NFTs são tokens (códigos numéricos) não fungíveis (ou seja, que não podem ser trocados). As NFTs têm registrado em seu código o registro da transferência digital, de forma a garantir a autenticidade aos seus donos. As NFTs podem ser usadas para uma foto, desenho e até mesmo memes e se tornaram uma forma de colecionar tais itens pelo fato de terem a característica de um “cartão de autenticidade” (o que chamamos de token não fungível).
Segundo o site DappRadar as NFTs
movimentaram mais de US$ 10.7 bilhões de dólares no terceiro quadrimestre do
ano de 2021, no total foi movimentado mais de US$ 44 bilhões. As NFTs são a
maior tendência no mundo dos criptoativos e, por isso, a relevância em tratar
sobre o tema.
E qual é a relação das NFTs com o
Compliance? Em 2021 tivemos a notícia de que o governo dos Estados Unidos
proibiu a compra de NFTs por suspeita de envolvimento com lavagem de dinheiro e
facilitação de ataques de Ransomware. Ademais, no início do mês de
fevereiro/2022 o Tesouro[2] dos EUA alertou para o risco
que as NFTs oferecem em relação a lavagem de dinheiro e financiamento do
terrorismo.
O que acontece é que ao realizar a
compra de uma NFT não é necessário se identificar e devem ser feitas via
criptomoedas em marketplaces online. Além do que, é possível movimentar grandes
quantias para a compra de NFTs sem que tais transferências sejam submetidas a
procedimentos específicos para a prevenção da Lavagem de Dinheiro.
Apesar das criptomoedas serem
rastreáveis os criminosos conseguem dificultar o rastreio de informações, visto
que a carteira digital de uma criptomoeda não é necessariamente vinculada a um
dado identificado de seu titular.
Assim como acontece no mercado de
comercialização de obras de arte, as NFTs abriram um potencial preocupante para
a lavagem de dinheiro.
O mundo está cada dia mais voltado
para as práticas digitais, por esse motivo o Compliance também deve se adaptar
e analisar quais são as melhores práticas para buscar integridade nas relações
comerciais.
Práticas de PLD/FT (prevenção a
lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo) são importantes ferramentas
para mitigação de riscos. Algumas práticas que podem ser implementadas pelas
Plataformas de negociação de NFTs são Políticas de KYC (know your cliente),
políticas em que é necessário validar quem é seu cliente antes de realizar a
transação ou acordo comercial. Além disso, outra prática que pode ser utilizada
é a implementação de monitoramento contínuo.
O Compliance é uma ferramenta que vem
para auxiliar na promoção da ética e integridade em toda a sociedade e deve ser
adotada por todos os tipos de empresa, em especial atualmente para as
Plataformas de Negociação de NFTs, visto o alto potencial de risco que pode
oferecer à sociedade.
Dessa forma, é essencial que as
Plataformas de negociação de NFTs adotem práticas de Compliance para que seja
possível reduzir qualquer risco de lavagem de dinheiro e a prática de outros
ilícitos.
Gabriela Diehl - Advogada,
pós-graduada em Direito Empresarial pela FGV-SP, com especialização em direito
empresarial internacional pela Université Montpellier e Direito Internacional e
Direitos Humanos por Harvard. Especializada em Proteção de dados, com
certificação CIPM pelo IAPP (International Association of Privacy
Professionals). Atualmente cursando MBA pela University Canada West e
Co-fundadora da Be Compliance.
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