O Lipedema, doença causada pelo acúmulo de gordura nos braços, pernas e quadris, pode acometer cerca de 5 milhões de mulheres no Brasil. Cerca de 10% das mulheres no mundo, segundo dados de uma entidade espanhola, têm a doença e a grande maioria não sabe. Isto se deve à falta de informação e conhecimento. Um estudo brasileiro revelou que a doença é confundida com obesidade em 75% das pacientes. Dr. Kamamoto é pioneiro no tratamento da doença e um dos membros apoiadores da ABRALI (Ass. Bras. de Pacientes com Lipedema) voltada para a descoberta e divulgação de tratamentos. Ele explica as principais diferenças com a obesidade, como identificar, quais os exames indicados para o diagnóstico precoce, os tipos de tratamento, entre outras dicas.
Como
identificar
– As principais características do Lipedema, que possui quatro estágios, são:
dores frequentes nas regiões das pernas, quadril, braços e antebraços, que
ficam mais grossos e desproporcionais em comparação com o restante do corpo, no
tornozelo parece que há um “garrote” e os joelhos perdem o contorno. A mulher
pode apresentar hematomas (ficar roxa) por qualquer movimento mais brusco. Isto
acontece porque a doença provoca reação inflamatória em células de gordura
nestas regiões.
Se eu
tenho canela grossa, tenho Lipedema? – É preciso identificar se a mulher tem
algumas das características da doença para gerar pontos de atenção. Se há perda
de mobilidade, aumento progressivo dessa gordura com o passar dos anos, se há
dor em algumas das regiões-foco e dificuldades em eliminar a gordura mesmo com
dieta e atividade física, é recomendado procurar ajuda médica, pois pode ser
Lipedema. Um dos exames que facilitam o diagnóstico é a ressonância magnética,
em que é possível observar o acúmulo de gordura ao redor dos músculos.
Mais
de cinco mil pessoas por mês procuram por Lipedema no Google. No Brasil, há
poucos médicos especialistas e pouca informação disponível
O médico
cirurgião pós-graduado pela Faculdade de Medicina da USP com 20 anos de
experiência, artigos publicados internacionalmente e capítulos de livros sobre
o Lipedema, dr. Fábio Kamamoto é um dos poucos especialistas no assunto em
todo o Brasil. Lidera a equipe pioneira no tratamento da doença no país e
está desenvolvendo um dos primeiros estudos sobre o Lipedema para identificar o
perfil das brasileiras com a doença.
Tipos de tratamento – Há dois tipos de tratamento para o
Lipedema, o clínico e o cirúrgico. O clínico é composto por dieta
anti-inflamatória (legumes, carnes, sem sódio e glúten ou bebidas alcóolicas); uso
de plataforma vibratória, que diminui o inchaço nas regiões; drenagem
linfática para tirar o excesso de líquido; e, por fim, a técnica de taping,
aplicada por um fisioterapeuta para melhorar o desconforto. Estas
ações amenizam os sintomas, mas não resolvem o problema da gordura nas regiões
dos braços, pernas e quadril, pois não extrai as células doentes. Já o
cirúrgico é feito com Lipoaspiração e é definitiva, uma vez que é removida esta
gordura não volta mais, pois não há multiplicação dessas células. É possível
remover por meio de Lipoaspiração até 7% do peso corpóreo.
Centro especializado em Lipedema será criado para compartilhar conteúdo de credibilidade
Para o
dr. Kamamoto - que está preparando o lançamento de uma clínica especializada no
Lipedema para compartilhar conhecimento técnico de qualidade sobre a doença em
parceria com diferentes especialistas - antes de tratar o Lipedema, é
importante que a mulher melhore sua qualidade de vida, por meio de atividades
físicas regulares, mude hábitos que podem ser nocivos como bebidas alcóolicas,
por exemplo, ter uma perspectiva positiva da vida e uma boa alimentação.
A ABRALI – Associação Brasileira de
Pacientes com Lipedema – foi criada em outubro de 2019 por um grupo de mulheres
portadoras da doença. Voltada para a descoberta e divulgação de
tratamentos, hoje, a Associação, que hoje reúne mais de 300 mulheres, luta não
só para que a doença seja reconhecida pela classe médica, mas em prol de uma
causa maior: para que haja tratamento gratuito do Lipedema no SUS e nos
convênios médicos. Por ser ainda desconhecida e mal diagnosticada, as mulheres que
sofrem com a doença não têm a quem recorrer. A associação, juntamente com
o esforço do dr. Kamamoto, está batalhando pela criação de um Projeto de Lei
para que isto aconteça.
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