Serão diversas ações on-line realizadas em outubro, que iniciam nesta
terça, dia 6, e que discutem questões do universo feminino
A violência contra a
mulher, acentuada durante o confinamento, é uma das pautas do Movimento UMA. Em abril, quando o
isolamento social imposto pela pandemia completava mais de um mês, a quantidade
de denúncias de violência contra a mulher recebidas no canal 180 cresceu quase
40% em relação ao mesmo período de 2019. As informações são do Ministério da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH).
A ex-modelo e empresária Luiza Brunet sentiu na pele as feridas da
violência, que a acompanham desde pequena, e é uma das presenças confirmadas no
Movimento UMA. Ela foi testemunha de violência doméstica na infância, vítima de
abuso sexual aos 12 e agredida pelo ex-companheiro aos 54 anos. Faz pouco tempo
que resolveu denunciar os episódios. Na visão dela, a violência contra mulheres
é fundamentalmente por gênero. “É por isso que precisamos lutar. Denunciando,
essa questão se manterá viva. Precisamos fortalecer as mulheres a tomarem coragem
e denunciar sempre. Acho fundamental que movimentos como o UMA falem
abertamente disso, que é um problema de grande magnitude no nosso País”,
afirma.
A promotora Gabriela Manssur, idealizadora do Projeto Justiceiras, que
atua no combate de violência doméstica, também participa do evento e destaca
que a violência contra a mulher perpassa uma questão de machismo estruturante.
“Os réus que cometem esse tipo de delito repetem um comportamento que
aprenderam por gerações e gerações, de que a mulher é seu objeto e sua
propriedade. Além da violência em si, a violência de gênero vem ‘justificada’
por anos e anos de reconhecimento do próprio Direito, de que a mulher não era
um sujeito a ser protegido e sequer tinha autonomia de vontade”, ressalta.
Na opinião da líder no Paraná do Projeto Justiceiras, Mariana Bazzo, as
melhores estatísticas de prevenção desse tipo de violência se referem à mudança
de cultura da sociedade, ou seja, envolvem políticas públicas que ultrapassem o
mero punitivismo. “Há uma lacuna também no atendimento especializado às
mulheres e às famílias por meio do sistema único de assistência social e de
saúde, que deveriam receber maior importância, inclusive, no orçamento
específico”.
Claudia Montanha, Tesoureira da Caixa de Assistência dos Advogados do
Paraná, explica ainda que uma das medidas que pode ser aplicada pelo juiz em
caso de violência doméstica é o comparecimento do agressor a programas de
recuperação e de reeducação, além do acompanhamento psicossocial
“Esse atendimento pode ser individual ou por meio de grupos de
apoio, como prevê a legislação Maria da Penha. Ou seja, há uma busca pela
recuperação do agressor. Esses programas são formados por operadores do
direito, psicólogos e profissionais de assistência social”, conta.
A especialista reforça que no Paraná já existem iniciativas que buscam
reabilitar esse agressores, numa ação conjunta do Judiciário com o Ministério
Público. “Em Cianorte, num universo de 600 homens que participaram de programas
de recuperação, apenas quatro reincidiram no cometimento de atos de violência
familiar. Temos cidades onde a reicindência foi zero. Acredito muito nesses
tipo de programa de reabilitação, principalmente porque a participação dos
agressores é obrigatória. Além do resgate do aggressor, é necessário também
investir em ações de prevenção e conscientização contra a violência doméstica,
com adoção de políticas públicas relacionadas com essa temática”, complementa
Claudia.
Movimento UMA começa nesta terça
Na próxima terça, dia 6 de
outubro, inicia a programação do Movimento UMA - Movimento Integrado para o
Empoderamento das Mulheres. A ação, que está sendo cocriada com várias líderes
de grupos das mulheres e comandada pelo MEX Brasil – Espaço Mulheres Executivas
– e Grupo Mulheres do Brasil, é ousada: o objetivo é impactar pelo menos 1
milhão de pessoas, ao longo do mês de outubro de 2020. Todos os eventos serão
on-line para respeitar a medida de isolamento social, em virtude da pandemia da
Covid-19. A programação completa está disponível no hotsite: www.movimentouma.com.br.
