Equipamentos utilizados na esterilização de ambientes e superfícies podem causar graves danos aos olhos, mostra estudo.
A pandemia de coronavírus disseminou em várias partes do mundo o uso da
luz ultravioleta C como germicida de ambientes e superfícies, por sua já
conhecida propriedade esterilizante. Não é para menos. Experimento chinês publicado
na American Journal of Infection Control mostra que em 30 segundo de exposição
à luz UVC morre 99,7% de uma cultura de Sars-Cov-2, vírus causador da COVID-19.
Pesquisa
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido
Burnier expor os olhos e a pele a este comprimento de luz é perigoso. Isso
porque, dependendo do tempo de exposição, estes equipamentos podem causar
graves- problemas como edema e outras alterações na retina, ou simplesmente
danos à córnea, lente externa do olho responsável por 60% da nossa capacidade
óptica. Foi o que aconteceu com sete americanos que participaram de um estudo
realizado no Bascom Palmer Eye Institute (Miami). Os pesquisadores afirmaram
que 12 olhos foram atingidos no ambiente de trabalho ou em casa e outros dois
durante tratamento odontológico. Todos os pacientes tiveram conjuntivite,
vermelhidão, aversão a luz, visão embaçada e dor intensa em resposta à
fotoceratite, inflamação na córnea que provocou escamação da camada
superficial. Em uma semana estavam recuperados após usar colírio lubrificante e
antibiótico.
Cuidado com crianças
Queiroz Neto adverte que nem todos têm a mesma sorte. Ele conta que já
atendeu um paciente que apontou uma ponteira laser para o olho e teve um edema
na retina. “O estrago só não foi maior
porque a ponteira emite um feixe de luz que concentra toda sua energia em um só
ponto”, comenta. Na pandemia, com as
crianças em casa, todo cuidado é pouco. Quem optar pela esterilização dos
ambientes para poder recepcionar familiares nas festas de final de ano deve
manter todos os equipamentos fora do alcance dos pequenos, só usar em ambientes
vazios e proteger os olhos com óculos que tenham lentes com filtro.
Usos oftalmológicos
O oftalmologista ressalta que por paradoxo que possa parecer a luz UV-A
de comprimento mais longo, entre 315 e 400 nanômetros, é usada na Oftalmologia
em combinação com riboflavina, vitamina B2, para evitar o transplante de córnea
em pacientes com ceratocone, doença degenerativa da córnea. Já o Excimer laser usado na cirurgia
refrativa para remodelar a córnea e eliminar a miopia emite luz UV-C de 194
nanômetros, salienta. “A diferença é que nas cirurgias o comprimento da luz e o
tempo de exposição sãO0 calculados com precisão para que tenham ação
terapeutica, explica.
Igual ao sol
O médico afirma que lesões na córnea, mais brandas que as sofridas
pelos participantes no estudo americano, são recorrentes durante o verão em
mais da metade da população brasileira. Isso porque, não protegem os olhos do
sol nas atividades ao ar livre ou usam óculos com lentes escuras que fazem mais
mal do que bem, já que escurecem e dilatam a pupila, permitindo que mais
radiação UV penetre nos olhos. Muitos não levam a sério porque o desconforto
desaparece depois de algumas horas longe do sol, mas estão perdendo células que
fazem diferença com o passar dos anos, aumentam a chance de surgir catarata ou
ter degeneração macular, mais causa de cegueira irreparável no mundo. Quem tem
desconforto e vermelhidão nos olhos durante um banho de sol deve trocar os
óculos. Prevenir é melhor que remediar, conclui.
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