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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Combate ao coronavírus com luz UV-C prejudica a visão

Equipamentos utilizados na esterilização de ambientes e superfícies podem causar graves danos aos olhos, mostra estudo.

 

 

A pandemia de coronavírus disseminou em várias partes do mundo o uso da luz ultravioleta C como germicida de ambientes e superfícies, por sua já conhecida propriedade esterilizante. Não é para menos. Experimento chinês publicado na American Journal of Infection Control mostra que em 30 segundo de exposição à luz UVC morre 99,7% de uma cultura de Sars-Cov-2, vírus causador da COVID-19.

 

Pesquisa

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier expor os olhos e a pele a este comprimento de luz é perigoso. Isso porque, dependendo do tempo de exposição, estes equipamentos podem causar graves- problemas como edema e outras alterações na retina, ou simplesmente danos à córnea, lente externa do olho responsável por 60% da nossa capacidade óptica. Foi o que aconteceu com sete americanos que participaram de um estudo realizado no Bascom Palmer Eye Institute (Miami). Os pesquisadores afirmaram que 12 olhos foram atingidos no ambiente de trabalho ou em casa e outros dois durante tratamento odontológico. Todos os pacientes tiveram conjuntivite, vermelhidão, aversão a luz, visão embaçada e dor intensa em resposta à fotoceratite, inflamação na córnea que provocou escamação da camada superficial. Em uma semana estavam recuperados após usar colírio lubrificante e antibiótico.

 

Cuidado com crianças

Queiroz Neto adverte que nem todos têm a mesma sorte. Ele conta que já atendeu um paciente que apontou uma ponteira laser para o olho e teve um edema na retina.  “O estrago só não foi maior porque a ponteira emite um feixe de luz que concentra toda sua energia em um só ponto”, comenta.  Na pandemia, com as crianças em casa, todo cuidado é pouco. Quem optar pela esterilização dos ambientes para poder recepcionar familiares nas festas de final de ano deve manter todos os equipamentos fora do alcance dos pequenos, só usar em ambientes vazios e proteger os olhos com óculos que tenham lentes com filtro.

 

Usos oftalmológicos

O oftalmologista ressalta que por paradoxo que possa parecer a luz UV-A de comprimento mais longo, entre 315 e 400 nanômetros, é usada na Oftalmologia em combinação com riboflavina, vitamina B2, para evitar o transplante de córnea em pacientes com ceratocone, doença degenerativa da córnea.  Já o Excimer laser usado na cirurgia refrativa para remodelar a córnea e eliminar a miopia emite luz UV-C de 194 nanômetros, salienta. “A diferença é que nas cirurgias o comprimento da luz e o tempo de exposição sãO0 calculados com precisão para que tenham ação terapeutica, explica.

 

Igual ao sol

O médico afirma que lesões na córnea, mais brandas que as sofridas pelos participantes no estudo americano, são recorrentes durante o verão em mais da metade da população brasileira. Isso porque, não protegem os olhos do sol nas atividades ao ar livre ou usam óculos com lentes escuras que fazem mais mal do que bem, já que escurecem e dilatam a pupila, permitindo que mais radiação UV penetre nos olhos. Muitos não levam a sério porque o desconforto desaparece depois de algumas horas longe do sol, mas estão perdendo células que fazem diferença com o passar dos anos, aumentam a chance de surgir catarata ou ter degeneração macular, mais causa de cegueira irreparável no mundo. Quem tem desconforto e vermelhidão nos olhos durante um banho de sol deve trocar os óculos. Prevenir é melhor que remediar, conclui.


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