Estiagem da primavera agrava o olho seco que atinge 24% dos brasileiros com ceratocone.
Os olhos de quem usa lente de contato sofrem com a estiagem e poluição típicas da primavera. Quem tem ceratocone, doença degenerativa que afina e deforma a córnea, lente externa do olho, sofre mais. Isso porque, um levantamento realizado pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier nos prontuários de 315 portadores da doença, mostra que 24% convivem com a síndrome do olho seco, o dobro do restante da população.
O médico afirma que os
sintomas do olho seco são coceira, ardência, irritação, visão embaçada que piora no final do dia e
dificuldade para trabalhar no computador. A mulher tem o dobro de olho seco que
o homem e conforme envelhecemos a lubrificação dos olhos também pode
diminuir. Neste período do ano, é a
principal causa de consultas oftalmológicas por conta da maior evaporação da
lágrima que é formada por água, gordura e muco. Olhos menos lubrificados ficam
vulneráveis à alergia, contaminação por vírus ou bactérias, salienta. O pior,
comenta, é que a maioria das pessoas corrige o ceratocone com lente de contato.
“Isso porque, conforme a doença evolui, a córnea se torna mais abaulada e o uso
de óculos não proporciona boa correção visual” esclarece. Por isso, quem tem
ceratocone deve tomar muito cuidado para não contrair conjuntivite ou olho
seco.
Prevenção
As dicas de Queiroz Neto para prevenir o olho seco são:
· Incluir na dieta fontes de vitaminas A encontrada nas
frutas e legumes amarelos ou alaranjados, gema de ovo, leite e seus derivados.
· Consumir alimentos ricos em vitamina E: abacate, azeite,
amêndoas, amendoim
· Adicionar à alimentação fontes de ômega 3: semente de
linhaça, peixes gordos e nozes.
· Evitar
carne bovina, carboidratos e gordura.
· Beber bastante água, manter os ambientes livres de poeira e
umidificados com uma vasilha de água.
· Evitar condicionador de ar.
· Não praticar exercícios ao ar livre próximo a vias de muito
movimento.
· No trânsito, manter as janelas do carro fechadas.
Tratamentos
O oftalmologista ressalta que o tratamento do olho seco é feito
com colírio lubrificante, mas não vale usar qualquer um. Primeiro é necessário
passar por um exame para identificar qual camada da lágrima está deficiente.
“Hoje o papel milimetrado sob a pálpebra foi substituído por um equipamento que
permite ao especialista e ao paciente visualizar as camadas da lágrima e sua
recomposição. Em casos mais graves, o médico diz que a melhor terapia é a luz
pulsada para desobstruir as glândulas responsáveis pela produção da camada
oleosa que impede a evaporação da camada aquosa.
Adiando o descarte das lentes
O hábito de coçar os olhos é um importante fator de risco para a
evolução do ceratocone. Por isso, a boa lubrificação é essencial para manter a saúde
ocular e a integridade das lentes. O especialista explica que o ressecamento da
lágrima aumenta a quantidade de poluentes que ficam impregnados nas bordas da
lente e pode antecipar o vencimento. Embora a maioria das pessoas com
ceratocone usem lentes rígidas a falta de cuidado que inclui a eliminação de
depósitos por um especialista pode danificar a lente. Um sinal de vencimento
antes do tempo previsto é sentir desconforto no uso. Pode significar também que
o ceratocone evoluiu e indicar a necessidade de implantar um anel intraestromal
que aplana a córnea. A última alternativa para escapar do transplante é adaptar lentes
esclerais que ficam apoiadas na esclera e são mais confortáveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário