Relato mostra como ainda existe tanto
desconhecimento em relação a Asma Grave
Pacientes que sofrem com Asma Grave, a
forma mais severa da doença, relatam que realizar o diagnóstico desta
enfermidade não foi tão simples. O caminho percorrido foi demorado e só chegou
após vários exames clínicos, troca de terapias e consultas com vários médicos.
Para a presidente da Associação
Brasileira de Asma Grave (ASBAG), Raissa Cipriano, “a falta de informação e
o direcionamento tardio para um especialista são obstáculos na jornada do
paciente com Asma Grave”. Infelizmente, adultos levam em média quatro anos
até chegarem ao seu diagnóstico definitivo e crianças chegam a levar um ano.
G.C., 8 anos, filha de Raissa, sofria
com os sintomas desde os primeiros meses de vida, mas só recebeu o diagnóstico
de Asma Grave aos 2 anos de idade. “Passamos por vários médicos, inúmeras
crises, 32 internações e necessidade de uso constante de oxigênio. Foi apenas
com 4 anos que ela recebeu o tratamento adequado. Hoje, tem uma vida normal,
corre, brinca, vai à escola, mas antes se cansava para falar, para ir do sofá
da sala ao banheiro e não conseguia alcançar a irmã mais nova nas brincadeiras”,
conta Raissa.
O relato acima mostra que ainda há
muito desconhecimento por parte dos pacientes sobre os tipos de asma e as
formas mais eficazes de terapia. A asma é considerada grave, ou severa, quando
o paciente continua apresentando sintomas e crises mesmo usando regularmente
doses elevadas de corticoide inalatório com outra(s) medicação(ões) de controle
associada(s)¹.
“Asma Grave é aquele tipo da doença
que não está controlada, apesar de o paciente se medicar com doses máximas
preconizadas de broncodilatadores e de corticoides inalatórios. Neste caso,
fica indicada a utilização de medicamentos imunobiológicos para que se possa
estabelecer o controle da doença ²“, explica
Antônio Condino Neto, médico e professor Titular do Departamento de Imunologia
do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Diagnóstico
demanda exames clínicos
Outro ponto levado em conta durante o diagnóstico é
a frequência nas internações, que muitas vezes podem necessitar de Unidades de
Terapia Intensiva (UTI). A Asma Grave pode se desenvolver em qualquer idade³.
Pacientes com Asma Grave geralmente demonstram
redução significativa de sua função pulmonar quando submetidos a um exame de
espirometria. Apesar da espirometria ser importante, o exame clínico aliado ao
histórico do paciente são suficientes para se estabelecer o diagnóstico¹. O
asmático grave frequentemente também recebe a prescrição de corticoides orais
para complementar seu tratamento, o que pode trazer consideráveis efeitos
adversos para a sua saúde4. Por estas razões,
pneumologistas alertam sobre a importância de estar acompanhado por um
especialista.
Atualmente os pneumologistas contam com
a possibilidade de prescrever imunobiológicos para pacientes com Asma Grave. Os imunobiológicos são terapias alvo-específicas que
mudaram o manejo de várias doenças inflamatórias crônicas, caso da Asma Grave7,8.
De última geração, esses medicamentos conseguem oferecer uma solução
terapêutica para os casos da doença que não respondem ao tratamento
convencional9.
Além disso, os imunobiológicos possibilitam ao
paciente um tratamento menos nocivo à saúde já que o uso de corticoides orais
por muito tempo pode provocar efeitos colaterais importantes no organismo 10. Doenças metabólicas como
obesidade e diabetes, aumento da pressão arterial, problemas oculares,
osteoporose, retardo de crescimento em crianças, alterações no sistema
imunológico e até mudanças de comportamento, são alguns desses efeitos 10.
Hoje, com os tratamentos
imunobiológicos, as pessoas que sofrem de Asma Grave podem melhorar sua
qualidade de vida ao voltarem a realizar atividades simples, antes restritas
por conta da doença, tais como caminhar, praticar exercícios e etc.
“Nós dispomos de uma diversidade de
medicamentos e modalidades de tratamentos, que permitem que uma pessoa com Asma
Grave possa controlar sua doença e ter uma vida normal”, explica o professor
e doutor Condino Neto.
Referências:
1. Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
(ASBAI). Acesso em 10 de janeiro de 2022.
3. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Acesso em 10 de janeiro de 2022.
4. AAAAI (American Academy off Allergy Ashtma e Immunology). Acesso em 17 de janeiro de 2022.
5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOLOGIA. Emescam Cartilha Asma. Acesso em: 09/09/2021.
6. Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). Acesso em: 10 Fevereiro 2022.
ANTONICELLI, L., et al. Asthma severity and medical resource utilization. European Respiratory Journal, 23- 34: 723-729, 2004.
7. CHUNG, KF. et al﹒International ERS/ATS guidelines on definition, evaluation and treatment of severe asthma. Eur Respir J, 43(2):343-73, 2014
8. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. Acesso em: 10 Fevereiro 2022
9. Asthma Australia. What treatments are used for severe asthma? Acesso em: 10 Fevereiro de 2022.
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