Segundo pediatra de hospital da ZN de São Paulo, estímulo precoce, alimentação saudável e ajuda de profissionais capacitados podem garantir o máximo desenvolvimento cognitivo e motor dos pequenos
Celebrado internacionalmente como o Dia da Síndrome de Down, 21 de
março faz alusão à alteração genética que provoca essa condição: a trissomia,
ou seja, a presença de três cópias do cromossomo 21 no organismo, em vez de
duas. A data de 21/3, porém, é muito mais que um jogo de números e busca celebrar a vida dessas pessoas, a fim de garantir que
elas tenham os mesmos direitos e oportunidades que todos os demais.
Estima-se que, em todo o mundo, nasçam entre 3 e 5 mil pessoas com
a síndrome por ano, com incidência de um caso a cada mil bebês. Mas quais
cuidados as crianças com essa condição podem exigir? Como os pais devem se
portar? Por qual tipo de ajuda profissional devem procurar?
“Primeiramente, é preciso deixar claro que nenhum comportamento
dos pais é capaz de causar a SD”, explica o Dr. Mário José Mariosa Silveira,
pediatra e coordenador da UTI neonatal do HSANP, hospital referência na Zona
Norte da cidade de São Paulo. “É importante que essas famílias se empenhem na
tarefa de criar os filhos, mas procurem levar a vida normalmente. Mais que
qualquer outra, essa criança precisa fundamentalmente de carinho, alimentação
adequada, cuidados com a saúde e um ambiente muito acolhedor”, acrescenta.
Segundo o especialista, a estimulação precoce, desde o nascimento,
é a forma mais eficaz de promover o desenvolvimento dos potenciais intelectuais
da criança com SD. “O aleitamento materno é o
melhor alimento para todo bebê, porém esse processo pode exigir um pouco mais
de paciência dos pais: por conta do tônus muscular diminuído (hipotonia) e do
maior volume da língua, elas podem ter dificuldade para sugar o leite. A
orientação de um profissional especializado pode ser fundamental nesse
momento”, orienta o Dr. Silveira.
A alimentação complementar dos bebês com Síndrome
de Down deve começar entre o quarto e o sexto mês de vida, nada diferente dos demais.
“Não existem normas rígidas para a alimentação complementar, que deve ser
adaptada a cada criança. Uma boa dica é amassar a comida com colher, para
alcançar uma consistência pastosa e, assim, evitar problemas com mastigação e
deglutição”.
Ainda sobre a parte nutritiva, o pediatra alerta
que os responsáveis precisam sempre garantir uma alimentação saudável às
crianças durante as etapas seguintes do crescimento, já que, por consumirem
menos energia, elas podem desenvolver a obesidade. “Além dessa questão com o
peso, as pessoas com SD têm mais tendência a apresentar outros problemas de
saúde, como cardiopatia
congênita, alterações da tireoide e doenças autoimunes. Os familiares devem
sempre buscar cuidados que levem em conta essas especificidades e, quando
preciso, acionar programas de intervenção precoce com equipe multidisciplinar”.
O especialista esclarece também que as crianças com Síndrome de
Down têm ritmos diferentes de desenvolvimento intelectual e, embora apresentem
características físicas em comum, são muito diferentes umas das outras, com
personalidades próprias. “Na maioria dos casos, é muito importante que elas
sejam matriculadas em escolas regulares, onde possam interagir com colegas e
professores, respeitando sempre os limites que a síndrome impõe”.
Por fim, o Dr. Silveira aponta que outros
profissionais especializados podem ser fundamentais para o avanço cognitivo,
sensorial e motor das crianças com essa condição: “fonoaudiologia, terapia
ocupacional e fisioterapia são tratamentos que contribuem muito com o estímulo
do potencial das pessoas com Síndrome de Down”, encerra o pediatra e coordenador da
UTI neonatal do HSANP.
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