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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Hospital Nove de Julho destaca novidades no tratamento do câncer de colo de útero e a importância da prevenção

A imunoterapia traz novas perspectivas de tratamento da doença. A vacina contra o HPV em meninos e meninas e até em adultos é essencial para prevenção

 

A prevenção e o diagnóstico precoce são essenciais para o bom prognóstico de várias doenças, em especial na oncologia. Vários meses do ano são marcados por campanhas de conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce, prevenção e tratamento. No mês de janeiro o foco é o câncer de colo de útero. Especialistas do Hospital Nove de Julho falam sobre as novidades no tratamento e reforçam que esse é um tipo de tumor que pode ser evitado, principalmente com a vacinação contra o HPV. 

O câncer de colo de útero é uma doença que atinge mulheres entre 40 e 50 anos geralmente. Ela está relacionada diretamente ao HPV - abreviação para papilomavírus humano - que é o vírus que se aloja na zona de transição do colo do útero e é responsável pelo desenvolvimento de anormalidades em células que podem ocasionar este tipo de câncer a médio e longo prazo. 

Cerca de 98% dos casos da enfermidade estão ligados ao vírus. “É preciso salientar que existe prevenção. A vacinação contra o HPV é fundamental para evitar a doença”, conta Mariana Scaranti, oncologista especializada em tumores femininos do Hospital Nove de Julho. 

Além da vacinação, há outros importantes mecanismos utilizados para prevenir esse tipo de tumor. “Os dois exames de prevenção e rastreamento para o câncer de colo de útero pelo HPV são basicamente o teste PCR para o vírus, que é coletado da mesma maneira que o Papanicolau, e o próprio Papanicolau. Atualmente, consideramos o teste PCR para HPV o melhor por ter menos resultados falsamente normais”, explica o ginecologista Marcelo Simonsen, também do Hospital Nove de Julho. 

Na coleta do Papanicolau é importante que a mulher já faça também o PCR para HPV, e se não houver nenhuma anormalidade no Papanicolau com PCR negativo para HPV, só é necessário repetir o exame após cinco anos. Entretanto, o teste de pesquisa do vírus só é recomendado para pessoas a partir dos 30 anos, de acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), segundo Simonsen. Se alguma anormalidade for identificada no Papanicolau, tratamento precoce de lesões pré-malignas pode ser instituído com excelentes desfechos. 

“Muitas vezes a paciente se contamina pelo HPV antes dos 30 e é uma infecção fugaz, em dois anos a imunidade da paciente acaba eliminando o vírus. Quando a infecção permanece persistente após os 30 anos, ela precisa seguir os próximos passos de investigação e tratamento da doença”, relata o médico.

 

Sobre o câncer de colo de útero 

Os principais sintomas do câncer de colo uterino são: dor e sangramento na relação sexual, dificuldade para urinar, corrimento que não melhora e dor pélvica. No caso de tumores iniciais, a paciente pode ser apresentar completamente assintomática. Segundo a oncologista Mariana Scaranti “quando o ginecologista encontra no exame alguma lesão suspeita é solicitada a biópsia e a partir disso é definido o tipo de câncer de colo de útero. O mais comum é o escamoso, mas existem outros menos comuns como o adenocarcinoma, tumores neuroendócrinos, mucinosos, entre outros”, diz. 

É importante que o diagnóstico seja feito no estágio inicial do problema, quando as chances de cura são maiores. Determinada a presença do câncer de colo de útero, é feito o estadiamento que envolve exames de imagem, como ressonância magnética de pelve, tomografia ou até PET-CT, para a definição da extensão do tumor. É importante identificar se a doença está apenas no colo do útero, se já atinge algumas estruturas adjacentes ou se tem metástases à distância. 

“Se a doença é pequena e está localizada, restrita ao colo de útero, podemos tratar com cirurgia. Se a doença é grande, maior que quatro centímetros, e se invade estruturas adjacentes, reto, bexiga, o que chamamos de doença localmente avançada, o tratamento é feito através de quimio e radioterapia. Isso é feito de forma concomitante com boas respostas e chances de cura”, explica Scaranti sobre o tratamento do câncer. 

É realizada uma sessão de aplicação cisplatina uma vez por semana e radioterapia durante cinco dias de segunda à sexta-feira por seis semanas. Em geral não é necessário fazer cirurgia nos casos de tratamento com quimioterapia e radioterapia, a não ser que haja persistência da doença. O quimioterápico utilizado para esse tipo de câncer não causa queda de cabelo das pacientes. Ao término do tratamento, nossas pacientes fazem fisioterapia pélvica para retomarem a vida sexual normalmente. 

Em cenários de metástase à distância fora da pelve feminina ou doença recorrente, o tratamento envolve quimioterapia e mais recentemente, a combinação com imunoterapia melhorou as taxas de resposta e sobrevida das pacientes como mostra estudo publicado em setembro de 2021 no The New England Journal of Medicine. A imunoterapia está disponível no Brasil para outras indicações e acreditamos que em um futuro próximo, também teremos a aprovação das agências regulatórias para usar este tratamento no câncer de colo uterino. 

Uma das principais conclusões desse estudo foi a de que o tratamento combinado entre quimio e imunoterapia proporciona às pacientes um tempo maior sem o crescimento da doença. A ideia central desse tipo de tratamento é “ligar” o sistema imunológico para que ele reconheça com mais facilidade o câncer, sendo assim, tratando-o com mais eficiência.

 

Vacinação 

Um dos métodos eficazes de prevenção do câncer de colo de útero é a vacinação contra o HPV, que é destinada a homens e mulheres de 9 a 45 anos. Quanto mais jovem a pessoa puder se imunizar, especialmente antes do início da vida sexual, melhor será a proteção contra a doença, assim, a faixa etária ideal compreende dos 9 aos 14 anos. Além disso, a resposta à vacina até 14 anos é mais eficiente do que em idades mais avançadas. 

De acordo com Maria Isabel de Moraes Pinto, infectologista do Alta Diagnósticos e médica consultora em vacinas da Dasa, a vacina HPV quadrivalente contra o HPV protege contra os sorotipos 6 e 11, que causam verrugas genitais, e 16 e 18, que têm maior potencial de causar câncer de colo uterino, de pênis e de ânus. 

“No SUS (Sistema Único de Saúde), a vacina HPV quadrivalente contempla outras faixas etárias, de 9 a 45 anos para mulheres e de 9 a 26 para homens no caso de pessoas que possuem doenças de base, que são as oncológicas (diferentes tipos de câncer), infecção pelo HIV e nos casos de pessoas que realizaram transplantes de órgãos sólidos ou de medula óssea”, descreve a médica sobre o calendário vacinal. 

Na rede pública, a vacina está disponível para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 no esquema de duas doses com seis meses de intervalo, e para outras faixas etárias quando há doenças de base, como oncológicas ou infecção pelo HIV, e para pacientes transplantados. No setor privado, a vacina para crianças de 9 a 14 anos segue o mesmo esquema vacinal e a partir dos 15 anos passa a incluir uma terceira dose. Além disso, é permitida a imunização de pessoas de outras faixas etárias mesmo que não haja nenhuma doença de base.

 

Hospital Nove de Julho


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