O Fundeb Permanente é a política de financiamento da educação pública do Brasil Créditos: Divulgação |
De acordo com a diretora do Instituto Positivo,
Eliziane Gorniak, o movimento dos ADEs tem ganhado força no Brasil. Atualmente,
cerca de 290 municípios estão organizados neste modelo e trazer um assunto tão
importante para todos os que atuam na área fortalece o trabalho desenvolvido,
cada um na sua região. “Por atuarmos em regime de colaboração, buscamos
aprimorar nosso conhecimento a partir da troca de experiências e vivências. É
isso que este encontro proporciona: compartilhar os desafios e as soluções em
relação ao Fundeb para avançarmos na utilização do recurso público e
melhorarmos a qualidade da educação com equidade”, destaca.
De acordo com Sanches, o Fundeb Permanente é a
política de financiamento da educação pública do Brasil que, para este ano,
trouxe algumas mudanças. “Ele poderá impulsionar ainda mais o desenvolvimento
educacional. Ainda existem muitas dúvidas e o entendimento da utilização do
recurso é fundamental para o bom andamento da gestão”, explica o especialista.
A emenda constitucional 108 tornou o Fundeb
permanente com aumento da complementação de recurso da União de 10% para 23%. O
processo será gradativo, aumentando ano a ano até 2026. A complementação pode
ser feita para estados e municípios que não alcançaram o Valor Aluno Ano Total
(VAAT), per capita calculado com base em todas as receitas da educação, de R$
4.821,99. Este ano, o VAAT repassará R$ 3,2 bilhões, distribuídos em 1.374
municípios, de julho de 2021 a janeiro de 2022. A base de cálculo é o Censo
Escolar do ano anterior.
Outra forma de complementação começa em 2023 para
estados e municípios que melhorarem indicadores educacionais, que inclui
aprendizagem e redução das desigualdades educacionais. Segundo Sanches, outra
mudança importante que se deve observar sobre o Fundeb é que, a partir deste
ano, é preciso aplicar 70% do recurso na remuneração de profissionais da
Educação ou de assistentes sociais e psicólogos que atuam na rede de ensino.
“Até 2020, 60% do recurso era utilizado para folha de pagamento, exclusivamente
para profissionais da educação, agora isso foi ampliado para assistentes
sociais e psicólogos, porém, apenas para aqueles que atuam na educação. É
preciso estar atento na aplicação do recurso”, alerta.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), o recurso do Fundeb pode ser utilizado para: renumeração de
pessoal da educação; formação profissional da educação; construção e manutenção
da escola, do muro para dentro; aquisição de recursos pedagógico, técnico e
tecnológico; aquisição de veículos e transporte escolar da rede municipal; e
levantamento estatístico com foco na educação e realização de atividades meio.
Porém, o recurso não pode ser utilizado para: remuneração de pessoal da
educação municipal em desvio de função ou de outras áreas, assim como formação
para esses profissionais; obras de infraestrutura mesmo que favoreçam as escolas
municipais; programas suplementares de alimentação, assistência
médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras formas de assistência
social; aquisição de veículos e combustível para outras áreas e transporte
escolar para ensino superior; e levantamento estatístico se o foco não for
educação e subvenção a instituição pública ou privada.
“O Fundeb Permanente é uma reforma de gestão que
provoca efeitos nas secretarias e, por isso, precisamos adotar uma nova postura
de gestão para alcançar melhores resultados. Ele traz o desafio do
empoderamento e capacidade técnica do gestor da educação para participar do
planejamento, da execução e da prestação de contas da utilização do recurso do
Fundeb. Minha sugestão é conversar com o contador da prefeitura e o prefeito
para discutir e alinhar o planejamento e utilização dos recursos”, finaliza
Sanches.
Sobre os Arranjos de Desenvolvimento da Educação
(ADEs)
Os Arranjos são um modelo de trabalho em rede, no
qual um grupo de municípios com proximidade geográfica e características
sociais e educacionais semelhantes buscam trocar experiências, planejar e
trabalhar em conjunto - e não mais isoladamente, somando esforços, recursos e
competências para solucionar conjuntamente as dificuldades na área da Educação.
A proposta dos Arranjos foi homologada pelo MEC em 2011, e incluída como uma
opção para o alcance das metas e das estratégias previstas no Plano Nacional de
Educação, aprovado em 2014 (artigo 7º, parágrafo 7º).
O Brasil possui atualmente 13 ADEs, com mais de 414
mil crianças contempladas com as ações desenvolvidas por 225 municípios, que
trabalham nesse modelo de colaboração, e alguns já conquistaram avanços
consistentes que indicam que estão no caminho certo. Outras 11 regiões do país
estão implantando o modelo.
Dedicado a estudar e a difundir a metodologia dos
ADEs no Brasil, o Instituto Positivo é parceiro da Associação dos Municípios da
Região da Grande Florianópolis (Granfpolis), em Santa Catarina, e, em uma
articulação pioneira, lançaram em 2015 o primeiro ADE do Sul do país.
Instituto Positivo
(IP)
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