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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Sucessão Empresa Familiar – Advogado especialista em Governança Corporativa orienta sobre o empreendimento em família

Segundo o IBGE, a maioria das empresas brasileiras (90%) é familiar, mas um levantamento feito pela consultoria PwC indica que 75% das empresas familiares fecham as portas após serem sucedidas pelos herdeiros.

De acordo com o advogado Antônio Carlos Morad, especialista em Governança Corporativa e direito empresarial, do escritório Morad Advocacia Empresarial, em primeiro lugar, é importante entender o que significa iniciar uma operação empresarial industrial, comércio ou serviços. Quando se constitui uma empresa, a primeira coisa que vem à mente é a realização de um sonho. "A realização de um projeto como esse, obviamente está ligado ao sucesso e obtenção de lucros, portanto, em síntese, é preciso entender uma série de coisas, como por exemplo, termos conhecimento sobre o que estamos propondo e sabermos, afinal de contas, como administrar essa nova empresa para que tudo de bom se realize a partir dos trabalhos iniciados. Portanto, por que empresas acabam fechando logo na primeira geração de uma família? Porque o empresário não está preparado para tanto. Todo o contexto inicial da empresa, em grande medida, deve ser estudado, analisado e pesquisado pelo futuro empresário" afirma Morad.

Na questão sucessória sempre se pergunta o "porque não deu certo". A sucessão é a entrega natural de um patrimônio empresarial para herdeiros ou terceiros interessados, na maioria das vezes herdeiros. "Pergunto, os herdeiros estão preparados para gerir a empresa de seus pais ou outros parentes que sejam? Na maioria das vezes não, porque não sabem administrar ou nunca se interessaram ou se prepararam para tanto" diz o advogado.
 
Na sucessão familiar, para se obter êxito na continuidade da empresa, momento em que o empresário "passa o bastão" para seu sucessor, será intrinsecamente necessária a constituição de um escritório de advogados que atuem na área societária. Tais profissionais poderão elaborar um projeto sucessório antecipatório, isto é, iniciando trabalhos de estruturação da empresa para sua perenidade, seja ela sucedida para filhos administradores ou para gestores administradores profissionais que serão supervisionados por um conselho de administração onde um ou mais filhos começarão a participar e entender qual será a função de cada um ou apenas do único filho. Vale lembrar que, em muitos casos, filhos acabam por se formar em outras profissões e não se interessam pela empresa, portanto, poderá o sucessor participar da empresa como acionista ou detendo outra modalidade societária, não interferindo na gestão profissional, mas regendo a empresa em conselho, por reuniões mensais, trimestrais ou semestrais. Muitos sucessores também acabam vendendo a empresa recebida por herança e outros, acabam por assumir algo que não conhecem, podendo sofrer reveses que inviabilizariam a empresa. Esse último caso é muito recorrente no mercado.

Segundo o advogado Antônio Carlos Morad, o momento da elaboração do projeto dependerá do empresário, sendo certo que, aqueles que enxergam adiante, com mais cautela e segurança, iniciam cedo tais ajustes, outros o fazem quando se sente próximo de seu final de ciclo como empresário. "Oriento, geralmente, iniciar esse projeto sucessório logo no início da constituição da empresa, e quando já em atividade, oriento a fazer imediatamente para não sentir dissabores e reveses para a empresa no futuro" acrescenta Morad.
 
Segundo o levantamento, 72% não apresentam uma sucessão definida para cargos-chaves como os ligados à diretoria, presidência, gerência e gestão. Isso acontece porque geralmente não fazem porque não sabem, ou porque não são bem orientados por profissionais que deveriam alertá-los enfaticamente. "Devemos entender também que, muitas empresas não comportam uma inclusão de quadro diretivo, sendo administradas por seus próprios donos. Mas sempre opino que, nenhuma empresa deve ser gerida de forma empírica. Pequena, média ou grande, a gestão deve sempre ser profissional e competente" pondera.

Será mais fácil receber nas mãos a liderança de um negócio já estabelecido se, aquele souber administrá-lo profissionalmente, um indivíduo estudado para tanto, com experiência e traquejo. Porém, se o sucessor recebe leigo a empresa, certamente deverá procurar um bom advogado para orientar um planejamento de gestão para a empresa ou, planejar uma M&A (Mergers and Acquisitions), isto é, propor a venda da empresa, garantindo que não venha a perder o negócio por falta de habilidade técnica ou interesse.
 
Para Morad, não há vantagem alguma em ser uma empresa familiar. Empresas familiares em sua grande e avassaladora maioria não crescem, ou se crescerem, crescerão por um lapso temporal, ou melhor por uma ou duas gerações. Famílias tendem a se incorporar e a avolumar demasiadamente dentro da empresa, com irmãos, primos, tios, entre outros membros da família.  Isso não funciona. Nesse caso, com um número de sucessores que somente atrapalham a continuidade da empresa, o melhor modelo será o da family office, isto é, uma constituição, ou planejamento societário empresarial onde todos os familiares permanecem em empresa apartada da gestão, porém, com poderes para conservar as metas, linhas de ação, enfim, os interesses daquele negócio.
 
Muitos sucessores acabam por se interessar e aprender a atuar na empresa de seus pais e, ou avós, estudam para isso. Esses gestores familiares deverão provar aos outros sócios que detêm qualidades e competência para administrar um bem tão importante que é uma empresa passada por sucessão.
 
Para uma boa gestão familiar, o advogado Antônio Carlos Morad, orienta que o proprietário da empresa use de seu feeling e experiência de vida para escolher entre seus filhos e, ou sobrinhos, ou quem poderia assumir a gestão da empresa. Em muitos casos, mais de um pode, mas na maioria das vezes, isso não acontece. "Oriento sempre o empresário a profissionalizar sua empresa e incluir aqueles parentes interessados como subalternos dos profissionais. Esse formato tira da cabeça do indivíduo a ideia de "dono" da empresa e acaba por incutir uma condição de competidor dentro do contexto. Sem regalias!", afirma.
 
Um estudo chamado Global Family Index de 2019 mostrou que 55% das 500 maiores empresas familiares do mundo são lideradas por alguém que não faz parte da família. E reforça que as empresas devem estar cientes de que, para enfrentar os desafios do mundo moderno, a contratação de gerente externo à família é fundamental.

Para o especialista em Governança Corporativa, no Brasil o empresário, em grande medida pensa de forma amadorística a gestão de sua empresa. Ainda que, se compararmos as empresas de capital aberto norte-americanas, existem pouquíssimas famílias com maioria de ações, sendo aqui no Brasil diametricamente o oposto.


Muitas empresas nacionais de grande porte acabam por quebrar ou ficam estacionárias por não permitir gestões profissionais externas. Assim sendo, podemos comparar uma empresa de grande porte com uma pequena ou média empresa. O contexto é igual.

 

www.morad.com.br


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