Estudo publicado na revista Nature, com pesquisadores da Dasa e feito com Inteligência Artificial, chegou a um algoritmo que aponta a quantidade de cálcio nas artérias coronárias sem a necessidade de exames mais complexos
Pesquisadores de um estudo publicado
na revista Nature desenvolveram e validaram um algoritmo que usa modelos de
aprendizagem profunda e inteligência artificial para automatizar a pontuação do
score de cálcio nas artérias coronárias e atuar na predição de potenciais
complicações cardíacas na população, sem a necessidade de exames mais
complexos.
O estudo (aqui, em inglês)
reúne pesquisadores de Stanford, da Universidade de Duke, da Universidade da
Califórnia, da Mayo Clinic e da Dasa – maior rede de saúde integrada do Brasil.
Os dois autores brasileiros pela Dasa – e os únicos da América Latina – são os
radiologistas Marcelo Straus Takahashi e Felipe Kitamura, head do laboratório
de Inteligência Artificial da empresa.
Milhões de pacientes se submetem hoje
a exames de tomografia computadorizada de tórax de rotina todo ano, em especial
em meio à pandemia de Covid-19. Embora não seja realizado para essa finalidade,
o exame demonstra calcificação da artéria, mas essa informação – que prediz
risco de doença arterial coronariana (CAC), que por sua vez é a maior causa de
doença cardiovascular – era desprezada no laudo.
As doenças cardiovasculares (DCVs)
são a principal causa de morte em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) estima que 17,9 milhões de pessoas morreram de doenças cardiovasculares
em 2019, representando 32% de todas as mortes globais. Dessas mortes, 85% foram
causadas por ataque cardíaco e derrame. A doença arterial coronariana é a
manifestação mais comum de doença cardiovascular e causa mais comum de
mortalidade. A doença arterial coronariana ocorre por conta da obstrução dos
vasos, evento que pode ser – como estratégia de prevenção primária – antecipado
por meio de status de cálcio da artéria coronária (CAC).
O estudo multicêntrico internacional
foi publicado na Nature, com dados retrospectivos de 79 pacientes. Os autores
concluem que a adoção deste modelo pode permitir que mais pacientes sejam
beneficiados pelo rastreamento com pontuação de calcificação de cálcio nas
artérias, permitindo assim intervenções preventivas de forma precoce e que
sejam capazes de prevenir o estreitamento das artérias coronárias, que é o
causa a limitação do fluxo sanguíneo para o coração.
Dentre as medidas preventivas estão
mudanças no estilo de vida (parar de fumar e praticar atividade física são as
mais efetivas) e, em alguns casos, pode ser indicado o tratamento com
medicamentos (estatinas e anticoagulantes), angioplastia e cirurgia. A
definição de um score de cálcio atua como um importante preditor de potenciais
complicações coronárias em população de risco, que poderá se beneficiar de um
manejo clínico adequado, baseado nestas informações.
Detalhes do estudo: A tomografia
computadorizada de coronária com CAC mostrou concordância quase perfeita quando
comparada com a pontuação manual convencional feita atualmente. Descobriu-se
também que a ela realiza a tarefa mais rapidamente (o tempo médio para
pontuação CAC automatizada usando uma unidade de processamento gráfico (GPU)
foi 3,5 ± 2,1 s vs. 261 s com a pontuação manual), conforme mostra um ensaio
prospectivo de 55 pacientes. O passo seguinte foi usar os escores de CAC
obtidos das tomografias computadorizadas da coronária com comporta pareada como
um padrão de referência. Os autores realizaram um treinamento de modelo de
aprendizagem profunda com dados internos e uma coorte, de 341 pacientes, do
Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis (MESA) para realizar a pontuação do CAC
em exames de TC de tórax não bloqueadas de rotina.
Resultados: Na identificação de
pacientes com qualquer CAC (ou seja, CAC ≥ 1), a sensibilidade e o valor
preditivo positivo foram altos em todos os conjuntos de dados (intervalos:
80-100% e 87-100%, respectivamente). Para CAC ≥ 100 em TCs de tórax não
bloqueadas de rotina, que é o limite recomendado mais recente para iniciar a
terapia com estatinas, o modelo mostrou sensibilidades de 71-94% e valores
preditivos positivos na faixa de 88-100% em todos os sites.
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