IMAGEM: William Chaussê/DC
A tendência de aumento da
inadimplência é um dos motivos que deve levar as grandes instituições
financeiras a fecharem a torneira do crédito
Ao longo deste ano, o
brasileiro deverá ver prazos de financiamento menores, a entrada do crédito
imobiliário mais gorda e o limite do cartão de crédito travado. Esses são
alguns efeitos rapidamente sentidos pelos clientes, com os bancos restringindo
o desembolso de crédito diante de um cenário de juros em dois dígitos e
desaceleração da economia.
Outro efeito que começa a ser
observado na carteira dos grandes bancos é o aumento da inadimplência. Baseado
neste cenário, no mês passado a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban)
disse que o desembolso em empréstimos e financiamentos deverá crescer 6,7%
neste ano, ante uma projeção anterior de 7,3%.
PROJEÇÕES
Os executivos dos maiores
bancos privados confirmam o sinal de alerta. "Não digo tirar o pé, mas a
gente está mais cauteloso", diz o presidente do Bradesco, Octavio de
Lazari Jr.. O banco projeta expansão de 10% a 14% na carteira este ano, nível
menor do que os 18% observados em 2021.
Com a taxa básica de juros
tendendo a superar 12%, Lazari acredita que linhas como financiamento
imobiliário terão menos interessados. O presidente do Bradesco também espera
empresas menos interessadas em tomar empréstimos, pois não vão fazer
investimentos em infraestrutura com o juro nesse nível.
O Itaú Unibanco, maior banco
privado do Brasil, vê o crédito crescendo entre 11,5% e 14,5% este ano no País,
abaixo dos 23% observados em 2021, quando a carteira do banco bateu na marca
inédita de R$ 1 trilhão. "Como a gente teve ano muito forte em 2021, é
natural que haja arrefecimento em 2022, seja pela base de comparação, seja pela
perspectiva macro", disse o presidente do banco, Milton Maluhy Filho,
prevendo um arrefecimento dos empréstimos em todas as carteiras, como a de
financiamento imobiliário, e um aumento da inadimplência.
No Santander, a expectativa é
de um crescimento de até 9% este ano. O banco projeta um possível aumento na
inadimplência - a instituição separou R$ 13,8 bilhões para fazer frente a
possíveis calotes, aumento de 10,3% ante 2021. Sergio Rial, que acaba de deixar
o principal posto executivo do Santander Brasil para assumir a presidência do
conselho, ressalta que a inflação alta, que teve em janeiro a maior taxa para o
mês em 6 anos, é um fator novo que pode afetar o crédito em 2022, pois corrói o
poder de compra da população.
Analista da Ohmresearch,
Carlos Macedo aponta que o desembolso de crédito já está mais fraco, diante do
crescimento rápido da inadimplência, como resultado do fim dos programas do
governo, que injetaram dinheiro na economia, e o vencimento de carteiras de
clientes que foram renegociadas na pandemias. "A onda de adimplência vai
desaparecer", comenta o especialista.
Ele, contudo, não acredita
que os índices ficarão fora de controle e lembra que os bancos brasileiros
estão bem provisionados.
Fonte: Estadão Conteúdo
Agência de notícias do
jornal O Estado de S.Paulo
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