O câncer ainda é uma doença marcada pelo preconceito, e boa parte disso acontece por conta da desinformação. Mas, hoje, além das abordagens tradicionais, como cirurgia, quimioterapia e radioterapia, já há existem tratamentos inovadores, como a terapia-alvo e a imunoterapia. Ambas são capazes de oferecer muita eficácia e menos efeitos colaterais. Com as novas tecnologias, a sobrevida cresceu significativamente. E as chances de cura total, principalmente quando há diagnósticos precoces, não param de aumentar. Isso não quer dizer, no entanto, que devemos nos descuidar. “Os hábitos têm um papel importante no surgimento de diversos tipos de câncer. É preciso ter uma alimentação saudável, com ingestão de legumes, frutas e verduras, pouca carne e zero embutidos. Não fumar, evitar a obesidade e bebidas alcóolicas em excesso são atitudes que também ajudam na prevenção”, diz o médico Frederico Muller, chefe do Setor de Oncologia do Hospital Marcos Moraes, no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Ao contrário do que muita gente pensa, diz ele, a
hereditariedade não é responsável pela maior parte dos cânceres. “Ela provoca
apenas de 5 a 9% dos casos. O restante é decorrente do estilo de vida”, diz o
oncologista, que, no Dia Mundial do Câncer, celebrado neste dia 4 de fevereiro,
tira algumas das principais dúvidas sobre o assunto. Confira:
1) diagnóstico de câncer ainda assusta muitos pacientes.
Há alguma forma de prevenção eficaz?
A boa alimentação e a prática de exercícios físicos com
regularidade são fundamentais, mas muita gente ainda ignora a importância
destes hábitos. Em 2017, uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca)
mostrou que 32,2% dos entrevistados em São Paulo não consideravam que a
alimentação inadequada poderia causar câncer. Essa concepção precisa mudar.
O câncer de pele, que é muito prevalente, também pode ser evitado com algumas
medidas simples, como uso de protetor solar e boné e a redução do tempo de
exposição ao sol. Além disso, é necessário não descuidar dos exames regulares.
Durante a pandemia, muitos pacientes deixaram de lado as visitas ao médico, e o
resultado é que, no retorno aos consultórios, tumores que poderiam ter sido
tratados precocemente, já estavam mais avançados.
Por isso, é fundamental fazer, entre outros, o PapaNicolau, que auxilia no
diagnóstico precoce do câncer de colo de útero. Outra providência para as
mulheres é agendar mamografia e, no casos dos homens, não deixar de consultar o
urologista.
2) Quais os tipos de câncer mais comuns no Brasil?
De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer
(Inca), em 2022 devem ser diagnosticados cerca de 625 mil novos casos da doença
no Brasil. Os com maior incidência são os de pele, mama, próstata, cólon e reto
e pulmão.
O câncer de próstata, por exemplo, deve atingir 65.840
homens. O preconceito e a desinformação acabam afastando muitos pacientes do
exame de toque, que é fundamental para o urologista identificar o tamanho do
órgão, sua textura e até mesmo a presença de nódulos.
No caso dos cânceres de pele e de mamas, o auto-exame é
um aliado importante. Nódulos nos seios, secreção, aspecto de casca de laranja
são alguns dos sinais de alerta.
Nas doenças de pele, deve-se observar pintas que mudam de
formato, que são assimétricas, que crescem de uma hora para outra. A “regra do
ABCDE” pode ajudar a identificar lesões que precisem ser avaliadas por um
médico: O ‘a' se refere à assimetria, o ‘b' mostra a importância de se observar
as bordas, que não podem estar irregulares”, o 'c' é um indicativo de cor,
quanto mais tonalidades numa mancha, pior. Já o 'd' é de diâmetro, e sugere que
novas pintas com mais de 5 mm sejam examinadas. E, por último, a letra 'e' é de
evolução. O paciente precisa saber se aquela pinta que sempre teve, mudou de
aparência.
Já o câncer de pulmão, que tem uma das mais altas taxas
de letalidade, geralmente, não apresenta sintomas quando em estágio inicial. O
maior cuidado que se pode ter para evitá-lo é não fumar, já que o tabagismo
está associado a 85% dos casos.
3) Quais as principais terapias hoje no combate ao
câncer?
Além da cirurgia, quimioterapia e radioterapia, hoje
contamos com dois avanços importantes, a imunoterapia e a terapia-alvo. A
primeira é um tratamento que induz o combate das células cancerígenas pelo
próprio sistema imunológico do organismo. Os medicamentos estimulam a atuação
dos linfócitos (nossos “soldados”), fazendo com que eles reconheçam o tumor
como um corpo estranho e comecem a atacá-lo. Ela representa hoje uma revolução
no tratamento porque, nos casos em que é eficaz, traz respostas duradouras do
organismo no combate à doença. Além disso, apresenta menos efeitos colaterais
do que a quimioterapia. Os pacientes tratados com o método em geral não
apresentam queda de cabelo, náuseas, vômitos e a fraqueza característica após
os tratamentos quimioterápicos. Mas podem evoluir para efeitos relacionados a
autoimunidade, como hepatite ou hipotireoidismo.
Já as terapias-alvo atuam em mutações genéticas
específicas que ajudam um tumor a crescer e a se multiplicar. Elas podem agir
de maneiras diferentes: bloqueando ou desligando os sinais que indicam para as
células cancerosas que elas devem se dividir, impedindo sua sobrevivência ou
até mesmo depositando substâncias letais dentro das células cancerosas. A
terapia-alvo é desenvolvida de forma individual e tem dado respostas muito
boas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário