Quadros de
câncer também diminuíram no período, e busca por exames nessa retomada pode
sobrecarregar o sistema de saúde
Um
levantamento do Instituto de Anatomia Patológica da Rede D’Or São
Luiz aponta que os diagnósticos de doenças agudas caíram mais
de 40% nos meses mais críticos da pandemia do novo coronavírus. Chama a atenção
os diagnósticos de emergências cirúrgicas, como a apendicectomia, uma doença de
abdome agudo, cuja queda registrada foi também de 40%, passando de 779
procedimentos em abril e maio de 2019 para 462, no mesmo período, em 2020.
Um segundo
exemplo é a obstrução urinária em pacientes idosos, devido à hiperplasia de
próstata, que tem como opção o tratamento cirúrgico. Estas caíram 75%: de 106
em abril/maio 2019 para 26 no mesmo período em 2020. “O ponto é que essas
doenças e complicações não sumiram. Com a pandemia, as pessoas deixaram de ir
ao pronto atendimento e de realizar exames importantes para a saúde. No caso de
uma doença aguda, isso pode significar a morte", afirma o diretor-médico
do Instituto, Fernando Augusto Soares.
O câncer é
outra doença que passou a ser menos diagnosticada no período. O tipo pele
não-melanoma registrou a maior queda, mais de 80% nesses meses, quando
comparado ao mesmo período de 2019. Tireoide, próstata, rim e endométrio
tiveram impacto entre 60% e 70% nos diagnósticos. “Esses dados nos quadros de
câncer são alarmantes, pois o retardo no diagnóstico pode levar a postergação
do tratamento e impacto no prognóstico”, completa o médico que é o único
brasileiro membro do Standing Committee da Organização Mundial da Saúde (OMS)
para a classificação dos tumores.
Os números
levam em conta os diagnósticos realizados pelas unidades do Instituto de
Anatomia Patológica da Rede D’Or São Luiz, em São Paulo e no Rio de Janeiro. O
conglomerado, do qual o instituto faz parte, é hoje a maior rede de hospitais
privados do país, chegando a realizar mais de 4 milhões de atendimentos
emergenciais por ano.
Além disso,
é importante analisar: o atraso nos diagnósticos pode ainda significar que os
serviços serão subitamente desafiados com muitos pacientes buscando por exames
na retomada das atividades cotidianas e, consequentemente, o tratamento das
doenças. Ou seja, representando uma grande sobrecarga para o sistema de saúde
do país. À exemplo disso, embora a demanda por exames ainda esteja no patamar
de 75% comparada à média usual, já é possível observar o aumento no número de
pacientes voltando a ser atendidos pelo Instituto de Anatomia Patológica. As
unidades de São Paulo e do Rio de Janeiro registraram o dobro de pacientes em
junho, quando se iniciou o processo de reabertura desses mercados, em relação
ao mês de maio.
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