que “acham”
que sabem fazer, algumas delas com conhecimento e vivência rasa.
As invenções dos candidatos a
uma vaga profissional são criadas com objetivo de passar para a próxima etapa
do processo de seleção e, logicamente, ser contratado. Porém, na hora da
entrevista, muitos se contradizem com questões que estavam no currículo, mas
não eram totalmente verdadeiras — como, quando o inglês do nível básico vem
disfarçado de intermediário, o intermediário de avançado, e o avançado de
fluente, entre outras.
Mentir, que tem uma formação
universitária ou uma MBA, é algo sério, pois, ainda que imagine não precisar
totalmente deste conhecimento adquirido em sala de aula, em algum momento estas
noções específicas terão que ser demonstradas. Normalmente quem age assim “acha” que é
autossuficiente profissionalmente e tem conhecimento satisfatório. Mas, na
prática a mentira acaba sendo descoberta e haverá frustração e ‘saia justa’ podendo acabar
mal, com baixo desempenho no trabalho, resultados profissionais medíocres,
demissão por justa causa devido as inverdades contadas e ficar com uma fama
ruim no mercado de atuação.
Além disso, levar tempo
inventando mentiras e desculpas, gasta muita energia, pois, precisará estar em
alerta, vigiando e criando estratégias para que essas inverdades não sejam
descobertas. O melhor é utilizar essa energia no que realmente interessa, como
fazer cursos, treinamentos e até mesmo se esforçar para ser excelente em sua
função profissional.
Recrutadores atentos
as mentiras
Um dos motivos mais
recorrentes do recrutador não se atentar as mentiras contadas por um candidato
é a pressa em cobrir uma vaga, reduzindo os processos e as etapas da seleção.
Hoje existem ferramentas que auxiliam na detecção de inverdades, além de
provas, testes e perguntas.
É necessário tomar muito
cuidado com processos seletivos rasos, que não se aprofundam nas verificações
das competências e comportamentos. Nos exemplos clássicos do Excel e do
inglês, por exemplo, é muito importante um teste prático para avaliar a
habilidade do candidato. Além disso, o selecionador precisa estar preparado
para ter o conhecimento aprofundado de tudo o que é necessário no cargo a ser
preenchido. Pois, para selecionar um analista financeiro é preciso entender as
competências e necessidades da função, entendendo se o candidato se aproxima da
função ou tem excesso de conhecimento e então traçar uma linha de adaptação.
O candidato que falseia
informações pode ser desmascarado na própria entrevista, quando o selecionador
evita o uso de perguntas clichês, como quais as suas habilidades e defeitos, e
faz questionamentos mais inteligentes, que trarão respostas espontâneas e
verdadeiras, desestruturando “as
respostas ensaiadas”.
A conversa com o candidato deve ser tranquila e fluida, que leve a
confiança e evite mais nervosismo no candidato. É possível perceber coerência
na narrativa da pessoa quando há uma entrevista bem feita.
Franqueza ganha
pontos
Se tem algo que conta ponto
com recrutadores é a franqueza, pois ainda que a sua competência não se encaixe
em uma vaga ela poderá levar a outros processos seletivos. Porém se mentir,
perderá a vaga para a qual está concorrendo e também a oportunidade de
participar de outras seleções, pois ficará taxado com perfil enganoso.
Portanto, antes de pensar em
mentir qualquer coisa que seja, na entrevista de emprego, no currículo ou no
perfil da rede social de networking, pense nas consequências desastrosas, que
isso poderá trazer a sua carreira, quando a verdade aparecer. A máxima popular
já alerta que “a mentira tem pernas curtas” — pode demorar um pouco, mas, será descoberta.
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