O Movimento UMA conta com a
participação ativa de grupos, entidades, organizações e empresas que desejam
atuar no empoderamento feminino e trazer o tema para a agenda da sociedade e,
sobretudo, estimular o desenvolvimento de soluções para os problemas que
permeiam o cotidiano das mulheres. “A união é uma forma de
aproximar as mulheres para participarem, de mãos dadas, nas diversas reflexões
dos dilemas diários enfrentadas pelo público feminino. Os homens, a sociedade,
as empresas também estão sendo convidados a refletirem sobre as diversas causas
e propostas concretas para a resolução das dores que permeiam a vida delas”,
diz Regina Arns, Presidente do MEX Brasil, Diretora da Lapidus Network e também
líder do Núcleo Curitiba do Grupo Mulheres do Brasil, que é idealizadora do
Programa.
Personalidades reconhecidas
no mundo dos negócios e das empresas, no meio artístico e no cenário político
estarão juntos para discutir diversas questões. Já estão confirmados nomes como
Miguel Krigsner (Fundador do Boticário), Janete Vaz (Cofundadora do Grupo
Sabin), Rachel Maia (CEO RM Consulting Consumer Goods), Sandra Pires (jogadora
de voleibol e Medalhista Olímpica), Preta Gil (empresária, cantora e
apresentadora) e Ana Fontes (Fundadora da Rede Mulher Empreendedora).
Programação de 06 a 08 de
outubro
6/10 – 19 horas (Facebook: https://www.facebook.com/movimentoumabr).
O Movimento UMA começa com uma live que vai reunir
Janete Vaz (Cofundadora do
Grupo Sabin), Ricardo Gondo (CEO Renault), Miguel Krigsner (Fundador
Grupo Boticário) e Rachel Maia (uma das CEOs mais influentes dos Brasil e
criadora da Capacita-me, que prepara mulheres para o mercado de trabalho). O
tema da live será “A força das conexões como alavanca da transformação”. A
mediação será feita Regina Arns, idealizadora do Movimento UMA e Presidente do
MEX Brasil e Diretora da Lapidus Network; Silvana Pampu, Gerente de Recursos
Humanos na Renault do Brasil e membro do Comitê Executivo do Movimento UMA;
e Ana Mora Rojas, executiva da Volvo do Brasil.
7/10 – 19 horas
Solange Sobral (EVP CI&T)
e Ju Ferraz (Diretora Executiva da Holding Clube) comandam a live
“Empoderamento feminino 360 graus”. A mediação será feita por Lênia Luz,
fundadora do Empreendedorismo Rosa e líder do Comitê de Empreendedorismo do
Grupo Mulheres do Brasil, núcleo Curitiba; além da líder dessa entidade,
Margaret Groff.
8/10 – 19 horas
Ana Fontes e Luiza Brunet
refletem sobra “A importância do empreendedorismo no enfrentamento à violência
doméstica e familiar contra a Mulher”. Luciana Burko, presidente da Câmara da
Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios de Curitiba (CMEG); e Silmara Montes, Líder do Projeto Justiceiras em
Curitiba e Líder do Comitê de Combate à Violência contra a Mulher do Grupo
Mulheres do Brasil, fazem a mediação.
Sobre o Movimento
UMA
O Movimento UMA é colaborativo e voluntário.
Trata-se de uma iniciativa inédita no Brasil, fruto da parceria entre o setor
público e privado, ativistas e grupos genuinamente engajados nas causas das
mulheres. Surgiu na esteira do Outubro Rosa e o seu objetivo é aproveitar os
holofotes desse movimento global para refletir sobre outras questões que também
são urgentes para o bem-estar do público feminino, que vão além da saúde
física. O
nome do movimento traduz literalmente seu propósito: a união do público
feminino para lutar por diversas causas inerentes à mulher, a soma de todos os
clamores em UMA única voz.
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