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terça-feira, 8 de setembro de 2020

Pandemia diminui transplante de córnea no país


Pesquisa aponta como se livrar da fila de espera que pode durar anos dependendo da região.

 

 

A pandemia de coronavírus estabeleceu um caos na saúde pública. Dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) mostram que no primeiro semestre deste ano o transplante de córnea diminuiu 55% em relação ao mesmo período de 2019.

Caiu de 7,1 mil cirurgias no ano passado para 3,2 mil este ano. Resultado: Em junho a lista de espera já somava 12,2 mil brasileiros aguardando pelo transplante. O problema é que a espera pode durar anos.  Isso porque, a captação está em queda livre por causas das medidas de prevenção contra a COVID-19 e as poucas córneas disponíveis são reservadas para casos de emergência

De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier significa que nunca foi tão importante para os 100 mil brasileiros que têm ceratocone fazer acompanhamento médico periódico. “Isso porque, a doença deforma e afina a córnea, lente externa do olho, respondendo no Brasil por 70% dos transplantes.

 

Diagnóstico tardio

O especialista afirma que o ceratocone tem esta participação na fila do transplante porque metade dos portadores não desconfiam que têm a doença. “Isso acontece porque se no exame de rotina não for realizada a tomografia da córnea, acaba sendo confundido com astigmatismo por ter sintomas semelhantes. Os sinais elencados pelo oftalmologista que indicam a doença são: dificuldade de permanecer em locais bastante iluminados, troca frequente dos óculos, coceira nos olhos visão distorcida e dificuldade repentina de usar o celular ou computador. Assim como acontece com outras doenças oculares, comenta, muitos descobrem o ceratocone em estágio avançado

 

Youtuber

Foi o caso de Raphael Ferreira, que criou um canal no Youtube para dar dicas a outras pessoas com a doença. Ele conta que a córnea dele estava muito fina. Tinha 9 graus de astigmatismo no olho esquerdo por causa do ceratocone. Escapou do transplante fazendo implante de anel intraestromal, terapia que aplana a córnea e melhora a adaptação de lente de contato.” Meu grau baixou para 3. Agora posso usar óculos para corrigir reste grau residual e passo por consulta oftalmológica a cada seis meses. Minha vida mudou com este procedimento. Por isso criei um canal para ajudar outras pessoas com a doença”, conta.

 

Pesquisa

Uma pesquisa realizada por Queiroz Neto com 920 portadores de ceratocone mostra que 294 (32%) implantaram o anel intraestromal para escapar do transplante e 82% tiveram melhora da visão como aconteceu com Ferreira.

O oftalmologista afirma que quando a doença já está em estágio avançado a córnea fica fina e por isso não é possível aplicar o crosslinking, terapia que interrompe a progressão através da associação de riboflavina, vitamina B2, com radiação ultravioleta para aumentar a resistência da córnea. “Neste estudo 405 (44%) dos participantes tinham ceratocone progressivo, e passaram pelo crosslinking. A doença foi interrompida em 84% e quase metade deles também teve melhora da acuidade visual.  A associação do crosslinking e implante de anel  intraestromal leva a uma melhora da visão 25% superior,  conclui.


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