Momento com o médico de
confiança é uma boa oportunidade para tirar dúvidas e investigar sintomas
A consulta de rotina com o pediatra é um
compromisso dos pais desde que o filho nasce. Existe uma preocupação com
o desenvolvimento correto do bebê, que é acompanhado de perto pelo médico em
visitas frequentes ao consultório. De modo geral, a frequência de consultas
deve ser mensal no primeiro ano de vida, trimestral, no segundo e semestral, do
terceiro ao quinto ano. A partir dos seis anos de idade, a consulta no pediatra
passa a ser anual, o que torna a conversa com o médico ainda mais importante,
já que é o principal momento para identificar eventuais problemas. Uma dica
para não deixar de comparecer na consulta é marcar o pediatra próximo ao
aniversário da criança.
O que precisa ser falado para o médico?
Cada criança é única e, por isso, passa por
situações individuais. As mudanças comportamentais devem ser observadas e
expostas no momento da consulta. “É importante que os pais saibam os hábitos
alimentares, frequência de atividade física, funcionamento do intestino,
histórico familiar de doenças, levar sempre a carteirinha de vacinas e observar
se a criança está dormindo bem”, destaca a pediatra Elisabete Caetano, com
especialização pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Médica
Brasileira. Essas perguntas constam na anamnese do pediatra, um roteiro
que ajuda na avaliação da criança.
Outro ponto que deve ser considerado antes da
consulta é a quantidade de vezes que a criança faz xixi e a característica da
urina, ou seja, a rotina miccional. Isso porque, a infecção urinária é muito
comum na infância, apesar de ser habitualmente mais relacionada aos adultos.
Além disso, a enurese noturna, ou seja, a perda involuntária de xixi na cama,
acomete cerca de 15% das crianças com mais de cinco anos de idade.
Mas,
por que falar de xixi durante a consulta com o pediatra?
Por ser um assunto íntimo da criança, muitos
pais evitam falar sobre o tema por vergonha e, principalmente, porque acreditam
ser algo comum e que logo vai passar. Entretanto, trata-se de um problema que
pode ter diversas causas, desde gatilhos emocionais até distúrbios no trato
urinário. A enurese apresenta forte impacto na qualidade de vida da criança,
prejudicando o aprendizado e excluindo-a socialmente, já que a criança deixa de
participar de eventos escolares, por exemplo, e, principalmente, altera
negativamente sua autoestima. Por isso, crianças com cinco anos ou mais,
que ainda fazem xixi na cama frequentemente, precisam ser avaliadas pelo
médico.
Investigando
a enurese no consultório
No
caso da enurese noturna, a consulta com o pediatra pode ser mais proveitosa se
a família registrar hábitos, como quantidade de água ingerida durante o dia e a
periodicidade dos lençóis molhados. O diário das noites secas pode ajudar nessa
tarefa. Aproveite para levar, também, informações como período de transição das
fraldas, antecedentes familiares de enurese noturna, histórico de infecções
urinárias e de constipação intestinal. A especialista listou algumas perguntas
que podem ser feitas pelo pediatra e informações que devem ser levadas em todas
as consultas:
·
A criança tem urgência para ir ao banheiro
durante o dia?
·
A criança molha a calcinha/cueca com
frequência?
·
A criança sente alguma dificuldade para
urinar (dor, ardência, jato fraco)?
·
Durante a noite, quantos episódios por semana
de xixi na cama ela têm?
·
Quantas vezes em uma mesma noite, a criança
urina na cama?
·
A criança deixa de dormir na casa de colegas
ou familiares por conta do xixi na cama?
·
A criança sofre ou já sofreu episódios de bullying
por conta do xixi na cama?
·
A criança já pediu por tratamento médico?
·
Como os pais reagem com a enurese?
·
O xixi na cama muda a rotina da casa?
·
A família já deixou de fazer viagens por
conta do xixi na cama?
·
Há estresse familiar por conta do xixi na
cama?
“Caso tenha dúvidas ou o pediatra não faça
perguntas sobre as características urinárias da criança, é importante não
deixar de falar sobre as eventuais mudanças no comportamento. É necessário
investigar as causas da enurese e iniciar o tratamento mais indicado para
diminuir o impacto negativo na vida da criança e da família”, completa a
pediatra.
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