Declarada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2020, a COVID-19, doença infecciosa causada pelo SARS-CoV-2 (acute respiratory syndrome coronavirus 2, em inglês), descrita pela primeira vez no final de 2019 na cidade chinesa de Wuhan, rapidamente se propagou pelo mundo, e vem representando uma ameaça à saúde global.
Em 2 de
fevereiro de 2022, a OMS reportou a soma global de 380.321.615 casos
confirmados de COVID-19 em todo o mundo, com 5.680.741 óbitos pela doença,
desde o início da pandemia. Esses dados refletem o período entre 24 a 25 meses
de doença.
Apesar da
maioria dos infectados apresentarem sintomas leves, ou até mesmo serem
assintomáticos, algumas pessoas desenvolvem quadros clínicos graves,
necessitando de hospitalização e podendo evoluir a óbito. No caso dos pacientes
com câncer, desde o início da pandemia, as autoridades internacionais da área
da saúde os classificaram no grupo de risco para evolução clínica grave e
potencial risco de vida.
Incidência
mundial de câncer em 2022
De acordo com
uma análise feita pela OMS sobre a incidência mundial de câncer em 2022, são
esperados 19.292.789 casos novos de câncer no mundo, com 9.958.133 óbitos pela
doença para esse mesmo período (Fig. 1 e 2). “Quando comparamos os dados,
facilmente se reconhece que o câncer matou em
dois anos cerca de 20 milhões de pessoas no mundo, enquanto a COVID, 5,68
milhões”, analisa Dra. Tânia de
Fatima Moredo, oncologista do Hospital IGESP.
Interrupção
de tratamento
No início da
pandemia, a OMS relatou que um em cada três países da Região Europeia havia
interrompido parcialmente ou completamente os serviços de atendimento a
pacientes com câncer. No Reino Unido, o atraso no diagnóstico e tratamento
oriundo do início da pandemia poderá resultar em aumento de mortalidade nos
próximos cinco anos, o que representará 15% a mais de óbito para os cânceres de
cólon e reto e 9% para o câncer de mama﹒Nos Estados Unidos, a
escassez de leitos e equipes médicas, reduziu a frequência de interação entre
pacientes e oncologistas em 20%, o que adiou mais de 22 milhões de testes de
rastreamento de tumores malignos em 2020.
Além disso, a Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO)
descreveu o impacto da pandemia no desempenho de trabalho e estado de saúde dos
trabalhadores globais de oncologia pela síndrome de burnout, distúrbio psíquico
causado pela exaustão extrema relacionada ao trabalho de um indivíduo.
As medidas de
redução de atendimento em hospitais, para limitar o número de pacientes
ambulatoriais e internados, postergaram o tratamento de pacientes com câncer
estável, limitando o atendimento, apenas, para cirurgia de emergência.
O uso
emergente de novas terapias em câncer, como a imunoterapia, e mesmo a
quimioterapia tradicional, tiveram que ser adiadas para aqueles adoecidos pela
COVID, mesmo em casos de pacientes com doença metastática. “Quimioterapias e
cirurgias eletivas foram adiadas para reduzir o risco de infecção por COVID e
para conter o esgotamento da rede hospitalar com o excesso de internações por
COVID”, comenta.
A oncologista
explica que essa interrupção do tratamento convencional poderá aumentar o risco
de deterioração em pacientes com câncer e reduzir suas taxas de sobrevivência.
“O atraso nas cirurgias eletivas por câncer aumentou consideravelmente os casos
avançados e alavancou o número de cirurgias de emergência por câncer”, analisa.
Quarta
onda de COVID
Atualmente, o mundo atravessa a
quarta onda de COVID. Entretanto, com a disponibilidade de vacinas, a oncologia
retomou o ritmo. “A avaliação científica contínua por autoridades médicas e
regulatórias sustenta o uso seguro e eficaz das vacinas COVID-19 em pacientes
oncológicos. No Brasil, o governo anunciou a aplicação de um novo reforço para pacientes
imunossuprimidos -- ou seja, uma quarta dose de vacina para esse público. O
intervalo também será de quatro meses, contados a partir do primeiro reforço.
A especialista
explica que são necessárias ações pragmáticas para lidar com os desafios de tratar
os pacientes oncológicos, garantindo seus direitos, segurança, acesso a
terapias e bem-estar geral. “Um indivíduo com câncer ou com suspeita de câncer,
apenas, deve interromper exames e tratamentos durante o período de recuperação
por COVID, ou na suspeita de COVID, até que se tenha certeza de que não está
com o vírus. Vamos cuidar dessa doença que matou quase três vezes mais pessoas
no mundo do que a COVID em dois anos”,
finaliza.
Fig1.
Estimativa de números de casos em 2020, todos os tipos de cânceres, ambos os
sexos todas as idades
Dados de
incidência de câncer no mundo, para o ano de 2022, segundo a Organização
Mundial da Saúde, de acordo com os Continentes.
Fig2. Estimativa de números de casos em 2020, todos os tipos de cânceres, ambos os sexos todas as idades
Dados de
mortalidade de câncer no mundo, para o ano de 2022, segundo a Organização
Mundial da Saúde, de acordo com os Continentes.
Hospital IGESP
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